domingo, 26 de abril de 2009

A BOA ÍNDOLE E A MÁ-FÉ

A morte de Márcio Moreira Alves volta a pôr em discussão a pouca importância de algumas participações políticas na contestação ao “discricionarismo” da ditadura militar, cujo golpe contra as instituições nacional-democráticas foi por ele aplaudido (como o foi pelo “Correio da Manhã”). As atas políticas e as crônicas dos fatos e do próprio deputado-cassado mostram o que realmente aconteceu.
Um herói tem uma causa que o edifica; ela ressalta suas virtudes e ele a engrandece aos olhos de todos. O herói tem uma origem que o ilumina, uma missão que lhe exige sacrifícios e uma dedicação que o eleva acima dos contemporâneos.
A causa da democracia formal não produz heróis. Hoje e nestes tempos não mais. O golpe militar de 1964 ‑ para impor uma ditadura burocrático-militar de classe e um sistema capitalista-monopolista de Estado ‑ mostrou alguns poucos heróis (da causa revolucionária das classes sociais subalternas) que vêm sendo misturados e confundidos com os “resistentes democráticos” e as tantas vítimas da ditadura militar.
Essa má-intenção ideológico-política não pode ser minimizada nesse esforço de “equalização sem princípios”, pois seu intento é glorificar ambigüidades políticas mais do que elogiar pequenas ações desorientadas.
Esse oportunismo político que aproveita a vitimologia para gratificar-se não deve prevalecer. É uma ofensa àqueles que, martirizados, conseqüentes em seu projeto político de classe, deixaram ações exemplares para essa interrupta revolucionarização política do país.