sexta-feira, 31 de outubro de 2008

GIRAMUNDO

O deputado Alexandre Cury, como se fosse fazer mero bota-fora levantino (mas na verdade, além de Seca e Meca, com roteiros no Extremo, Médio e Próximo Orientes); foi a um caravansará em Abu-Dabi, levando séquito de distintos gêneros, em que se destacam o vizir Roberto de Mello e Silva e alguns xarifes. Denominada “a grande viagem ao Oriente”, a excursão orientada pelo deputado Alexandre visitará durante 20 dias e 21 noites os mais famosos príncipes com seus haréns e potentados com seus negócios, podendo advir vantagens para nossas economias em descrédito.
A luzidia comitiva saiu a fazer negócios de alto proveito, pompa e circunstância, causando assombros além da materialização de interesses mercuriais. Uma parte dos compromissos da caravana segue o mesmo itinerário de Marco Pollo, descortinando horizontes, negociando com descendentes de Tamerlão, sucessor de Kublai e Gêngis Khan, e trazendo idéias e criações muito úteis à produção e comércios aqui no Ocidente.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

RESCALDOS ELEITORAIS

Não pensei voltar a comentários depois de ter verrinado condutas do PT degenerado-oportunista-negocista em que se transformou, particularmente no Estado e, exemplarmente, em Curitiba. Todavia, a campanha eleitoral de 2008 exigiu denúncias e acusações ‑ desde à disputa interna, em que uma demagogia proselitista acrescida à transformação de bases eleitorais em conturbérnio indecoroso de chefetes de bairro e cabos eleitorais cooptados se veio constituindo em redutos facciosos em busca de satisfações extrapartidárias; até a subsunção de lideranças petistas acamaradas por caudatários do sistema autoritário das cúpulas regionais e nacionais. Vale dizer, o oportunismo, o carreirismo e o seguidismo cartorialista têm transformado o Partido dos Trabalhadores numa crescente feira de influência autoritária sob condução “superior de classe” e merchandisings pouco explicáveis, com explicitação nas deformadas campanhas Vanhoni até a campanha Gleisi.
Não basta, entretanto, registrar o que todos sabem e desejam ignorar: o PT veio sendo tomado por um estamento de poder nascido eleitoral porém conservado como acoplamento às ações e desdobramentos escandalosos de diirigentes nacionais oportunistas, carreiristas; cúmplices da economia monopolista e do sistema financeiro, traficantes de empreitadas públicas e despachantes de serviços estatais. E vamos chegando a termo ‑ as liças internas como quedas de braço entre “grandes eleitores” que conduzem o rebanho mesclado de “ideológicos” com “ativistas-claques” contra os doutrinários e compromissados com a origem e os pretendidos destinos de um partido dos trabalhadores.
Feita essa preliminar, podemos falar do coroamento formal de toda essa política de oportunistas e falsários: o documento à guisa de prestação eleitoral, onde se esconde o que não se pode mostrar: 1) o desprezo à insegurança social, ainda que no quadro de melhoria relativa de salários, serviços e créditos: insegurança pessoal, familiar de assistência e promoção sociais: centros de convivência-creches, saúde, educação, trabalho, transporte, serviço público e cultura-lazer. A incapacidade de mostrar alguns testemunhais da população se transformou em retórica dispersiva e idiota das chefias de campanha como se os “achados” de algum marquetólogo substituísse a vivência comunitária. Tudo como se os magnos problemas de cada aspecto e setor da vida social se transformassem em frases de efeito; mostrando que o partido nem mais consegue mobilizar os que conhecem nossas realidades e podem propor soluções.
Sem pretender esmiuçar cada perspectiva sociopolitica e política aplicada, destaquemos que a oportunidade tecno-educacional para que crianças, jovens e adultos possam recuperar sua defasagem de conhecimento em capacidade de integração e ação (ensino-cultura-lazer tecnológicos) foi inteiramente ignorada, e como a atividade econômica (capitalista) mais à vista: o turismo, não teve sequer um capítulo de atenção. O transporte de massa com leito em superfície na linha verde, as reformas da educação formal, da saúde familiar e para segurança comunitária ficaram para o atual partido “mais à direita” que a administra contra a população.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

ME EXPLIQUEM!

Antes da atual depressão capitalista eu já não entendia dos mistérios do Estado dominado e dirigido pelo capitalismo. Depois, com a turvação das diretrizes neoliberais do Brasil, juntamente com outros “nacionalismos” com “democratizações” na América Latina, acreditamos que haveria mudanças significativas no aparelho de Estado, que então passaria a agir pelo menos em busca de um equilíbrio entre as classes sociais produtoras: os produtores diretos seriam ressarcidos da “produtividade extraordinária da mais valia” e dos confiscos públicos que tributam as avenças do trabalho mais do que ao capital.
Vimos a crise e a exposição de fraudes especulativas nas finanças reais e virtuais. E, desde aí, o falecido Lord Keynes foi chamado para ostensivamente salvar o capitalismo especulativo com os recursos públicos de Estado (afinal, especular é sua condição essencial de crescimento!), a pretexto de que estariam salvando a nação e seu sistema produtivo e a própria vida das pessoas; e não só os míseros acionistas classe-média do sistema especulativo das bolsas e de outras instituições financeiras.
Que os 7, 8 ou 20 países capitalistas “desenvolvidos” às custas da espoliação do trabalho e da apropriação do Estado “de bem ou mal-estar social” queiram remir seus déficits, “quebras”, perdas e prejuízos tidos na aventura do roubo e do lucro não é motivo de surpresa. Mas que os governos social-democratas ou democrata-sociais subdesenvolvidos entreguem as classes sociais subalternas para que os Guido Mântega‑Henrique Meirelles e seus tecnocratas desfaçam os últimos laços econômico-políticos do resgate sociopolítico do povo brasileiro é muito mais que um abuso e uma afronta.
Além da retórica bravateira de governo no próprio ato de “salvaguardar” os meios e interesses financeiros e especulativos das casas de crédito e de afiançar aos exportadores e às empresas de obras públicas que o espetáculo vai continuar, o que ficou acordado com as classes trabalhadoras e o sistema da produção de alimentos para a mesa nacional? (As garantias sociais do trabalho e da produção?)
Assusta-me que a “causa nacional do governo Lula” tenha um Brasil do capital e não do trabalho e a “causa democrática do petismo lulista” preconize que as instituições servem ao capital, como o “capital serviria a todos nós”. E foi para isso que nos vem convocando a representação democrática dos interesses nacionais?.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

CRÍTICA POLÍTICA

Qualquer pessoa pode, e não precisa autorização de fiscais ideológicos, para criticar políticos e os críticos dos políticos. Se não gostamos, respondemos. Esse é o jogo do diálogo e do bom combate.E se conhecemos alguma má-fé interveniente na luta interna partidária, temos o contrafogo político para usar ou para aglutinar idéias e ações.Quanto a Hora H, é mais um instrumento de uso e descarte do governo e da prefeitura e como tal deva ser analisado: o seu proprietário sempre foi apenas mais um.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

TÃO GRAVE

Confrangido pelas verdades, atormentado pelas incúrias, acometido de culpas, faço um pedido de anistia temporária: não mais perturbarei aqui o discernimento político dos “vigilantes socialistas” e de seu contrapeso, o redivivo “Clube da Lanterna” (“O preço da liberdade é a eterna vigilância!”‑ UDN). Porém antes de ir para um merecido ostracismo, vou re-expor algumas debilidades ‑ pouco entendo de política, sou malformado em filosofia e em ciências sociais; disponho de poucas informações histórico-políticas; sofro de inadimplência sensualista, estética e erótica, às vésperas dos 80 anos. Claro, também, que não estou de cabeça baixa ante os inquisidores.
Enquanto o tribunal revolucionário marxiano avalia este pedido, solicito que todos os comunistas, socialistas, democrata-populares e afins se mobilizem, reúnam e discutam a crise econômico-político brasileira dentro da crise sistêmica do capitalismo globalizado, da qual se foi conhecendo sucessivamente uma penhora imobiliária, um déficit financeiro, um vazio de investimentos produtivos, uma algaravia das bolsas especulativas de valores, uma “quebradeira” de especuladores e credores fraudulentos, mas com a extensão dos danos a toda a população mundial. Para cujo placebo sanitário, a sociedade emergente nos oferece o suicídio (das classes trabalhadoras e dos ingênuos “investidores”), sem a devida correção das relações entre a estrutura produtiva e as condições de vida dos produtores frente ao manipanço “Mercado” e seus gângsteres neoliberais; muitos acoplados ao complexo industrial-militar (EUA) onde se acumulam déficits gigantescos (a serem pagos pelos povos invadidos pela “democratização” militar).
Acredito que o Lula da Silva (não seja o da Selva) não faça do seu “Novo-Proer” e das ensanchas aos exportadores, a par de seu PAC com privatizações, o centro das respostas brasileiras à crise mundial. Ignorante da ciência econômica mas premido pelas responsabilidades sociais, atrevo-me a dizer que, na contracorrente da crise, devemos assegurar produção, sistema de trabalho com maior produção e distribuição de riquezas e consumo social. Se as reformas sociais ‑ como a agrária, urbana, educacional, sanitária, de previdência social, segurança pública e tecnológica, juntamente com a reforma política ‑ não receberem maior cuidado político e dedicação do que o “sistema financeiro e agrário-exportador” merecemos ir aos infernos: naufragar sob as investidas financeiras, as “salvaguardas nos preços” de gêneros e dos serviços sociais e com as transferências de custos e abusos para as classes trabalhadoras. E teremos então “vencido as procelas” com os comandantes no castelo de proa (ou Proer?) e a tripulação miserável comendo biscoitos bolorentos e grãos fermentados.
De assim, pleiteio que os republicanos não se submetam aos publicanos, que os democratas-populares rejeitem demagogos e populistas, que os socialistas recusem a liberal-democracia e que os comunistas lavem os pés com água quente e sal. Contudo mandem um recado ao Luiz Inácio Lula da Silva: Não é hora de discurso; é hora enfim de reformas.

CONFICTIO IDEOLOGICUS

Embora apertados pelos desafios a nossa práxis, cujos direcionamentos e soluções positivas são esperados, devemos lembrar os arcanos da dialética materialista: “a aparência é uma forma do ser que nos falta descobrir.” Assim, ao que aparece, também um espíritu inquinatus deve precaver-se de intempestividades: ao se confirmar que a luta de classes é a instância racional do processo político e das eleições censitárias, ainda que os oportunistas queiram justificar-se ardilosos “em lidar com a massa conformada pela ideologia corrente”.
Não é de estranhar que as classes deprimidas (confusas, oprimidas, exploradas, porém alegres convivas na sociedade do espetáculo) submetam-se a quem dá demonstrações de influência social e poder; daí a luta das classes sociais ser atravessada pelo “poder” (porque o “oráculo da esquerda”, o “retórico socialista”, o “intimorato lutador social” está tendo “esse poder” de liderar, organizar, educar e conduzir demonstrando um “poder real” dos trabalhadores? Em que sentido e com que resultados?) e esse poder “social” teria algum eixo nitidamente focado, com meios de ação coletivos e lideranças confiáveis pelo processo organizativo social e pelos caminhos políticos?
Nós, extratos alienados da classe burguesa e periféricos políticos às classes mais oprimidas e exploradas, estamos tentando fazer o quê? A quem servimos quando nos investimos no papel tutelar aos necessitados? À conquista do “poder de representação política das massas” (censo-eleitoral), em alguma promoção social das próprias lideranças sociais pré-existentes dentre a massa; ou a alguma “revolução político-social” na dinâmica de uma sociedade capitalista ‑ cujo centro econômico-político é a inelutável expansão do lucro, diretamente ou através de “ajustes progressistas” na produção e situação das classes sociais dependentes?
Nascido parte e umbilacalmente ligado às classes trabalhadoras, o PT foi cambiando ao sabor de sua “elite trabalhista” (artesanal, sindical, jurisprudencial-trabalhista, magisterial e “ativista do meio social”) até confirmar-se um estamento político “pequeno e médio-burguês” a serviço, em primeiro lugar do quê? Do “movimento sindical” e sua advocacia trabalhista, das ações sociais públicas, das ongs-“sic’, das empresas prestadoras à administração pública, dos fundos da previdência? Assessores do camarada Carlos Slin, das empresas de transporte coletivo, do pró-lixo, da educação, da saúde, da gestão do meio ambiente(?), para o Cecílio-Carvalhinho-Anibal-Alexandre-Derosso Cury, para os grupos de educação, saúde, segurança, ou para o Daniel Dantas?
Todavia, não adianta agora fulanizar culpados de desídias nem os que enricaram como rufião de luxo dos trabalhadores e do “pessoal da esquerda” se não tivermos consciência de que atitudes e posições de classe (que criaram essas variantes sob o nome de andrismo, anholismo, estiquismo ou...) de qualquer “afiliamento” dito ideológico de grupos que misturam sua ascensão social com os interesses da luta de massas. E, ademais, por que e como acusar quem fez ou faz algum trabalho de arregimentação mesmo ao seu modo (desde com direção clara social) quando também tem que “salvaguardar o seu grupo” (que “não deveria ser uma facção!”) dessa degenerescência que se vem revelando “poderosa” nas disputas de chefia partidária?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

CARTADA FINAL

Fui desafiado e desfeiteado por alguém que se chama “Dr. Jocker”: “Você não percebeu, sociólogo do planalto? Gleisy com 30% seria candidata ao governo; com. menos de 20% terá que disputar o Senado. Com quem? Em dobradinha regional-nacional com Roberto Requião; enquanto Lula tentará “convencer” o Jorge Samek (íntimo de Requião e indisposto a deixar a boca livre, é claro) a disputar o governo do Estado.
Continua a provocação: “E o Beto Richa disputará o governo estadual apoiando Osmar Dias e mais alguém... não importa quem será o par... E então você viu o jogo encerrado, quando o baralho ainda está sendo carteado ?” Então, a partir daí minhas dúvidas passaram a ser também sobre palavras: “sociólogo ou geniozinho? As cartas estão sendo embaralhadas, ou o baralho está sendo carteado”?
Ele me estoca mais fundo: “Até o Alexandre Cury e o mano “passa contêiner” Eduardo, que não são lá essas cabeças de pensadores políticos, já compreenderam que “a divisão das eleições municipais era necessária para restabelecer a unidade impositiva e impostergável da eleição governamental-presidencial”. Você não havia sacado essa? E você ficou atirando flechinhas sobre um “acordo Beto Richa-Bebeto Requião, e o Carlos Moreira terá agora outra alternativa do que disputar deputado federal? Quem sabe, no mesmo espaço de disputa do Eduardo Requião, que vai perder a boca do pedágio?”
E acrescenta: “Veja mais, são muitas derrotas do PMDB sim, porém, quem mais perdeu: André Vargas em Londrina, Rosinha‑Tadeu Venéri em Curitiba. E Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Guarapuava... por aí, o melé não foi geral? Quem poderá reconstruir esse eleitorado em candidaturas majoritárias? Adivinhou?”
Gostaria muito de saber quem é esse “Dr. Jocker” (não revelo minhas suspeitas fabianas) porém naufrago relutante às provocações e acicates da esperteza. O que me revelou possível não foram apenas “esses fatos reais”, mas “os fatos” é que serão sempre duvidosos. O de que não se pode duvidar é da sinuosidade política e das evidentes ações oportunistas. Até especialmente quando parecerem proceder da Estrebaria de Áugias situada no poder político.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

As principais cidades-sede microrregionais (Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Umuarama, Cruzeiro do Oeste, Araucária, Guarapuava, Paranavaí, Toledo, Cornélio Procópio, Paranaguá, São José dos Pinhais, Arapongas, União da Vitória...) têm o colégio eleitoral decisivo para as eleições majoritárias. O desempeno partidário nas eleições de 2008 aponta, no aspecto geral, as forças de apoio e sustentação dos possíveis candidatos ao Senado Federal e ao governo do Estado.
Assim, pelo que se viu, Curitiba e sua Região Metropolitana, Londrina, Maringá, Cascavel e suas microrregiões, se não criaram uma impossibilidade eleitoral para todo o PMDB, mostraram revés acachapante e de difícil retorno no nível de sua liderança estadual. Ainda mais que o descozimento da nova aliança nacional PT-PMDB chegou aqui à fragmentação total sob a batuta do requionismo confrontado ao andreísmo-bernardismo. Então, todos os cálculos que se basearem na relação partido + lideranças (e “autoridade-emblemática”) deverão colher os estilhaços político-ideológicos e verificar da possibilidade de reajuntá-los e até de ampliar sua base sociopolítica.
Muita verdade é que a derrota não foi do Requião e do Lula (por seus sátrapas regionais) e sim da caótica linha político-eleitoral dos partidos aliados a Lula e dos comissionados do governo Roberto-Eduardo-Maurício de Mello e Silva; e essa linha política é conseqüência de um “esquerdismo” reivindicativo, oportunista e a-ético encantado com o alcance ao poder, de que “as patrulhas necroideólogas” são a fanfarra eleitoral na internet e na Boca Maldita de Curitiba.
De minha parte, não me dou por compensado nem satisfeito, apesar do que possam assoalhar os “políticos velhos de guerra”. Todavia temos de reconhecer as desídias, vacilações e oportunismos dos “socialistas” de carteirinha e o tédio pequeno-burguês (não grande!) e o comodismo (como meu caso?) dos “teóricos sem classe nem base social”.
Apesar dessas faltas e mazelas, sempre me dispus a estudar, analisar, discutir, debater e avaliar as relações sociais de classe em relação ao poder dos estamentos políticos e suas formas de dominação. Sei que essas questões são abominadas pela idiotia dos carteiraços ideológicos com que se justificam os caciques partidários. Ainda assim, a luta continua (mais para expurgar o carreirismo e o oportunismo nas esquerdas do que demonizar nossos adversários de idéias e programas).