sábado, 31 de janeiro de 2009

TOMA-LÁ DÁ-CÁ

Até os leigos como eu sabem que a grande crise capitalista-alerta de depressão econômico-social exigia medidas político-econômicas racionais e claras dos governos: 1)sustentar o sistema produtivo, garantindo ativos, provisão de matérias-primas, giro de capital, acesso a mercados com circulação dos bens de produção, 2) manter recursos energéticos, empregos e consumo, e 3) aprofundar reformas econômicas, sociais e políticas democrático-nacionais. Todavia, usando os bens e recursos públicos, com a mediação das instituições financeiras tornadas agentes públicos, as oligarquias e seus governos “livres”, “abertos” e “democráticos” decidiram compensar os prejuízos da especulação financeira e dos riscos de capital “além mercado”, injetando bilhões de dólares na recuperação de fraudes nos negócios.
Sob o descortínio de que “somos uma economia capitalista-cartelizada” e uma “economia-política globalizada” debaixo de um poder de “coalizão democrática”, o governo da entente Lula (lá e nós aqui) pagou as especulações financeiras de todos os delinquentes sociais, “regenerou” as empresas fraudatárias e consolidou a privatização dos “agentes públicos brasileiros”: Tesouro Nacional, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, e vai completando a privatização dos serviços públicos de infra-estrutura e serviços de comunicação, transporte, energia, saúde, previdência e educação. A festa continua no andar de cima.
Diz Ricardo Antunes (sociologia do trabalho na UNICAMP): ”... o empresariado quer é fazer com que as contas nesse momento de crise sejam jogadas em cima das classes trabalhadoras. Quem deve pagar essa conta é o próprio empresariado e o seu sistema financeiro, pois eles são os agentes partícipes e os responsáveis por essa crise. [...] E a suspensão do contrato de trabalho é a iminência do desemprego completo...”. Arremata: ”Segundo a OIT cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores perderiam em 2009 salários e viveriam em condições de trabalho mais adversas...”.
Daí, as reformas sociais e políticas ficarão à espera da vez das questões “recicladas.” E para quem esperava medida governamental (talvez de redução de 48 para 42 horas-trabalho semanais com possíveis 10% de redução salarial; e para 36 horas-trabalho, com admissão de reduzir até 20% dos salários), como forma de justificar e garantir o apoio financeiro governamental e os descontos fiscais e tributários, e assim manter os empregos, vemos a canalha exultante com a distribuição de dividendos, bônus e prêmios nesta Banana’s Republic. E mais, quando pensávamos que a aristo-escória social dos funcionários públicos graduados teriam um desconto de 10% nos seus “pró-labores” para algum mútuo social, esses proxenetas do setor público estão a inventariar os recursos para novos botins do que é privado exatamente por ser público.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

MORREM AOS MILHÕES

Os sistemas econômicos com seus regimes de classe e força impõem condições dramáticas de vida e trabalho para “os dependentes” (“os de baixo”) -- isso quase todos sabem. Da fome endêmica ao abandono estrutural dos “sem propriedade e sem meios próprios de produção e subsistência” há um itinerário de tragédias pessoais e sociais que garroteiam, mas nem só, os países africanos, asiáticos, árabes, americanos; mas também os “incluídos e assistidos” pelo “capitalismo excelente” ou pelo capitalismo de Estado “emergente”. Dezenas, centenas de milhares; até milhões de “almas” em todo o mundo, aguardam exangues a “inclusão civilizacional” na “grande sociedade democrático-burguesa” ou em alguma sociedade revolucionária “socialista” com capitalismo de Estado; enquanto os fariseus se esgoelam pelos “valores de troca do capitalismo democrático” e se escandalizam com as violências insurrecionais “de uso”, que ao máximo abreviam as existências estatísticas.
Do “darwinismo social” russo, indo-banglaro-paquistanês e chinês antes da sua independência política conhecemo-lhes as autorias aristocrático-feudais em que a morte de milhões se inscrevia em rotinas estatísticas. Após pautaram-se as sucessivas hecatombes nas lutas anticoloniais revolucionárias e processos políticos de reconstrução nacional (com revoluções político-culturais soviética e chinesa a par de seus “expurgos intensos”); e na sanguinária intervenção militar multi-imperialista na União Soviética de 1918-23 seguida das “depurações políticas” stalinistas de 1926-40, elevaram-se os passivos da guerra revolucionária soviética a mais de dois milhões de inocentes pessoas.
Depois da Segunda Guerra o genocídio patrocinado pelos Estados Unidos na Indonésia com o regime Suharto exterminou cerca de um milhão de indonésios; e, na sua esteira, rivalizando com os tirânicos Pol Pot e Idi Amin, John Kennedy-Lyndon Johnson-Richard Nixon praticaram o holocausto de vietnamitas, cambodjanos e laocianos. E, mais recentemente, surgem denúncias de que Gorbashov-Yeltsin-Puttin fizeram uma ocidentalização democrática ortodoxa, extirpando milhão de almas pelo caminho.
Capeando conceitos aleatoriamente difusos: o “sistema democrático” surgiu em oposição ao plutocratismo com suas instituições mercenárias; ou ao aristocratismo (ou elitismo político), dos que têm a fortuna do bolso e do espírito. Desde então, referendos meramente formais elevam argentários e espertos oportunistas ao poder, sob as “regras universais” de consensos da “força social” ou consultas censitárias sobre “nossa servidão voluntária” com garantia de emprego mais justiça prêt-à-porter (desses três “poderes equilibristas”).
“Que em uma democracia sejam os muitos a decidir não transforma esses muitos em uma massa que possa ser considerada globalmente, porque a massa enquanto tal não decide nada” (Norberto Bobbio, “Democracia:Fundamentos”). E assim os esforços entre um “totalitarismo eleitoralista” e um “despotismo censitário” se esgarçam na boca dos idiomatas que aproveitam “os seus valores democráticos”.

sábado, 24 de janeiro de 2009

PRIVADA PÚBLICA

O Forum Social Mundial não é mais aquele? Não sabemos qual a antiforça da crise econômico-política que atacou o “pós-capitalismo” globalizado, e que exige seja esclarecido para os Pobres Diabos que somos nós neste mundo do Grande Deus que é o Wall-Davos.
Enquanto nossa atenção (“nossa”, desculpem os Stalinistas empertigados e Gramscianos recuperados para a “civilização”!) se concentra em possível descompressão política da força de trabalho ‑ paradoxalmente com nova e crescente dependência vital-política nesse breve hiato na dinâmica destrutivo-produtiva do sistema capitalista, em seus desvios da atividade produtiva real ‑ a “entente civilizatória” (desde Wall Street-Davos, passando pelo new-capitalism of State de Bush-Obama,Merkel-Sarcozy-Braun até Henrique Meirelles) não se volta para uma reavaliação econômico-social da falência sistêmica e apenas se empenha em revitalizar com dinheiro público as grandes perdas privadas (a pretexto de que o que “nosso público” pertence ao privado e sem reconhecer que o que é privativo não é público, portanto é uma falsa parceria social).
Os governantes viraram Estatistas e aos olhos desmedidos da “elite democrática” (de esquerda e direita) Estadistas, ou gente que em vez de “boas coisas em nome do Pai faz más causas em nome do Estado”, e não apenas assumiram a doutrina de Lord Keynes de que “O Estado somos nós capitalistas” e não “essa escória social sem herdade nem bens”, como jogam a pá-de-cal no túmulo da Walfare State cultivada pelo social-trabalhismo.
Olhe-se para a cara lavada da esquerda acadêmica; daí para a da esquerda sindical. Não estão atônitas, apenas deficitárias em demagogia. Logo qualquer ideodogmático cantará uma toada sobre o imperialismo, convocando adolescentes e reumosos para “o grande combate como vanguarda mundial”. E então você procure aferir as condutas não só da China, do Brasil e da Venezuela, mas especialmente de Francisco de Oliveira e Paul Singer que não posam de estatista, estadista ou imã porém navegam de bateia porém com GPS. Com certeza nem o eu desiludido como os dois vates não estamos sozinhos; mas onde algum forum social mundial? Aquele Fórum Social Mundial que se reúne agora em Belém está sendo tomado pelos “pós”, talvez essa metáfora de “ao pó retornarás”.
De qualquer modo, a multiversidade e a pluralidade cultural e eticopolíticas já não são respostas sequer enfrentamentos à unidade-davosiana-em-possiveis-fragmentações. “De repente”, aquele festejante “pós-político-apolítico” se vê diante de um desafio maior do que o seu absenteísmo de categoria social e posição produtiva. Impõe-se: unidade na diversidade e não a difringente (fenômeno também físico) “diversidade na unidade” ou silepse social.
Em resumo, meu caro Luiz Inácio: negociador no governo ou administrador de Estado capitalista não é Estadista; a não ser que este termo seja expressão doutrinária de um neoliberalismo keynesiano. O Estado para Getúlio Vargas era socialiberal e capitalista mas tentava antecipar uma Walfare State e para isso firmar-se anticolonialista e independente; e para tanto definir espaços próprios para todas as forças sociais no sistema econômico-político.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A BESTA NAZISTA DO APOCALIPSE

Tenho amigos judeus, em cujo “remanso de Abraão” (mesmo que tenham outra fé) encontro convívio e tolerância à minha estimação e assomos de “sabedoria”. Dos íntimos, compareço à casa dos Kuckzynski, esporadicamente vejo os Jugend, e tenho saudades do ativista social Jacó Blum e de minha namorada Anita Galanternik que desceram para depois galgar e permanecer na memória. Com outros tantos sempre tive boas relações de respeito mútuo e feliz coexistência. O nazi-sionismo de Israel nos desafia, insidiosamente.
Feita esta preliminar, lamento dizer que se esse respeito mútuo contempla virtudes morais e valores sociais e de cidadania -- profissionais e civis --, nem sempre se inteiram por falta de cobranças nos débitos de nossas atitudes e condutas. Sabemos, no entanto, que é necessário não estreitar o espaço das idiossincrasias e não vasculhar o viver íntimo dos amigos e conviventes. E talvez isso nos leve a diferenças de expectativas etnoculturais.
O nacionalismo sionista atraiu todas as atenções democráticas, e particularmente social-trabalhistas, para seu projeto de defesa preventiva da etnia judaica contra o holocausto etnopolítico -- este, a seu modo, resultante da realpolityk capitalista-imperialista-anexacionista germânica (lebensraun ou fome de terras) com seu ideário de expansão-exploração-opressão das classes trabalhadoras de seu próprio país, mas especialmente das regiões européias conquistadas. Isso com o fito de reorganizar toda aquela sociedade de classes sob a égide doutrinária do etnocracismo (ou governo dos eleitos, da “raça melhor”, dos mais fortes porque inspirados em sua “missão secular”). Agora, o nazi-sionismo trai aqueles que dizia defender e os expõe à condição de conquistar, como usurpadores nacional-socialistas (nazistas), terrenos e territórios ocupados por palestinos; impondo à região uma política colonialista de usurpação e anexação territorial, recolocando os judeus (todos os judeus e não só a canalha sionista dos facínoras Ben Gurion, Golda Meir, Ytzchak Rabin, Shimon Peres, Menachen Begin, Ytzchak Shamir, Benjamin Netanyahu, Ariel Sharon, Ehud Barak, Ehud Ohmer, etc.) como causa nos efeitos do preconceito anti-semita que recrudesce e se entremeia aos “fundamentalismos” etnopolíticos -- islamismo e judaísmo radicais entre eles.
A mistura explosiva dos fundamentalismos -- judaístas, hinduístas, islâmicos, ortodoxos, cristãos (nestes, particularmente do lumpensinato cultural-social: puritanos, testemunhais, renovados, evangélicos, assembleístas, batistas e carismáticos da fé, etc.) -- com o nacionalismo armado (ou o nacional-socialismo tipo alemão, italiano ou sionista) resulta numa “política realista” ou realpolityk na esteira do Apocalipse, ou em sua antecipada hecatombe: O holocausto palestino às armas da horda nazi-sionista de Israel é a infâmia humana da vez.
Recebo informações e correspondências que confirmam: dos “semitas”, os judeus em geral não são os responsáveis pelos pogroms e razias sionistas na Palestina, porém os cidadãos de Israel estão tendo que enfrentar diariamente o poder nazi-sionista, seus sócios capitalistas e a escória humana dos abutres de Javé que se imitem no poder da terra e do céu, das idéias e da política, saqueando tudo em nome de Jeová e sua “tradição”. “The Guardian” publica um rol de 40 professores e cientistas judeus da Inglaterra, exigindo medidas do governo inglês de boicote ao regime sionista de apartheid na Palestina e posicionamento oficial contra o militarismo-colonialista do Estado nazi-sionista israelense.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"CABEÇA FEITA" PELO PODER

Ao seu lado, disputando com você um torneio de inteligência e cultura (que você não sabe bem o que e por que) está um dejeto palavroso a passar suas “informações de cocheira” e a expender considerações sobre qualquer assunto em pauta. Observe-o atentamente: não é um figurante nerd alheado de compromissos sociais e responsabilidades civis, é o profissional-cinzeiro que, mesmo sem fumar, acorre a inalar as baforadas do chefe e oferecer boceta para as baganas; tudo ao preço da corte: ser convidado aos desacatos-desabafos da chefia e agir como escoteiro sênior no clube de serviço; tanto faz, pois ele é um dublê de cena no poder ou na rua. Papel carbono de um lado, papa-moscas de outro.
Essa coisa pegajosa luta angustiosamente por ser reconhecido importante: ‑ à boca-larga para que o recomendem os superiores, à boca-murcha com a acidez crítica dos indomados quando o assunto lhe faculta aparentar “independência”; e com a bocarra-estrídula na presunção esponjosa ‑.Na verdade ele não tem outro compromisso que não seja puxar saco fingindo espírito livre e crítico. Grosso ou fino, está bem ao lado.
Entrementes, os críticos da política e os juízes da ética sempre atribuíram maiores responsabilidades sociopolíticas às pessoas de melhor formação educacional e cultural, comparados aos incultos e desavisados da ciência; porquanto a ignorância e a ingenuidade são consideradas atenuantes dos erros em face da sociedade e da lei; porém não essa obsequiosa e deprimente má-fé do sabujismo-carreirismo.
O encosto do poder é a gangue dos consócios “políticos”, mas o seu principal suporte são os subservientes. Não a massa, os pobres diabos da “servidão voluntária” sujeita à subalternidade para lograr a sobrevivência, e sim o sorriso atento e obsequioso do oportunista-carreirista ‑ cuja opinião é “politicamente ajustada, mais que correta”; ora na boca-surdina das eventuais ressalvas para exibir “independência”; depois quebrado-da-boca a demonstrar medo de censura superior e a seguir com a boca-repique a expor como xérox a sua formatação estereotipada e disponibilidade “delivery”. Enfim, a sociabilidade indistinta nos cobra o preço da interlocução com estes Merds ‑ que não têm a ingênua aplicação dos Nerds nem a sua dependência tecnológico-expressiva com alienação civil e falta de caráter interativo.
Entrementes, o pragmatismo adicto à sobrevivência, o oportunismo colado ao individualismo e a racionalização dos ajustes pessoais ao poder econômico-político vêm desfigurando a luta de classes e exaltando a disputa de poder social e político. Essas antinomias se colocam como “base ético-política” dos Merds a contratar suas posições e atitudes no dispensário das relações sociais.
De assim, a história da inteligência aponta convergências entre o modelo do ativista social crítico e os profissionais técnicos e cientistas, numa curva ascendente de responsabilidade política que vai desde a base social a seus modelos; e sempre proporcional aos níveis de entendimento e consciência de classe no seu modo de existência. Os nerds e os merds “correm por fora”, os primeiros como “esquecidos da política” comum; os outros como praticantes da servidão ao poder mas com suposta “inteligência feita” (pelo mando).
Fuja de quem não tem compromissos sociais; abomine os carreiristas como despreze os dogmáticos de quaisquer doutrinas. Pergunte sempre: qual é sua posição? E qual o compromisso que tem com o problema de que fala?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

TERROR E TERRORISMO NO LEVANTE

(Já com mais de um lustro de existência, retomo, corrigida, esta resposta que dei a um artigo do engenheiro-empresário Moisés Storch a suas explicações sionistas do conflito judeu-palestino. Por acreditar que “sábios” e burros terão proveito, eis:)
Sob o título A Satanização dos Estados Unidos e de Israel e a Manipulação do Sofrimento Palestino, o sionista Moisés (Moiche) Storch está difundindo suas explicações sobre a situação no Oriente Médio a partir do “fato político da existência do Estado de Israel” e da política imperialista e neocolonialista de apoio e sustentação desse Estado capitaneada pelos Estados Unidos da América.
Começa o texto dizendo que “A solução do conflito está em grande parte numa conscientização do povo palestino que tem sido vítima, mais do que do sionismo, de uma manipulação de seu sofrimento por regimes autoritários e retrógrados árabes”. “Grande parte” da solução ou do interesse de expansão sionista?
O destaque acima começa por usar imprecisões como “em grande parte”, sem dizer o tamanho da parte, e “tem sido vítima, mais do que do sionismo, de uma manipulação de seu sofrimento por regimes autoritários e retrógrados árabes”, o que é em pequena parte verdade, mesmo que a ação sionista colonialista no Oriente Médio seja a causa e tenha agravado a posição e situação do povo herdeiro nacional da terra, os palestinos. Ele porém não consegue distinguir esses fatos.
Todavia, mesmo ao reconhecer a causa sionista na aflição e revolta não só palestina, como também na dos povos vizinhos, árabes e muçulmanos, minimiza-a, atribuindo suas dimensões à propaganda dos “regimes autoritários e retrógrados árabes”. E então sub-repticiamente insere nas “razões” de sua causa o confronto entre o Estado “libertário e progressista” de Israel e os Estados “retrógrados” árabes e muçulmanos da região”. Fecha-se assim uma idéia liminar de que existe intérmino conflito civilização X barbárie; cultura judaico-cristã X fundamentalismos religiosos e primitivos à contemporaneidade; e uma dinâmica capitalista-“neoliberal” X sistemas estatais extrativistas-mercantis de regimes autocráticos e assentados na produção primária.
[Nada mais falso do que meias-verdades, particularmente se as alegadas verdades não são suficientemente caracterizadas por suas circunstâncias, seu entorno e em sua dinâmica política. As razões norte-americanas para apoiar seu protetorado colonialista-sionista são evidentes, pois se trata do controle estratégico do Oriente Médio. Porém as razões soviéticas de Josef Stalin e Andrei Gromyko, além do fato de se desembaraçarem do incômodo bund “radical” judaico, foram estupidamente social-imperialistas: “para a superação dos colonialismos britânico e francês na região” e a “imposição de uma vanguarda modernizadora (progressista?) corroendo o sistema feudal e despótico de países árabes vizinhos”.]
Moiche Storch, no entanto, nada diz de substancial sobre os valores efetivos das diversas culturas além de cooperativas (kibutzin) capitalistas, nem a respeito da substância-base do que denominamos “civilização”. Talvez nem saiba do que está falando, pois que usa um clichê liberal que engloba na organização e na administração econômica o controle dos bens de uso nos de consumo, e desde as transformações científico-tecnológicas às operações da bolsa de valores. Naturalmente, sem esquecer capitais e seus custos especulativos, ter e haver, novas colônias e colonialismo e a posse e administração de forças militares com bilhões de dólares americanos para “a grande aventura judaizante”.
Entrementes, pela dialética de Moiche Storch, meio caminho está andado na sua peregrinação em busca de aprovação a sua versão oportunista e de persuasão dos ignorantes e ingênuos. Basta-lhe mistificar os fatos e deturpar a história. Ele sabe que sua explanação se dirige a estudantes, profissionais liberais, “formadores de opinião” de algumas latitudes e, especialmente, a intelectuais disponíveis às invectivas políticas adornadas de fraseologia “pós-científica”.
Adiante, ainda, capeia uma intervenção discursiva de alguém de seu grupo étnico-político ao referir que “ele rebateu o preconceito anti-sionista, relatando o fato de a criação do Estado de Israel ter sido essencialmente obra de uma maioria de sionistas progressistas imbuídos de ideais humanitários e socialistas, em que citou que o primeiro voto na ONU pela partilha da Palestina entre árabes e judeus, em 1947, foi proferido por Andrei Gromyko, representando a então URSS, o qual, nas palavras do colega, proferiu na ocasião uma das mais perfeitas definições e defesas do ideal sionista.” A URSS de Stalin e Molotov estava, então, mais concentrada nos seus novos protetorados na Europa Oriental do Pós-Guerra, trocando a estabilidade do seu espólio político por “um consenso de criação do Estado judeu” a expensas dos palestinos expulsos da tradição e do próprio território.
A referência a “sionistas progressistas imbuídos de ideais humanitários e socialistas” (tipo Ben Gurion e Golda Meir) não quer dizer absolutamente nada à inteligência dos fatos. Nem nega que esses “ideais humanitários” se limitavam a apelar ao mundo pelos judeus pobres e perseguidos; para, logo, tomar o território palestino, expulsando os habitantes árabes. E que o voto de Stalin e Gromyko na ONU era, como o dos Estados Unidos e da Europa, pretexto de uma “reparação ao sofrimento dos judeus sob o regime nazista” e, ao mesmo tempo, a criação de um Estado “mais progressista e confiável” (a quem?) no Oriente Médio.
Promovia-se uma alardeada “descolonização da Palestina”, sem autonomia dos árabes, dando assim, na realidade, continuidade à política britânica de usurpação e controle da Palestina, agora o colonialismo administrado pelos judeus.
Cinicamente, em seguida, Moiche Stroch pede uma meditação para comprovar-se que “o povo palestino mais se ajusta ao papel de ponta-de-lança do imperialismo e do colonialismo” no Levante. E diz que, “analisando a história do conflito do Oriente Médio fica claro que a população árabe da Palestina, no decorrer de mais de meio século de sua sofrida história, tem sido usada como bucha de canhão para os interesses dos regimes mais autoritários e reacionários árabes, em que uma ideologia pan-arabista ‘tem manipulado seus sistemas de [des] informação e [des] educação' contra a entidade sionista”, etc.
O intelectual sionista, fariseu de uma razão sem causa e de um progresso sem justiça, não se reporta às origens reais do conflito. Golda Meir disse em 24 de agosto de 1921: “Não é aos árabes” [multicentenariamente ocupantes nacionais da região] “que os ingleses escolheram para colonizar a Palestina, senão a nós” [imigrantes orientados pela Agência Judaica a invadir a Palestina] (Mary Syrkin: Golda Meir, Paris, Gallimard, 1966, p. 63). O “Memorandum Churchill”, Livro Branco, de 3 de junho de 1922, declarou: “... se chegou a dizer que a Palestina inteira deve converter-se em alguma coisa tão judaica como a Inglaterra é inglesa. O governo de Sua Majestade considera que tal expectativa não tem fundamentos... Os termos da Declaração [de Lord Balfour] não indicam que a Palestina inteira deva ser convertida em um lar nacional judeu, senão que haveria que fundar um tal “Lar na Palestina”. Não contemplou jamais a possibilidade “do desaparecimento ou da subordinação da população árabe, de sua língua e de suas tradições na Palestina” (Maxime Rodinson: “Israel fato colonial?” Les Temps Modernes).
Nenhuma referência faz Storch ao movimento sionista e sua política de dirigir a imigração maciça de judeus para a Palestina; não diz que, quando começaram a surgir resistências -- até da parte de governos aliados como ingleses e franceses -- ao grande deslocamento de “exilados judeus” para o Levante, foi formada uma corrente clandestina que a partir da década de 30 conduzia anualmente dezenas de milhares deles para “povoar” aquela área. Até atingirem -- às vésperas da aprovação da ONU à idéia de partilha -- uma população de 1.600.000 judeus.
Em 14 de maio de 1948 os judeus proclamaram o “Estado de Israel” e manifestaram sua decisão de reprimir toda tentativa da maioria árabe de se opor à sua criação (como fora sonhado e ainda está sendo plantado). E os atos de agressão contra os habitantes herdeiros da terra não diminuíram, mantendo-se a exibição e a prática de força com a determinação de empurrar os árabes, de afastá-los das “áreas requeridas pela tradição judaica”, obrigando-os a se refugiar nos Estados limítrofes. O Resbollah e o Hamas são a resistência à expansão nazi-sionista.
Moiche não faz nenhuma menção às ações clandestinas, ao movimento em dinheiro e armas para as razias e pogroms da Irgun, Hagannah e Stern visando ao desenvolvimento estratégico da conquista sionista mediante ataques contra a população árabe desarmada; finalizada com a sublevação contra os britânicos -- que pretendiam manter o estatuto de um protetorado sobre duas nacionalidades. Criaram uma “oportunidade histórica” para que a diplomacia sionista lograsse apoio junto aos governos europeus, americano e russo, para confirmar sua conquista de parte substancial da Palestina.
Nessa circunstância da então guerra insurreicional dessa minoria armada principalmente pelos Estados Unidos, os palestinos solicitaram apoio aos Estados árabes para manter a ordem na Palestina, sua vida e seus bens. A turbulência política e as ações militares sionistas ameaçavam efetivamente os países vizinhos, o que os levou a uma reação armada não para “esmagar uma minoria pacífica e indefesa”, mas para proteger os palestinos e conter o agressivo expansionismo judaico. Entretanto, sua ambigüidade e tibieza frente aos governos americano, inglês, francês e, também, soviético tornaram frágil e descoordenada sua reação militar e levaram o caos às frentes de combate.
O brasileiro sionista e ativista intelectual Moisés Storch, membro da organização “Shalom-Salam-Paz” (paz-paz-paz, trilíngue), distribui seus ensinamentos ao mundo sobre a situação palestina, tendo por base o Estado vitorioso de Israel e sua política. E à base de uma realpolitik agressiva mostra “a verdade histórica e política” sobre o que é chamado “Estado enclave de Israel”.
Ele apresenta seus títulos de consultor financeiro, administrador de empresas (FGV) e engenheiro formado pela USP, “militante pacifista” convicto. E com esses créditos quer fazer passar sua ideologia e a versão política sionista para os pobres entes desprovidos de razão que somos nós. Toda essa prosopopéia é adornada de mistificação como uma “compota racional”, “democrática” e “pacifista” e, acima de tudo, um discurso “progressista” que empalma a “causa da civilização”, contra “o atraso”, a “barbárie” e o “caos”. Para isso os judeus sionistas continuam posando de “vítimas da insensatez” e do “terrorismo árabo-islâmico do Hamas”.
Javé disse “Faça-se a luz” e Moiche a fez a sete velas. E os burros, tontos zurram pela "razão histórica’.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A BESTA MONTOU ESCOLA

A esperteza animal de João Pereira Coutinho lhe pregou uma peça, e então ele se dispôs a ludibriar os leitores da Folha de S. Paulo com burrices sofisticadas sobre o massacre de Israel em Gaza. E como ele não explica as trilhas de sua formação profissional e as origens de sua informação político-cultural, as suas diatribes e rematadas besteiras folhetinescas passam por ser conhecimento e ciência política. Porém, como rejeitar a burrice que zurrou aos desprevenidos leitores não seria exemplar, é importante desmascarar a sua má-fé, o que está por trás desse ornejar jornalista, para o que nos falta tempo. Todavia...
Fosse ele pessoa apenas desatenta, eu insistiria que procurasse saber dos limites de Israel fixados pela ONU em 1948 e descobrir a sequência de resoluções da ONU (cuja ações contra Israel têm sido vetadas pelo governo norte-americano), acrescentando-lhes informações sobre os massacres judaicos em Lyda, Ramis, Sabra e Chatylla e outros com o propósito de arrasar vilas palestinas para onde estavam planejadas colônias sionistas; e a anexação de áreas e territórios em Jerusalém e da Cisjordânia e as águas do Rio Jordão, para não citar a anexação de fronteiras a pretexto de segurança de Estado. Se fosse insuficiente, que lesse, entre outros, o historiador judeu Ilan Pappe (então morador em Israel) sobre a política sionista de limpeza étnica (a mesma de Adolf Hitler), confiscando terras palestinas, expulsando os residentes com as tropas da Haganah e Stern; e só “admitindo” parcela de palestinos (hoje minoritária) como cidadã de segunda classe.
Uma coisa são as informações sionistas divulgadas por Israel e Estados Unidos, em que a reação palestina ao terrorismo colonialista dos judeus no Levante é apresentada como “terrorismo islâmico-palestino”; outra são a realpolityk nazista-sionista, a história e os fatos. E como a arrogância dos prebostes não conhece termo, e o zurrar de seus escribas constitui abuso ao silêncio, é imperioso proteger-lhes as vítimas, recomendando estudos.

PS. Animal inteligente é força de expressão, porque o que chamamos inteligência animal não é dialética, reflexiva e crítica. Todavia, a inteligência humana é condicionada por desejos e interesses; ogo, podem animalizar-se ao abandonar o espírito crítico.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

CONCERTO DOS IDIOTAS

Recebi apelo para “abaixo-assinar” a favor da cessação imediata das hostilidades na Faixa de Gaza, por uma iniciativa vinda da “Brett-Salomon‑Avaaz.org”, entidade que se estende por diversos países à procura de espaço para ações de “boa-vontade” e, neste caso, “em busca da paz na Palestina, tanto na ainda livre quanto na ocupada por Israel”.
Surpreendente convite que nivela a usurpação militar e política das terras palestinas por Israel (Jerusalém, o Rio Jordão, Cisjordânia, fronteiras) com a reação patriótica dos palestinos agredidos, enxotados e espoliados. Mais chocante quando, a pretexto de propor-impor a paz e de salvar vidas humanas, nasce de evidente parti pris ao considerar os fatos e resultados da política colonialista israelense como fundamento para um “equilíbrio de forças” nas fronteiras palestinas (e em Gaza) e base para um “acordo do Hamas em cessar fogo” como condição de uma paz subseqüente (?).
A má consciência de judeus dentro e fora de Israel tem levado muitos deles a defender a paz, só que a “lebensraum” anexatória imposta pelo sionismo e titulada no partido Likud, esquecendo até mesmo as fronteiras arbitradas pela ONU em 1947 (e que já significavam privilégio territorial), como parte de uma “justiça salomônica” para a Palestina.
Ingênuos e ignorantes têm acolhido esse tipo de política “não-política” de entidades políticas defensoras de “direitos civis”, “da paz” e “humanitárias” em seus propósitos etnopolíticos, sem prestar-lhes atenção ao móvel e sentido. Neste caso a má-fé é patente, pois a “tarefa mediadora” assumida pela “Brett-Salomon‑Avaaz.org” alicia assinaturas (adesões) para o statu quo colonialista judeu, ademais “com a nobreza” de clamar pela cessação das hostilidades em Gaza, igualando assim responsabilidades políticas e nivelando ações e reações: sob conspurcação de direitos, opressão colonialista e o terrorismo de Estado praticados por Israel. Tudo resquiecat in pace, é o que nos pedem.
Entrementes, apesar do controle norte-americano pró-judaico das notícias de guerra, crescem as manifestações políticas contra o genocídio na Palestina, a par das denúncias à complacência da ONU ante os vetos de Washington ao cumprimento das resoluções sobre as fronteiras de Israel. E sabemos, ainda, o que não esperar de Barak Obama, condicionado na Realpolityk ianque à diplomacia de seus interesses imperialistas.
Apoiado nessa conjura político-militar e em seu noticiário de falsificações e distorções fatuais, o Estado nacional-socialista e enclave sionista-imperialista de Israel se atreve a desafiar decisões e consensos mundiais da consciência crítica dos povos com o seu assumido espólio do holocausto nazista.