quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O NOVO NEOLIBERALISTMO

Não posso deixar esquecido no computador esse texto escrito pelo Marcellino poucos dias antes de ser internado. Reflexão incômoda a alguns e sua preocupação derradeira. Infelizmente!

O novo neoliberalismo
É verdade que “o socialismo” veio sendo depurado primeiro num nacionalismo anticolonialista e depois genericamente anti-imperialista, preferencialmente contra a hegemonia norte-americana, e hoje é uma pastrotcha composta por centro e esquerda acolchoada no proselitismo nacional-populista à Chávez, Morales, Rafael Correa ou até mesmo à Itamar Franco e Lula da Silva. Nenhuma corrente política sustentou no Brasil os estudos marxistas que se constituíram no cerne do pensamento socialista, e o resultado é que venceu o “internacionalismo de mercado” até no petróleo da Petrobrás.
À sua vez, os liberais pró anglo-americanistas vieram fazendo o jogo colonialista, neocolonialista, chegando enfim ao associacionismo subimperialista com o golpe militar de 1964. Nosso sistema estava finalmente casado: “se não podes combater inimigo poderoso, associa-te com ele, pois tens dependências a oferecer” ‑ diziam os canalhas Golbery do Coito e Roberto Campos.
De lá para cá a ideologia política brasileira ficou um sanduíche, em que “no meio está a virtude”, no nacionalismo o discurso e na prática capitalista a inteligência. Até o José Sarney virou herói de duas guerras: uma contra Getúlio, outra contra os impedimentos constitucionais à família.
Perdidos nas idéias, perdidos nas causas, perdidos nas virtudes, os esquerdistas saíram a campo na procura de cargo comissionado no governo ‑ que ninguém é de ferro ‑ e seu alinhamento passou a ser lulista, desprezando o PT do mensalinho e os partidos de jaqueta governista. Naturalmente, porque “esse é o homem”, conforme disse Obama: bem que merecia o terceiro e o quarto mandato...
Como disseram o Gilmar Mendes, o Nelson Jobim, o José Sarney, o José Serra, o Aécio Neves, a Yeda Crusius, Lula e os bancos e lojas especializadas em contrabando, essa é a nossa gente e esse é o sistema que podemos edificar. Pelo menos, o “nacionalismo” nos une contra o sociólogo picareta Fernando-Henrique Collor da Silva.
(Escrito em 31/8/2009)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A CANALHA SE ESPOJA

O povo é bom, mas é interesseiro e ingênuo, para não ser visto como burro. Este apotegma, a sua vez, é primarista, apofântico e cruel, mas a ele somos conduzidos pela atitude de classe e sua presunção de verdade. Essa “verdade” é o pensamento politicamente correto e conforma a ideologia civilizatória com que nos afagam.
Sem uma rigorosa análise de classe, de dentro das lutas sociais e com a responsabilidade de discerni-las do ponto de vista do trabalho, de sua dinâmica produtiva e de sua força inovadora, o discurso ideológico passou a ser o poder artificioso com que se explicam e garantem a hegemonia de classes e a justiça de sua imposição a todos.
(Walmor Marcellino, em 07/9/2009) último texto
Walmor nos deixou em 25/09/2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

CRISE ESTRUTURAL

Mais uma vez o Supremo Tribunal Federal exibe sua comandita. O fementido Gilmar Mendes, maestro de sofismas e chicanas, regeu o inesquecível espetáculo de salvar o “compadre” Palocci e afundar o simples comparsa Jorge Mattoso. Outros cinco “patifes ilustres”, sem pudor nem remorso, capachos do rábula chefe, seguiram as tecnicalidades malandras do presidente do STF e fizeram seu o discurso do cinismo e do acanalhamento. Apenas Carmen Lúcia, Carlos Ayres Britto, Marco Aurélio de Mello, e Celso de Mello fizeram a salvaguarda da honra nacional conspurcada pelos quadrilheiros institucionais.
A Câmara Federal ainda é a mesma que produziu os anôes do orçamento e em que as disputas para quem consegue fatia significativa do bolo nacional e arranja apoio político e lobbies empresariais para ”seu pedaço”, melhor põe seu nome em destaque. Gigantes e anões trabalham febrilmente pelas empresas e suas obras públicas, agora trucadas por Lula no PAC, Não é por acaso que o nobre cavaleiro-ladrão de Minas Gerais foi absolvido pela canalha de iguais em ética e estética.
O Senado, na sua vez, tem sido palco de crimes comuns e institucionais apoiados no concerto dos seus delinqüentes políticos. Às escâncaras: Sarnei e a Mesa do Senado transformaram a instituição em um bordel onde se negociam a concussão, o ócio e o gozo. E, por incrível que pareça, bandoleiros e esquerdistas funambulescos se amontoam no apoio à empreitada como se uma democracia popular tivesse ali sua fonte eleitoral: Sarney é intocável; está acima de julgamentos.
Diante da crise institucional, o que podemos fazer? Exigir o fechamento imediato do Legislativo e do Judiciário? Então nomear Lula pai da pátria? E o Pré-Sal será o distribuidor de rendas do Brasil? Bem... com a esquerda à direita e a direita (econômica) no governo, oremos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

APAGÃO DA INFLUENZA

Assisti constrangido ao debate no Senado sobre crimes e irregularidades praticados pela Mesa da Câmara Alta sob o comando de José Sarney (com antecedentes em Renan Calheiros e outras figuras “de escol”). Sem qualquer pudor, os amorais Wellington Salgado, Fernando Collor de Mello, Epitácio Cafeteira et caterva defenderam a quadrilha de concussionários e atacaram seus opositores Pedro Simon e Cristóvão Buarque
O espetáculo está sob as luzes do Palácio do Planalto e sob a inspiração de Lula, que engendrou uma aliança PT-PMDB que é decisiva para a virtória de Dilma. A ética política da esquerda e da direita será a mesma? José Sarney está acima do bem e do mal ou só a direção do PT afirma isso? Renan Calheiros, Gilmar Mendes, Nelson Jobin, Fernando Collor, Gedel Vieira, José Sarney e Paulo Malluf são a democracia em movimento? Sim! Há uma canalha da esquerda justificando tudo menos o Meirelles e a reforma agrária. Ah!, os eternos radicais oportunistas!..
Os tempos estão bicudos, as teses da esquerda gorda somam com as idéas da direita “compreensiva”, pelo menos com sua estratégia dominante desde a redemocratização. Somos todos democratas, só que ao nosso jeito.
Bem... grande crise político-institucional à parte, soube-se que Lula e seus ministros retiraram do orçamento da Saúde parcela ponderável para ampliara política do “bolsa-família”. Daí seja assustador que a infra-estrutura de saúde esteja tão precária para enfrentar a gripe suína e outras ocorrências, e com a consequente ameaça de “apagão” de UTIs e hospitais, enquanto são negociados acordos eleitorais, pedágios de rodovias, canais de telefonia e toda a Amazônia.
Agora, se Lula e Sarney ganharem, o Brasil perde; e se Lula e Sarney perderem, nós continuaremos perdidos. Esse dilema continuará graças a quem e a quê? À banda de música do “eleitoralismo inteligente”.
Desde já me declaro culpado de ter somente emitido grasnidos contra o peleguismo de esquerda e a voracidade criminosa da direita. Enfim, quem não for politiquista atire a primeira pedra.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

NÚCLEOS POLÍTICOS, CORPORAÇÕES E MOVIMENTOS SOCIAIS

Não por acaso o individualismo burguês que interpenetra a “esquerda” e o movimento social assume um coletivismo “prático” como padrão, onde predomina mais que “o coletivo” o conforto de “formar um conjunto popular contra o inimigo à vista”, e que se transformou em “o grande obstáculo ao avanço social”. Dentre as lideranças intelectuais, desde aí, predominará o grupismo “heróico” com o ”relativismo das alianças conjunturais” contra os “inimigos “expressamente ideológicos”. Sem discernimento da luta de classes e da necessidade de fortalecer atitudes e posições científico-políticas, para uma longa e difícil batalha de formação de lideranças conscientes e de militâncias esclarecidas.
Nossa visão dialética errou na compactuação com um movimento operário-intelectual “de esquerda”, apropriado por uma cúpula oportunista do PT que fez de Lula (não socialista e de ideologia “confusa à esquerda”) a vaca madrinha e um movimento capaz de substituir o antigo trabalhismo e os programas reformistas dos “comunistas”. Todavia, não restavam muitos caminhos claros no caos da “esquerda heroicizada” pela resistência estilhaçada que fizera à ditadura; o desmonte dos intentos socialistas-reformistas ficou no mostruário da anistia de 1979.
Perdão, por voltar a este assunto. Quem não conhece história fica ofuscado pelo presente; ou fará de seu clubismo político a satisfação de todos os dias e a oportunidade de reconhecimento público. Mas, independente de maiores estudos, a grande crise brasileira, social, política e institucional está sendo vista e desvirtuada em Lulismo x Fernandismo, em “partidos da “afirmação nacional” x partidos liberal-conservadores, nesse primarismo nacional-populista. O liberalismo governista Meirelles-Lula, a substituição dos “sem-terra’” pelos aventureiros capitalistas no São Francisco e na Amazônia, as obras e serviços públicos “público-privados”, o petróleo nacional “compartilhado” até no pré-sal; enfim, a farsa do fortalecimento dos serviços públicos de educação, saúde, segurança (que não concentra seus esforços na ação do Estado), e, acima de tudo, as alianças à direita para “manter o necessário”. A lista é muito grande do que faz a nova classe “nem direita nem esquerda” (Só o Obama jura que é “esquerda”).
Sem quadros revolucionários a militância social é cega ‑ os quadros revolucionários são a expressão de qualidade na quantidade de militância. Esse truísmo as pessoas estudiosas da política sabem, até eu, o aprendiz de realidades. Porém, no movimento social, a formação de militantes políticos em coexistência com partidos de experiência histórico-concreta na luta de massas e com o horizonte definido para uma revolução socialista sempre foi o grande desafio, debaixo do dispersionismo, do voluntarismo e espontaneísmo das massas e, de outro lado, o revolucionarismo pequeno-burguês querendo impor-lhes “disciplinas” autoritárias.

ORA, AS IDÉIAS!

Tenho-me dedicado a alertar, criticar e denunciar idéias e práticas assumidas por pessoas e instituições, com as armas da leitura da realidade e alguma experiência histórica. De preferência em correios democráticos compartilhados com setores da intelligentsia, de onde se espera crítica e contracrítica. Todavia...
As comunidades eclesiais de base foram uma das resistências à hierarquia católica e ao golpe de 1964, mas após inteligentemente assumidas pelo bispado e submetidas ideologicamente “à fé”. O movimento sindical metalúrgico foi também doutrinado por essa “terceira via política” e ganhou expansão “autorizada’” da Igreja. E como resistência organizada restante à opressão militar atraiu democratas e resistentes de todas as origens, vindo a constituir o PT. Seu crescimento fora resultado da luta entre conservadores e “progressistas”, em que concorria com os comunistas do prestismo; veja-se, já com “a idéia de democracia-cristã”, ou “terceira via ideológico-política” (ainda não expressa econômico-política”).
Subindo ao pódio político com idéias revolucionarias “porém ajustadas às demandas sociais”, logo a cúpula do PT foi passando à administração dos “self-made-mans”, ou aventureiros e oportunistas da própria ascensão de classe, que se foram amoldando como a “corte de Lula”, a promessa operária de condutor das lutas sociais, políticas e econômicas. Isso todos sabem...
Nossa tolerância com um governo neo-neo-liberal do PT, entretanto, nos trouxe a um impasse político em meio a uma crise mundial. Os coroinhas do lulismo sem princípios se colam aos pelegos sindicais, aos “profissionais realistas” do “liberalismo à gauche” e aos “militantes de residência e prestígio profissional”, e como nerds, fazem o seu panfletarismo “contra os que sejam contra”, torcida organizada e vazia de idéias.
Tudo crescentemente às claras, as novas alianças políticas nos retornam a 1979/86, vésperas da Constituinte de 1988: e inevitavelmente a 1988/94. Como se dispuseram e organizaram os novos partidos e que programas defendiam.... O resto a memória de qualquer um alcança.
Naqueles momentos, compromissos programáticos, políticos e ideológicos evidentes, as lutas por nova sociedade brasileira avançaram em zigue-zag e as esperanças atrás. Porém, cada vez mais foi ficando evidente que o PT se desconstruía, sob os influxos do oportunismo e da corrupção burocrática.
E quando começamos a analisar a crise do PT dentro da crise nacional, dentro da crise mundial, os “escoteiros”, os “coroinhas”, os “missioneiros” os “panfletários” e os tprcedores contorcidos se deliciam a mostrar “sua fé” militante.
Por favor, não me encham com matracas!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

BEM FEITO!

Recebi a segunda intimação para prestar contas como “empreendedor” da peça “Os Idos de Março e os Ódios de Abril”, encenada sob a direção de Paulo Maia e com elenco conhecido. Assim, minhas tentativas de prestar contas através de contador contratado e com experiência setorial resultaram frustas, à falta, talvez, do ajuste pessoal a que aquela Fundação Cultural está por tanto sujeita.
Jamais pretendi, além de teatro sério, coletar recibos fraudulentos, borderôs”inchados” e salários adulterados; não fiz parte dos grupos de interesses que selecionavam peças e atentavam sanidade “empresarial” às “famílias de empreendedores” (grupos que faziam o rodízio familiar dos postulantes aos financiamentos públicos), E, ao contrário, foi-me oferecida a inauguração da Casa Vermelha e retirada a oferta 12 dias antes do espetáculo como um sobejo.
De qualquer modo “contestada” a prestação de contas que fiz, fui intimado a “represtar” documentos assecuratórios das minhas despesas com dois elencos em que a peça se transformou, sendo que os “Idos de Março” sob minha direção e os “Ódios de abril” sob a direção de Paulo Maia. Às vésperas da representação da minha parte concelei-a depois de alguns incidentes com o ator Edson D’Ávila e com sua mulher-dirigente do sindicato dos profissionais de Teatro onde intrigava a corporação.
E assim, incorporei os “Ódios de Abril” como a parte efetiva de um processo geral com o conteúdo essencial da peça que Paulo Maia e um bom elenco transformou num grande espetáculo.
Volta a burocracia intelectual da Fundação Cultural de Curitiba à sua fixação com a seriedade cultural que não alcançou com o “seu empreendedorismo de fachada. E, escolhendo ao alvitre dos honestos e virtuosos dirigentes, procuram justificar a sua ação seletora nas aventuras artísticas.
De uma coisa estou convencido: se eu sabia que aquilo não podia ser sério, por que me fui socorrer de seus recursos para tentar fazer teatro? Não me deixaram e se fiz alguma coisa importante dela não fizeram registro público. Paguei a todos o melhor salário; fiquei mais pobre e devedor numa prestação de contas que a burocracia política exulta em cobrar.
NB. Eles afirmam que eu devo; eu afirmo que me devem seriedade. E quem quiser saber, falem com diretor, técnicos e atores que já se empenharam.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CONFISSÕES LULISTAS

Alienações políticas de lado, esperanças desarrazoadas à parte, sempre tive de reconhecer no companheiro Luiz Inácio Lula da Silva a liderança social formada no duro combate da existência subalterna. Experiência no trato humano + intuição e coragem fizeram dele o ícone político proletário esperado pelos movimentos de massa organizada ‑ vinha preencher o vazio que o agitpropôs do Partido Comunista Brasileiro, na sua retórica revolucionária sem comando revolucionário e sem quadros políticos, espargiu pelas cabeças tontas da intelectualidade e do oportunismo sindical.
A formação do Partido dos Trabalhadores não tornou claro, entretanto, se a malícia da “Igreja de esquerda” por uma “terceira via” política frente ao apoio social conservador da classe média à ditadura militar havia feito suficiente advertência de que “no Ocidente” não haveria lugar para democracias “cristãs” regidas pela força do povo, Exceto tentativas em armas, então já superadas. Os rendidos pelo golpe e desiludidos de “organizações revolucionárias” se renderam: às comunhões pastorais salvacionistas e à agregação de centro-esquerda ora “revolucionária de massas” ora acenando com a “ascensão dos “trabalhadores” pela argúcia da fé,
Compreendemos:Lula não emburreceu; despiu-se da “coroinha”. A luta ideológico-política avançou e os liberais-conservadores aceleraram a corroer as instituições que sempre dominaram com alguma pudicície até o golpe; e agora às escâncaras com a cumplicidade do PT e sua nova classe de executivos. O PT e Lula, sendo sócios ideológicos da “primeira” e da “terceira” vias político-ideológicas tinham que cumprir sua missão: o “capitalismo social”, pequenas reformas capitalistas e o descaramento econômico-político público-privado. O poder político inteligentente sublimado.
Ao final, apascentar o gibão de Gilmar Mendes, ser defensor da corrupção de José Sarney e exaltar Nelson Jobim é demonstrar que vai chegando ao fim aquela ilusão trabalhista de 1980, como coroamento de alguma reorganização política do que restou do trabalhismo e do “revolucionarismo”. Agora vemos, Lula quer salvar a crise não as classes trabalhadoras da crise.
O besteirol que tomou a língua de Lula é a pá de cal da “terceira via proletária”.

O DISCERNIMENTO DAS BESTAS

O que será que Gilmar Mendes acha que seja ideologia? A mente do apedeuta, incapaz de acolher ciência, positividade técnica e objetividade ou os conteúdos de mente conformada pela formação de classe social, seus interesses e fins? Ou, ainda, o conjunto de idéias, demandas e justificações que nos individualizam os desejos e os direitos? O pretensioso aventureiro político, o enxundioso pelego da atividade jurídica, o exibicionista das cavalariças reais berra ao mundo sua constante confusão entre terrorismo e ideologia. Inadvertidamente, é claro, pois sua ideologia jurídico-política, seu convencimento de aproveitar-se do poder e da sabedoria político-jurídica é que, mais do que a capacidade do STF, está sendo julgado pelo Brasil. Ao arremate do coice, o rábula político que se fez advogado, o oportunista que se faz representar na luta pelo Estado de Direito Democrático, Nelson Jobin; o falsificador da redação constituinte de 1988, esse “patife ilustre” que os desvios de Lula levaram a substituir o íntegro Waldyr Pires ‑ para agradar a quadrilha dos mercenários das forças militares ‑; pois essa besta chama de “revanchismo” a reinstauração cabal do Estado de Direito no País, ainda sob a apologia do golpe de Estado de 1964/86. Que essa figura despreziva, sem princípios efetivos, venha a desfigurar a idéia de Estado Social e Democrático de Direito não nos espanta; o que é abusivo é seu infamante discurso, de que não somos capazes de encontrar o futuro que merecemos.
Como reflexo da grande crise sociopolítica, as “altas cortes” da burocracia institucional vem expondo suas origens e conquistas na formação e domínio do Estado-Brasil. Os tribunais superiores mostram a eiva de uma “elite civilizadora” que se sobrepõe ao espírito e às intenções da Constituição de 1988; a “representação político-institucional” das câmaras legislativas se dedicam ao botim de classe, com a idéia de que democracia política é queda de braço entre agentes das propriedades e profissões na afirmação de quem tem contra quem não tem força representativa; e o poder executivo se confirma poder de classe proprietária mas com “renovações democráticas” de novos agentes sociais como “classe emergente” ao poder político: “Os trabalhadores, ao poder”!
De qualquer modo, devemos reconhecer que as duas bestas do apocalipse nos ajudam a reconhecer a enorme crise social, política e institucional à frente. E não nos deixarmos iludir com esse “estágio” das nossas “instituições civilizadoras”, seu capitalismo social e o discurso presidencial da cesta básica e do pré-sal. Denunciemos os “patifes ilustres” e os pelegos políticos e sindicais que lhes dão poder.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

CONFRARIA DOS TRUÕES

Fui intimado por um grupo de estudantes a oferecer respostas à crescente desagregação cultural-política em confronto às informações técnico-científicas que se transformam em vulgatas (“pragmática”?) educacional-culturais. Difícil entender cientificamente, para explicar coerentemente, que sei eu, senão que a pressão de massas e a sua comunicação social estão caminhando em sentido divergente; exatamente porque meios privados de comunicação social não correspondem ao que necessita a sociedade para informar-se.
Preferi fazer uma autocrítica por me terem incluído no rol dos sabidos. E a partir daí usar o senso comum: além da apropriação privada da informação e da hierarquização de sua importância “para venda”, nos interstícios dos grupos, estamentos e classes transparece a hegemonia de poder de classe e suas atividades intelectual e técnica que passam a orientar os interesses gerais, impondo chefias e lideranças alienadas.
Todavia, isso não é tudo: a feroz disputa de domínio político-cultural entre segmentos sociais faz das idéias sociopolíticas e do estilo pessoal das lideranças um especial cenário cultural-político a limitar as atividades de grupo. Chega a ser mais grave ‑ para contra-reptar a alienação social e política ‑ a ação dos grupelhos performáticos “donos do discurso ideológico” com que substituem a realidade social por seus desejos enfeitados de utopias: eles ocupam o cenário e os debates.
Em resumo: não sou a pessoa indicada para responder e não sei realmente o sentido político e ideológico dessas perguntas. Se alguém puder esclarecer como estão funcionando esses pequenos clubes ideológicos de irados alienados, ou tiver a chave do cofrinho do saber, por favor abra-o para nós.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

QUEM LHE VIU A CARA ATURDIDA MAS JÁ NÃO CONSPÍCUA

Assumiu convicção e não mais passar de tolo ao se envolver em julgamentos de caráter mais do que de atitudes e disposições de classe que conformam a política. Aquele varão era afinal José Sarney, decantado institucionalizador do processo de “redemocratização” que vem aos tropeços desde 1988 embaindo as classes subalternas brasileiras.
Aquela cara moldada ao singular é do mais antigo feitor de sesmarias, senhor de terras e poderes mal-havidos desde os primórdios da República dos Terratenientes, em que o estalão militar para garantir-se influência e poder se associou à decadência patrimonialista da aristocracia de segunda classe que dividiu e dilapidou o Brasil pós-colonial.
O biltre, o pilantra, o “patife ilustre” com que o distinguiu a política brasileira de 1936 a 1964 e daquele ano até 1986 tem sido uma “garantia democrática” de que seremos a “herança da terra” e da violência social de classe sob as guardas do liberalismo- conservador; agora em aliança com o “populismo de esquerda” vestido de capitalismo social para todas as as garantias da estabilidade econômico-política.
A cara aturtdida era porque alguém se atrevera a denunciar-lhe a corrupção deslavada no condomínio do Senado da República.: Foi, era, é, responsável pela corrupção institucional das nomeações e concursos irregulares no Senado da República, Como em todas os importantes aliciamentos de corrupção e votos nas cortes superiores do País, do Superior Tribunal de Justiça ao Tribunal Superior Eleitoral e destes ao cerne do poder institucional, o Supremo Tribunal Institucional. Entre eles, a defesa “mercenária” das imputações feitas a Roberto Requião de Mello e Silca, que se deve, ao mínimo, o bejja-mão publico.
Nada acontecerá a José Sarney, Gilmar Mendes, Fernando-Henrique Collor de Melllo, Pedro Mallan e consócios. Afinal, essa é a República em busca do destino dos incluídos e dos trabalhadores organizados sob o novo peleguismo políticos.

POEMÁTICA

Ao inventor do quadrado de quatro pontas
José Luiz Gaspar

Xamãs tupiniquins alvoroçados
‑ cada qual com seu fado ‑
vão denotando como que se faz
‑ um pouco na frente, outro atrás ‑
espetar pelo ramos as rosas
‑ galhofando-as nas glosas ‑
de raspar seu lápis na lousa
‑ para extrair enfim outra coisa.

Apenas um som não faz sentido
seu sentido é que procura o som.
como criança brinca de bandido
enquanto o ególatra tasca seu tom.

Todas palavras gozam à ideofrenia
arritimando-se pelos batecuns,
sempre desiguais como um +um.
O coração despulsa nessa sangria
ensandecido numa feroz dislalia
em que coaxaria refaz sua cultura.
Aí, a bilurribina exsuda acumputura;
a pele triscada, um calor à mente
e no verbo um som intermitente:
Batecum! Batecum, mais um.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SACRIPANTAS E ANÔNIMOS

Quem é o responsável pelas mortes nas estradas brasileiras, que, além de delegar o bem público rodovia ao empresário privado, se omite no controle jurídico-policial dessas vias assassinas? Nem rodovias nem veículos nem passageiros estão sob responsabilidade do Estado? O Poder Executivo se omite e alega que somente as parcerias público-privadas poderão privatizar as graças e desgraças públicas.
Quem ou o que indicou, facilitou e protegeu (a confraria do poder?) servidores do Senado nas operações fraudulentas, que vêm sendo executadas com inteira liberdade. Quem protege latifundiários e grileiros responsáveis por trabalho escravo, por roubo de bens naturais, por irregularidades de localização e funcionamento -- os quais, flagrados em ilícitos e condenados à perda de propriedade, são mantidos pela desídia do governo Lula e seus comissionados --, enquanto jornais, procuradores e políticos desencadeiam campanhas de infâmias contra os postulantes da reforma agrária?
“Patifes ilustres” não são apenas os condôminos da família José Sarney, donos da Sesmaria Maranhão; nem o capo Ronaldo Caiado, médico consócio em grilos (ilegítimos de origem, confirmados na posse e legitimados pelo mando político) e protetor de terras legalizadas pela incúria oficial e pelo compadrio eleitoral. Nem Gilmar Mendes, essa mais abusiva e afrontosa figura institucional brasileira, que deve ser apontado como líder dos malfeitos, um exótico juiz-delinquente a pisotear o que restou de nossas virtudes cívicas.
O que chamamos “democratização” é um processo de aculturação desses privilégios e escândalos -- que vão da apropriação de bens públicos, à posse e autoatribuição de serviços e funções públicas, ao nepotismo deslavado, à concussão associada à corrupção funcional --, e o processo político-eleitoral é a consolidação desses usos e costumes.
Agora mesmo, o Instituto Médico-Legal do Paraná diz que não lhe sobrou uma gota de sangue do deputado Carli para ver se álcool e cocaína o levaram a matar dois jovens com seu automóvel a 190 km/h. O “procedimento legal” foi fazer exame de dosagem nos rapazes mortos ao receberam o impacto. A justificativa estúpida é de que o exame de sangue de um deles (em coma), o deputado, não pode legalmente ser feito para instruir o processo, porém o dos rapazes, pobres e anônimos, a rotina e a lei mandam. O tempora, o mores.
Por último, “a solidariedade oficial ao causador”, por sua condição de deputado, é a demonstração da complacência com crimes e desrespeito aos mortos”.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ESTARRECIMENTOS

Dois Estados teocráticos: Israel e Irã ‑ o primeiro, capitalista-desenvolvido, mas dependente na condição de Estado-enclave norte-americano; o segundo, pré-capitalista no geral, mas com áreas progressistas e avançadas já coordenadas pelo capitalismo de Estado.
A autodeterminação popular-democrática em sua expressão mais nítida não existe em ambos, embora a formalidade eleitoral. Nos dois, as pessoas independentes e/ou laicas (pelo menos como ativistas da liberdade pessoal) constituem minorias subordinadas à realpolityk de seus governos teocráticos, que se apresentam ameaçados por um inimigo “mais ideológico” (com base no ódio étnico-racial, colonialista-anexacionista e com suporte de forças militares supraterritoriais) do que “político” no sentido de clareza quanto a ações, forças e definição com domínio de fronteiras.
As condições de existência são diferentes: o Estado teocrático em Israel, aceito por todos os judeus como fundamento do colonialismo e expansionismo sionista, é base militar-imperialista dos Estados Unidos para o controle político do Oriente Médio e para apropriação das reservas minerais estratégicas da região. O Estado teocrático do Irã foi reinstaurado ideológica e politicamente para alcançar a independência nacional e liquidar o regime aristocrático-colonialista de Rehza Pahlevi imposto pelos Estados Unidos e Inglaterra para a “sua colônia petrolífera”; daí o apoio nacional com que conta.
Nova diferença: a “Grande Israel” apoiada por Washington e por seus asseclas da OTAN é um projeto estatal colonialista-racista que já ocupou territórios além do que lhe fora concedido pela ONU em 1947-48 e transformou os remanescentes histórico-proprietários árabes em mão-de-obra oprimida e semiescrava (como “deveriam ser os árabes” para o “Ocidente”?); ademais, tudo assim se vai apresentando como consolidação de uma política e sua cultura ocidental-cristã no Levante. O Estado teocrático do Irã sustenta persuasão ideológica muçulmana para atingir a exemplar conduta civil, não confia em não-religiosos para as funções de Estado, porém não confisca terras de não-crentes ou de alheios ao impressionismo maometano, que gozam de toda liberdade civil.
Os Estados Unidos e seus comandados na ONU conseguiram há 10 anos anular a caracterização político-ideológica do sionismo como doutrina colonialista-militarista e racial para a formação de um Estado no Levante. E conseguiram porque lhes “é vital” um Estado-enclave, contra as evidências fascistas do governo judaico sobre os povos e nações do Oriente Médio.
Estamos assim, quando aqui no Brasil centenas de judeus sionistas se movimentam, com apoio comprado na imprensa servil aos Estados Unidos, contra os discursos claros e objetivos do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad a respeito do sionismo, de Israel e da política colonialista norte-americana. As mistificações ideológico-políticas do sionismo vão chegando em forma de pressão ao governo Lula. Esperemos: ou mais uma rendição do petismo eleitoral ou a reafirmação de princípios filosófico-políticos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A CORTE E OS NOBRES

Quantos assistiram à troca de doestos entre os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes se sentiram árbitros do insólito. Um episódio “insólito” como raridade e não como rústico e aberrante ‑ infelizmenre ainda inusitado sempre que houver mais em jogo do que opinião e discurso. Sobressaindo-se, a contrapelo do fato, surge alguma acusação subjacente à troca de insultos, a de haver “rusticidade” por falta de “polidez” e “prudência”; a esconder, porém, em cada acusador o cortesão que se confirma um meritocrata de origem, conformação notável e ademais vezeiro no uso de ademanes nas ritualísticas institucionalizadas.
Em verdade, verrinas partiram de Joaquim Barbosa enquanto Gilmar Mendes tentava desviar-se da enodoada imagem pública que lhe está sendo imputada nesta sociedade à procura de modelo democrático jurídico-político.
A conduta civil pública dos ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa de imediato foi distendida: ao presidente do STF por intervenções políticas e jurídicas indevidas ‑ como no “affaire” Daniel Dantas, a Operação Satiagraha, as acusações sem provas da existência de escutas telefônicas. e a formação de entidade e grupo jurídico-dependente de sua tutela privada ‑ enquanto ao ministro (do “baixo clero”?) Joaquim Barbosa pelo destempero com que costuma retrucar desconsiderações no colegiado e pela retórica contundente contra os desafetos; fatos pouco comuns no “aerópago de Minerva”.
Não seja porque a investidura na Suprema Corte deva brunir noviços em cortesãos polidos e afetados e sim porque sua prática corporativa deva aplainar contradições e conflitos ideológicos, de formação e caráter; para que a função precipua de analisar-e-julgar deva ser ponto de equilíbrio de um poder que ao extravasar julgamentos não extravase idiossincrasias e vantagens.
Todavia, além de vontades e personalidades contidas nos ritos e procedimentos tradicionais a ideologia de classe e a ética de compromisso, mais do que de “responsabilidade”, acabará identificando cada membro do colegiado do STF. E então sua representatividade ético-social vai suplantando o brilho da retórica e suas tecnicalidades de valor e proveito.
Têm sido constrangedores os débitos morais e a exótica vassalagem com que os ministros Celso Mello, Vitor Peluso, Menezes Direito et têm encabeçado “a corte ofendida” pela irritabilidade contundente do ministro Joaquim Barbosa. Isso em nome de um “colegiado de iguais”, essas atitudes de vassalagem ao eventual “chefe de poder” ocultam mais do que ressaltam.

ESTRANHOS E PERIGOSOS

Cultura essencialmente ágrafa ou insinuantemente letrada para os efeitos de exibir-se em público ‑ na verdade, só por ter ouvido falar de questões profundas e participado de aulas e comícios, e de fraternizar num clube ideológico-político de auto-apreciação-e-estima ‑ ele é o controverso perfeito idiota que não perdoa o Lula por ser inteligente demais sem diploma e lamenta que Fernando-Henrique Color Cardoso seja cultura das ciências sociais com verniz internacional de falar cinco idiomas. porém não passando de um gangasterzinho barato nas lides capitalistas. Onde você esteja, qualquer que seja o tema, a besta não se avexa de lhe ocupar a paciência com o que leu no noticiário de O Estado de S. Paulo, na Folha de S. Paulo, em “O Globo” e nas revistas Veja e Isto É, ou ouviu algum jornalista comentando questão em entrevista momentosa. O imbecil “prêt-a-porter” da política, à direita ou à esquerda, quer ser notado e nomeado, porque se julga “um seu igual” em preocupação, compromisso e estudo.
1 - Ele é um produtor primário que filosofa: “não cresce uma planta ou um ‘pé-de-pau’ sem que Deus queira” (ou alguém que mande mais); “não se muda metal sem competência e ambiência”, e com apoio na sorte vamos buscando resultados”. O que pensa sempre lhe serviu aos usos e assim leva seu farnel de fatuidadesl. 2 - Ele tem uma profissão conceituada; é “técnico” e reputado sapiente no fazer produtivo para seu circuito de relações sociais interativas; e assim por que o ele ajuíza sobre sociedade e política pode ser tão constrangedor, exceto nele? 3 - Ele tem alguma herança na prática transformadora, da matéria prima em úteis ao mercado; mas desde nunca se sujeitou a aprendiz-técnico nem se entregou à manufatura; para poder manter livre a criatividade, a idéia de produtividade em seu sentido artesanal. Suas opiniões culturais e políticas constituem uma estultice independente e alegre com que se incha de preceitos. 4 - Ele tem uma atividade liberal sacramentada no convencionado “círculo superior” da sociedade civil e na política, porém um universo de interesses inextricados atou-lhe uma presilha ao umbigo com o qual dialoga sua estupidez e vitupera seus dissentimentos. À vista de todos que o invejam de sua prosódia fluente. 5 - Ele é da organização experimentada desse sistema e da produção capitalistas. E não são importantes os fatos que vão sendo vistos e julgados e sim como ele desempenha sua interveniência magistral: como pensa e procede na avaliação do que ocorre para convencer interlocutores, produtores e alvores e propor-lhes práticas produtivas, economicidades alterativas e políticas públicas subsidiárias. Sua palavra impositiva é a articulação dos lugares-comuns com as novas tecnologias virtuais. 6 - Ele é um processador intelectual, um demiúrgo dos acontecimentos que só poderão ir aparecendo necessariamente ressaltados pela significação que lhes empresta sua inteligência. Entrementes, ele reflete sobre a singularidade de sua função social, com o privilégio do seu entendimento e na esplendência de sua iluminação sobre o que lhe toca (sua radiante weltanschaaung!) Sua compreensão é inexcedível e sua valorização soberba.
Qualquer desses filhos das classes em conflito pode ser o cretino que lhe cospe ideologia da “classe privilegiada”, que tem um pensamento “científico-filosófico” peculiar porque “politicamente adequado senão “correto”, na justificação de todos os crimes e iniqüidades. E ele será um dos merdas com que tropeçamos todos os dias nas ruas, casas e repartições; e que lhe dirá algumas “palavras definitivas” sobre qualquer assunto do momento.

domingo, 26 de abril de 2009

A BOA ÍNDOLE E A MÁ-FÉ

A morte de Márcio Moreira Alves volta a pôr em discussão a pouca importância de algumas participações políticas na contestação ao “discricionarismo” da ditadura militar, cujo golpe contra as instituições nacional-democráticas foi por ele aplaudido (como o foi pelo “Correio da Manhã”). As atas políticas e as crônicas dos fatos e do próprio deputado-cassado mostram o que realmente aconteceu.
Um herói tem uma causa que o edifica; ela ressalta suas virtudes e ele a engrandece aos olhos de todos. O herói tem uma origem que o ilumina, uma missão que lhe exige sacrifícios e uma dedicação que o eleva acima dos contemporâneos.
A causa da democracia formal não produz heróis. Hoje e nestes tempos não mais. O golpe militar de 1964 ‑ para impor uma ditadura burocrático-militar de classe e um sistema capitalista-monopolista de Estado ‑ mostrou alguns poucos heróis (da causa revolucionária das classes sociais subalternas) que vêm sendo misturados e confundidos com os “resistentes democráticos” e as tantas vítimas da ditadura militar.
Essa má-intenção ideológico-política não pode ser minimizada nesse esforço de “equalização sem princípios”, pois seu intento é glorificar ambigüidades políticas mais do que elogiar pequenas ações desorientadas.
Esse oportunismo político que aproveita a vitimologia para gratificar-se não deve prevalecer. É uma ofensa àqueles que, martirizados, conseqüentes em seu projeto político de classe, deixaram ações exemplares para essa interrupta revolucionarização política do país.

domingo, 29 de março de 2009

CONSCIÊNCIA E REALIDADE POSITIVA

Devo acentuar que o judiciário brasileiro é o valhacouto de todas as corrupções e deformações da vida pública brasileira, através de sua ponte com o interesse privado? Só porque dele se esperam as soluções pelo que assoma em violência social desconforme à convivência em sociedade, ou por ser um poder inamovível e irremediável? Como explicar?
Em corrupção legislativa somos exatamente iguais ao nosso modelo ‑ os Estados Unidos da América ‑, com a diferença de que o grande império incrustou os lobbies empresariais como assessoria parlamentar e o nosso congresso nacional, pudiciosamente, aceita propinas antes das eleições, durante o mandato e depois de deixá-lo; sempre negando que está comprometido “apenas com a atividade econômica”, e também sem alcançar a transparência cínica dos ruralistas e seu pensamento bovino.
Alguém e alguma teoria traduz o encadeamento dos fatos e seu sentido; isso tanto na mística, como na ciência? Até na necessária interpretação política, em que sua hermenêutica é tarefa que vem sendo delegada ao poder econômico-social.
Um texto de Gilles Delleuze me enevoa a cabeça, no sentido da percepção da nossa realidade política: “... Para nós o intelectual teórico deixou de ser um sujeito, uma consciência representante ou representativa. Aqueles que agem e que lutam deixaram de ser representados, mesmo por um partido, um sindicato, que se arrogariam, por sua vez, o direito de serem a sua consciência. Quem fala e quem age? É sempre uma multiplicidade, mesmo na pessoa que fala ou que age. Somos todos grupúsculos. Já não há representação, há apenas ação, ação de teoria, ação de prática em relações de transição ou de rede”.
No que isso ilustra? Sem que eu lhe atribua mais do que um descortínio psicossocial, nós os remanescentes da pretensa “vanguarda do proletariado” não nos conformamos com o deslocamento dessa hipotética representação política. Somos hoje grupelhos e grupúsculos “bem intencionados ou meramente oportunistas”, porfiando demandas sociais, mas na verdade querendo liderar trabalhadores e massas numa sociedade de classes em difração significativa e com vistas a alguma utopia revolucionária sem objeto real.
Essa dissolução entre nós (os agentes sociais) e as classes, que julgamos representar, não seria parte de um malogro intelectual sob uma multipolaridade de conhecimentos e de situações de vida, que não compreendemos porque neles não estamos efetivamente integrados, por baixo? Ou a “pós-modernidade” da cultura burguesa nos aposentou o presente e seu futuro?

EQUÍVOCOS E TROPEÇOS

Atribuíram-me ser redator de um texto do Carlos nos “Amigos 25 Anos” simplesmente porque ia responder no “O que acontece com Aldo Rebelo”? e desisti. Daí em diante, nas indagações e informações constantes sobre as relações entre aquele militante pecedobista com as forças armadas e conservadoras, estou em lugar indevido.
Quanto à ambiguidade do conteúdo: as forças armadas brasileiras continuam representadas por generais que deram o golpe burocrático-militar fascista contra o País e suas instituições democráticas; caçaram, prenderam e torturaram os resistentes para impor uma ditadura do capitalismo monopolista de Estado a serviço da metrópole, os Estados Unidos, e os seus apadrinhados. E hoje ainda pretendem tutelar o povo brasileiro, afrontando-o com declarações contra o comando político presidencial e de seus ministros, contra as lutas sociais do povo e com discursos como os canalhas que defendem os grileiros (na Serra Raposa do Sol e outras fronteiras) e até se “recordam cadete das Agulhas Negras comandados pelo facínora Médici” para então destituir o povo brasileiro de sua soberania. A não ser na cabeça de sociometras não existem “exceções nas nossas forças armadas”: o comando é a tropa e só a palavra e o discurso explícitos em discordância a essa burocracia fardada é que devem ser registrados e não essa justificativa confusa “não são a totalidade”, “são as minorias que mandam” (Como se a maioria nas classes conservadoras, reacionárias, entreguistas, fascistas não fosse liderada pelos mais hábeis, ágeis e “representativos”).
Ademais, a luta de classes permeia todos os partidos, à direita e à esquerda, nas bases e nas cúpulas. Não por outra dinâmica, o Partido dos Trabalhadores e sua aliança de classes no poder político-administrativo está se esbaldando no que dá: a perda de uma oportunidade histórica de alcançarmos mudanças estruturais no sistema produtivo e na autodeterminação nacional, na democratização econômico-política, no desenvolvimento educacional-científico etc; substituindo tudo isso pelo clientelismo-populismo.; principalmente porque a cúpula dirigente do PT confundiu o desenvolvimento brasileiro com sua ascensão social de classe ao poder econômico-político. Para efeitos de clareza: Date-se, anote-se, registre-se e divulgue-se.

sábado, 28 de março de 2009

CADERNO III

“Nos começos foi por efetivos impulso e determinação essa aventura de fazer e construir, mas depois sempre a resistência à opressão política e à exploração econômica mais que seu mando consolidaram os laços entre as gentes e edificaram valores civilizacionais. Agora, entretanto, as classes em pânico apelam a deuses indiferentes ou logo a armas desesperançadas, porque as idéias também ficaram improducentes”. Peres Marquis: “O Espírito Inquieto”.

DE GRAMSCI A ALLEG E FUCIK
“Lá onde Maquiavel exprime a verdade política autoritária, La Boétie formula a possibilidade de sua vertente libertária.” Michel Onfray: “A Política do Rebelde”
Henri Alleg se transformou em memória revolucionária e, pela obra de Jean-Paul Sartre, num símbolo da Resistência Argelina contra o colonialismo francês; Julius Fucik, ativista político, militante revolucionário e um resistente à invasão colonialista-nazista (Tchecoslováquia), se fez mártir da violência capitalista-imperialista e herói paradigmático com seu Testamento sob a Forca; Antônio Gramsci ‑ sendo digno intelectual orgânico do proletariado, ainda que oriundo, “ou por isso mesmo”, de um “à sinistra” liberalismo progressista (Benedetto Croce e Giovanni Gentile) às vésperas da consolidação da sociedade fascista (porta de acesso à “contemporaneidade” por um capitalismo inebriadamente destrutivo) - militante marxista inteiramente dedicado a seu projeto social, paradigma e mártir do ativismo político, do projeto crítico e prática intelectual; deixou um legado que enriquece nossa humanidade, ou apenas esse criticismo político acadêmico?.
Do paradigma para os seres desta planície de pessoas politicamente ativas, podemos destacar os modelos de conduta que nos engrandecem ou envilecem e são fanais para os integrados nas causas sociais, esclarecendo necessárias ações políticas com exemplos. Os demais figurantes os apontam sinceramente como modelos a serem imitados ou contestados; ou, como o faz blandiciosa e maldosamente o fariseu oportunista, lançam acusações aleatórias exemplificando-as com suas “próprias referências ético-políticas” ‑ para então oferecer-se socialmente e obter dignidades e vantagens nos discursos políticos com exaltações éticas: radicalismo de palavras cevado com oportunismo e impostura cínica.
Todavia esses modeladores políticos foram e são casos concretos, em que o perde-e-ganha da política e dos seus projetos sociais se apresentam como situações a serem resolvidas e a serem também eles julgados como “heróis modelares”, nédios militantes ou vilões pelos participantes-coadjuvantes envolvidos na sua causa; embora também, estranha e farisaicamente, por estranhos à vivência desses processos. Todos somos “heróis desistentes”.
O restante correrá à conta da mera curiosidade, perversão política e até mistificação ética quando “passageiros de agonia” ou espectadores até então anônimos se engrandecerem a assumir papel luminar de críticos ideológicos e juízes das autorias nas ações da história.

REMEMBER LUIZ FRANCISCO

A exação de servidor público, o empenho na função pública, o zelo profissional na atividade oficial são características inerentes à assunção de cargo público, qualquer que seja o poder. Nem a leniência por algum débito familista ou político ou a isenção de responsabilidade como paradoxal privilégio de clã ou láurea poderiam (deveriam) desleixar a exigência do rigoroso cumprimento da lei. Esse mandamento é inarredável.
Todavia, se o serviço público vive de normalidades e rotinas melhor se afirma e exalça seus titulados quando a exação, o empenho e o zelo na atividade ganha foros exemplares para toda a sociedade. Assim, ganha o profissional seu mérito, ganha o serviço público a sua eficácia, e ganha a democracia seu reconhecimento.
O delegado Protógenes Queiroz, com o apoio do superintendente Paulo Lacerda, fez do processo contra Daniel Dantas a otimização da processualística criminal na Polícia Federal, porque significativo do combate ao ilimitado poder financeiro, que, não sendo um poder institucional e democrático, extravasa sua força opressiva às relações sociais na sociedade civil até atingir os mais altos poderes da República; submetendo-os a seus interesses.
Temos experiência de que o servidor público costuma ser ilegal e abusivamente tutelado e, para expor publicamente seu fiel cumprimento de obrigações, deve ressaltar o administrador e/ou político que o tutoriza. Lembramos desde o último lustro de 1980 e toda a década de 1990 o que foi a abnegação de autoridades policiais e do Ministério Público na investigação e processo de suspeitos de ilegalidades funcionais e de criminosos do “colarinho branco”: os nomes dos procuradores Luiz Francisco e Guilherme Shelby não se apagaram ainda, não só pelas destemerosas investigações como pelos contragolpes vindos de dentro dos poderes; e então enquanto muitas denúncias não vingavam e persistiam as tentativas de desmoralização desses agentes do Ministério Público.
Eis que os desafetos de Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda decidiram retaliar. Intentaram e conseguiram desfigurar o processo policial contra Daniel Dantas através da acusação contra os métodos de investigação empregados. Apontadas incorreções processualísticas, a denúncia se desqualifica juridicamente e o patrão Daniel Dantas se salva. Os “patifes ilustres” Gilmar Mendes, Nelson Jobim, Demóstenes Torres, com ajuda da caniçalha no Congresso Nacional e na “imprensa democrática” a serviço da corrupção institucional e do suborno jurídico se empenharam por Daniel Dantas e contra “o governo Lula”. Resultado: Brasil 0 x conspiração antinacional e antidemocrática 1.
Os mentirosos e caluniadores Gilmar Mendes e Demóstenes Torres nunca provaram ter sido grampeados porém a sua falsidade persistiu numa “existência de “grampos ilegais” (de que a opinião pública não foi informada com provas), mas Paulo Lacerda foi defenestrado pelas vacilações de Luiz Inácio Lula da Silva, e foi pichada em Protógenes Queiroz, suspicazmente, a pecha de oportunista e corrupto transferida desde os acusados e seus consócios nas instituições.

DE ONDE PROVÊM?

De algum modo, somos vítimas do “paradoxo da informação ideal”, de que nos advertem os filósofos. Sob os interesses de classe (e caráter), tendemos a assimilar a ideologia sociopolítica que nos convenha; e então “nossos compromissos” objetivos e subjetivos desprezam quaisquer informações negativas, contrárias. Dessa maneira a intelligentsia contemporânea poderá afirmar e reafirmar a substância social da igualdade de direitos econômicos, sociais e políticos e a liberdade política concreta para consegui-los, o “idiota privatista” prosseguirá rejeitando o “interesse público” que não aproveite ao seu arrivismo.
Mesmo a produção destrutiva do capitalismo tem (teria?) uma finalidade que a sustém; e assim o sistema capitalista chegou a esta fase AD 2000, em que seu impulso-intenção produtora se liquefaz (naufraga) estrondosamente; com as pessoas que acreditavam na falácia liberal-produtiva (ainda que avassaladoramente destruindo natureza e comunidades) aturdidas no que se vai comprovando sua ”má-fé” ante a sociedade e a natureza ‑ sempre ameaçadas pela “ousadia” e cupidez imperial. Quanto a nós, reputados “imbecis coletivistas”, éramos a um tempo “ignorantes dos fundamentos dessa excelsa liberdade” como induzidos por uma “falácia patética” (sentimentalismo orientado para uma “humanização absoluta” ou simples “frustração ante as realizações alheias”) no desprezo à “única fonte real de progresso”: o próprio sistema capitalista e sua “lógica política liberal-democrático-representativa”.
Não pretendia aqui falar das “grandes virtudes” que, de uma ou outra forma, atraem e condicionam nossas atitudes e comportamento, e sim reconhecer que se consensuam nelas, por mais de 2.500 anos, aqueles “valores sociais” que a cultura eclética capitalista diz ter trazido à convivência no trabalho e na sociedade: a justiça, a coragem, a fidelidade, a compaixão, o amor, a temperança e a prudência, para apenas exemplificar, e não com o escopo de contrapor ao “malin génie” (má-fé intrínseca) de que padece a pós-modernidade.
Sabemos de onde provêm as idéias corretas ‑ da experiência científica e da teoria crítica que viemos estruturando ‑; porém “o pensamento politicamente correto” é uma convenção do poder econômico-político, uma falácia alienante jogada sobre o vulgo. Então por que a polidez nos leva a admitir o falaço do provisionado intelectual a babar em nossos ouvidos e a nos reciclar a paciência com a contumélia filosófica da burguesia?
Sugiro-lhes: não acalentar as burrices e dogmas de direita ou esquerda, de alienados e interesseiros, quando pretendem replicar ‑ ao modelo Fernando-Henrique Collor Cardoso, Gilmar Perlífero Mendes, Olavo Oh de Carvalho ou Diogo Decúbito Mainardi, assim alcunhados, respectivamente, como pelegos políticos: 1 - canhestro sociólogo neoliberal, 2 - jurisproduto e “patife ilustre”, 3 - filósofo fementido e 4 - pensador reciclado, cotidiano. ‑ ao que as práticas econômica, política e científica confirmam.

E ANTAS E GATOS-DE-BOTAS

Os sabujos continuam a farejar ora o dono ora a caça enquanto os pastores fabulam agrestemente com os palafreneiros que usam dinner-jacket, mascam chicletes com coca-cola; e na cidade os rapazes-de-programa vão exibindo gourmandises, genealogias e QIs, os rábulas exibindo diplomas, os nerds proclamando sabedorias e os escribas, de mãos-pendentes, fazendo crônicas a serviço de El Fancho, e verrinas contra os republicanos. Assim remanescem as cortes e as herdades como se a nobreza estivesse universalizando seus privilégios.
Entrementes, pode-se caracterizar nessa vigência do dia-a-dia o conceito jornalismo “como prática e discurso mercadológico”?:Constituiria uma torção da natureza e da função profissional e seu sentido? Ou essa atividade passou a ser comunicação social armada de interesse em convencer, persuadir-dissuadir em uma petição de princípio de que “feita a notícia ela seja (se transforme em) verdade essencial” a serviço do poder? Então, as calúnias a serviço da usura e seu poder econômico, as difamações contra os inimigos de El Fancho, as homilias em prestígio do patronato e os ataques aos aspirantes à inclusão social como rebelados à meritocracia da pecúnia, isso passou a ser a intelligentsia do jornadismo de serviços, ou jornalismo de “escol”?
A caniçalha profissional dos escribas de aluguer assumiu uma “cláusula de barreira à comunicação social”, para ressaltar as aventuras econômicas e “tarefas cívicas” de sua imprensa alcunhada “democrática” e amortecer as “responsabilidades éticas da comunicação social” para toda a sociedade. Esses escribas foram promovidos de jornalistas a “portavozes-escritores-auditores de luxo”, destinados a fazer o trabalho sujo da “sugestão institucional”, advertência política, prenoção, chantagem, desmoralização com distorção dos fatos e acontecidos, calúnias de procedimentos e interesses com difamação dos inimigos de seu patrão, El Fancho.
Infelizmente, para toda a categoria profissional da informação social, destacam-se como “sucessos de carreira” os fascistas Boris Casoy, Olavo de Carvalho, Arnaldo Jabur, Diogo Mainardi e ainda os pelegos globais William Bonner, William Waack, Alexandre Garcia, Fernando Mitre, Joelmir Beting.
Dos primeiros conhecemos atitude e procedimentos nos temas e debates sob aparência democrática: o filiamento dos conceitos e os repiques à mídia já industriada no servilismo globalizante. Bóris Casoy se ajustou desde auxiliar da ditadura na Faculdade Mackenzie, nas informações secretas da ditadura à “Folha da Tarde” e continua até hoje a sua estipendiada tarefa; Olavo de Carvalho pegou carona entre os imbecis coletivos a serviço de Washington DC.e desde então faz piqueniques “filosóficos” com aspirantes a político e estudantes imbecilizados pelas “páginas amarelas” da revista Veja; Diogo Mainardi está mais pra um logotipo do imbecil latino-americano no espólio de Paulo Frrancis; e Arnaldo Jabur é o Glauber Rocha que não deu certo e desde então despeja seus ressentimentos sobre “as esquerdas” de todas as cidades e continentes. À prima vista, parece simples falha sistêmica do jornalismo nas “democracias em ajuste” mas são na verdade a própria crise de um mercado abjeto e servil da imprensa senil, porém global.

A CANALHA EM CRISE (II)

A crise está em todos nós, mas é a canalha que está realmente em crise ‑ porém, por recarga, joga sobre nossas costas e sobre o (nosso?) Poder Público (o que restou dele no neoliberalismo) o ônus de recuperar o malbarato financeiro de suas usuras e aventuras. Não bastassem a coerção institucional-política desse “modelo democrático”, a pressão jurídico-política com que nos “civiliza”, a dominação e a exploração de classe com que nos apascenta, temos a exclusão social, o desemprego estrutural e “ocasional” e o confisco social para privatizar os bens públicos, com o Erário público financiando os prejuízos de quadrilheiros e ... canalhas. Nós somos CPFs, empregados, clientes e consumidores ou marginais e excluídos, apenas; eles são CPJs, empreendedores, proprietários, empresários ou a aristocracia e sua meritocracia.
Destarte, as revisitas (“Leia e”) “Veja” e “Isto É”, os pasquins “O Estado de S. Paulo”, a “Folha de S. Paulo”, “O Globo”, “Zero Hora”, o jornadismo “Rede Globo”, “Bandeirantes”, “Record” etcoetera, dizem como sente e pensa o Brasil. Replicando os seus “patifes ilustres” Demóstenes Torres, Gilmar Mendes, Vitor Civita +, Nelson Jobim, Júlio Mesquita +, Ronaldo Caiado, Otávio Frias +, Yeda Crusius, João Saad, Marcelo Itagiba, Lili Marinho +, Sérgio Cabral, José Sarney, Aécio Neves +, Fernando Cardoso Collor de Mello, Raul Jungmann, José Serra e seguidores, e “o etcoetera dos partidos aliados no governo Lula”; constituem o suprème dessa entente democrática do século XXI. (Os assinalados com + representam seus mortos!)
É possível que nós, produtores, consumidores, clientes dessa societas sceleris, por razão de classe, por dependência ou formação política não tenhamos mais que adotar um grupo rebelde, um clube performativo ou algum “partido de esquerda” para resilir sem muita dor. Ou rezar com um desses bíblicos ou evangélicos, do Edyr Macedo ao José Carlos Sobrinho, ou, mesmo, com esse fascistóide Bento XVI. Com qualquer dos vigaristas que vendem a parusia celeste nos altifalantes dos botecos pra atrair a escumalha humana.
Pois bem... o neoliberalismo, agora à esquerda ou “populista-nacional”, vai regendo “a governabilidade” enquanto aquele comodato do poder econômico-político assume as instituições públicas para garantir o sistema econômico em sua forma de propriedade, sua nobiliarquia social, o funcionamento do regime jurídico-político e, naturalmente, a insegurança de emprego e seu desemprego inerente, com a exclusão social.
Sendo isso assunto público, por que o público o ignora? Porque a “política necessária e correta” tem um só eixo: as oligarquias e seus interesses privados. E sua gangorra tem em cada ponta: 1) o sistema de propriedade com fomento e garantias público-institucionais e 2) as classes trabalhadoras, sua instabilidade de emprego/desemprego. E como isso é possível? Além do hábito sistêmico, o aumento da coerção social combinada com repressão jurídico-política e o persuasivo discurso sobre “nossa representação democrática” a cargo dos mandatários políticos, da escola e da imprensa. De permeio, os alienantes e alienados que da família, do celular e da atividade profissional disseminam a servidão voluntária.
Não tem sido fácil conclamar a uma resistência popular-trabalhista, uma vez que eles estão infiltrados nos sindicatos e nas comunidades, e a intelectualidade adotou o estupro como inevitabilidade pós-moderna. Apesar, vamos remando.

sábado, 7 de março de 2009

A “CANALHA EM CRISE”

O Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes assumira a expressão “A Canalha em Crise” do seu Teatro Popular, para caracterizar o açodamento corrupto da burguesia em busca de coroar-se partícipe (príncipe) da plutocracia internacional. Estávamos nas conseqüências políticas do pós-guerra 1945/1964 e o conflito entre a canalha capitalista aspirante ao fastígio cosmopolita e as classes trabalhadoras que se organizavam para ocupar a cena política nacional acirrava sua disputa de hegemonia política. Com o Estado, ainda democrático-nacional pela herança do varguismo-liberal-trabalhista, instado pela política conservadora e pressionado pelo estamento burocrático-militar a desnudar sua substância keynesiana de ditadura-domínio dos bens públicos.
Em outras palavras, o Estado com “equilíbrio de classes” chegava ao fim de suas tarefas democrático-populares, já que as classes trabalhadoras e sua intelligentsia não se mostravam capazes, (não exageremos: com as disputas pela hegemonia política nacional), sequer pela continuidade varguista-janguista de avanços democráticos por via das “reformas nacionais de base”. Nem o populismo de Jânio Quadros, com aparências liberal-populares, na esteira do que fora a União Democrática Nacional em algumas inflexões democrático-trabalhistas, foi, então, admitido pela “Canalha em crise” (O “fiel conservador-liberal”, o Partido Social Democrático, já não estava aceitando associar-se à força trabalhista!)
A afirmação do capitalismo monopolista de Estado em 1964 superou o que havia de “crise de crescimento político-econômico” e aquela canalha já sem vacilações e tropeços assumiu sem rebuços o seu papel histórico: Já advertira Karl Marx que o modo produtivo capitalista não conhece limites e seu sistema sociopolítico se manifesta como “Ditadura do capital” ou, embuçadamente, “Ditadura democrática de direito do capitalismo” (competindo a sua intelligentsia e a seus “patifes ilustres” no poder das instituições públicas explicarem como uma “ditadura pode ser despótica ou democrática”)
Abreviando essa história e seu ensaio político: passamos da ditadura burocrático-militar e sua “abertura lenta, gradual e mefítica” e chegamos ao “udenista civilizado” José Sarney herdeiro do “pessedismo progressista” de Tancredo Neves, “modernizado” pelos Fernandos Collor e Henrique de Mello y Cardoso. A que sucederiam “os restauradores dos direitos democrático-populares”: um conventículo do “Partido dos Trabalhadores” como partido-guia dos remanescentes das lutas sociais pré-1964; só que sob condições de um compromisso histórico-nacional imposto pela hegemonia econômico-política caldeada nas “causas do golpe de Estado de 1964”. Esse é o nosso neoliberalismo “mais à esquerda”.
Quando falamos de financiamento público a bancos e empresas (até mesmo o Estado “assumindo ou redistribuindo cotas”), quando “praticamos os sedutores riscos e atividades público/privadas”, entregamos bens públicos para administração privada. E de repente o berro institucional privado/público: Lili Marinho, Otávio Frias fo., João Saiad ou Gilmar Mendes nos advertem de que “reforma agrária” ou outras pra valer são causas vencidas. A canalha está “vivendo na crise” mas não em crise; o mundo e nós é que perdemos a guia.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CANALHOCRACIA

Tu vais e vens mas dentro de limites.Fixados por uma lei que não chega a ser tua.Nós temos em comum a experiência do muro.Eugène Guillevic

Tenho-me esforçado no criticar a aristocracia institucional brasileira ‑ por ela mesma assumida “elite brasileira” ainda que à mão grande ela costume peitar benesses no sistema democrático como decisora de lei e de organização social ‑; faço-o sem ofensas nem apodos. Quando a aponto à apreciação pública por causa de interesses nebulosos costumo caracterizar seus agentes como “patifes ilustres”; por empréstimo que faço do conceito ético-moral do filósofo David Hume (Patifes ilustres são aqueles agentes sociais públicos que decidem e julgam as questões segundo seus interesses privados porém os disfarçam sob artigos de lei, regulamentos e normas; para que não se evidencie a “mão leve” com que se nutrem às custas do público).
Todavia, há fatos que não permitem branduras. O parlamento nacional se tem mostrado sequioso de botim no Erário Público, ora a Câmara ora o Senado avocam verba de compensações-gratificações pelo e para o trabalho de “representar a sociedade brasileira”, da qual, no entanto, representam a “afluência” e não o trabalho e a nacionalidade. Os virtuosos canalhas dos tribunais superiores têm mostrado a cupidez pelos “consensos negociais e políticos” que fariam nossa “civilidade” e “jurisdicionalidade”. Recentemente a patifes ilustrados do TSE decidiram, mais uma vez, render prazo num julgamento eleitoral da Paraíba, “avocando vistas” depois de dois anos de estudos e debates. Ora, esses vagabundos e corruptos conheciam demais do que se estava tratando, porém usando de “prerrogativa regimental” adiaram o julgamento; tudo isso feito às vistas da nação perplexa com a criminosa empreitada.
Agora, os “patifes ilustrosos” do Supremo Tribunal Federal passaram recado aos demais poderes: querem aumento (querem não; exigem!) porque sua condição de aristocracia funcionalista ‑ de que depende, em “última instância”, a exação do regime democrático ‑ está sendo demonstradamente “fragilizada” pelas pesquisas econômicas de custos, preços e salários.
Esses “ex-patifes ilustres”, melhor dizendo, toda a canalha dessa canalhocracia que se institucionalizou, vai suportada não apenas por alguma mão ligeira da corrupção burocrática nem pela “falta de decoro parlamentar” de voto a prêmio; sim pela higidez que os poderes deviam ter. Porém, são principalmente os poderes Executivo e Judiciário que modelam e sustém o Estado democrático (e social) de Direito; e sua conduta, naturalmente. O que nos resta, então, senão gritar: Abaixo a canalhocracia!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

RESERVAS ESTRATÉGICAS

As informações fidedignas que estão circulando sobre a Petrobras, a Halliburton, o pré-sal, a ANP e Obama nos estão levando para não apenas "nova luta do Petróleo é Nosso" mas para exigir do governo Lula e do PT esclarecimentos sobre o que está definido sobre este tema estratégico. Creio que devemos fazer uma pauta exclusiva sobre o petróleo brasileiro, com a criação de um sítio exclusivo sobre o controle brasileiro dessas reservas estratégicas. Atentemos que a ANP e seus dirigentes não estão merecendo a nossa confiança.Saudações socialistas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A CORRENTE LÚCIDA

Se você já sabe, passe adiante. É parte de uma palestra que fiz a universitários:
A (custosa) compreensão de que a dominação social ideológico-política ‑ que é afirmada e reafirmada pelas palavras e informações que vão atingindo toda a sociedade ‑ só se vai esclarecendo melhor agora, quando o “pensamento próprio”, a “informação com autoria comum” e a “opinião que sai do anonimato” (por meio de um “aparelho sem patrão” que é o computador), é, para cada, um ponto de vista pessoal, a palavra liberta, a expressão democrática. Leia outra vez: deu para entender o que foi escrito? É correto? Bem... cada expressão acima será verdadeiramente exata se considerarmos duas coisas: 1) o que se falava ou escrevia antes do acesso à nova tecnologia do computador era abafado pelos meios de “comunicação social” (imprensa, rádio e televisão que impõem a sua seleção de todas as notícias e informações para toda a sociedade de leitores e ouvintes, até mesmo como “portavozes” políticos das classes dominantes e dos governos); 2) a descoberta a que “só agora todos chegam” de que a notícia e a informação são produzidas e distribuídas por quem tem um meio à disposição (um transmissor de idéias e pensamentos) e esse meio pode ser apropriado por alguém, contra os interesses de todos os que vivem em sua condição subalterna.
É isso que vêm estudando e discutindo as pessoas e os grupos de movimentos empenhados em “meios alternativos de comunicação social”: livrar as pessoas da pior das ditaduras que é do domínio privado, por algumas pessoas, famílias, grupos, empresas e sistemas das notícias e informações que dizem escolher no “interesse da sociedade aberta”, “democrática” e “politicamente livre”. Por favor, novamente: você entendeu o que se passa? Eles roubam os meios sociais.
Surge, então, novo problema: muitas dessas pessoas que passaram a ter a oportunidade de se comunicar por computador começaram a fazer o exercício da escrita e da fala públicas, e se estão deslumbrando como “escritores, oradores e comunicadores de idéias para os outros”; e em vez de uma comunicação entre iguais, de uma interação social, de um proveito comum, passaram a fazer a mesma coisa da Imprensa Dominadora: a ditadura de idéias, informações e contorções, enchendo o saco dos demais. E então, uns podem fazer isso e outros não; se todos vão tendo os meios? Não! Todos podem comunicar suas necessidades, desejos, aspirações, sonhos e projetos; mas também aprender coisas essenciais antes de querer ensinar experiências.É aí que o bom-senso nos adverte: procure conhecer o que você não sabe. Procure informar apenas o que você sabe mesmo, de verdade técnica e científica. Não ceda à tentação de opinar o que não estudou corretamente; não queira disputar pessoal e intelectualmente com quem expõe fatos, dados, suas origens e as consequências deles. Em resumo, seja modesto e prudente e não imite os idiotas que respondem a uma notícia, a uma informação, a um estudo, e até a um ensaio com o descaso de quem se ofende porque outros sabem mais; e aí divulgam “coisas similares”, paralelas e de importância menor para se gratificarem como autores, escritores, oradores; e acabam desviando a eficácia da comunicação. Não admitem descansar seu egoísmo, em seu desespero de disputar o pódium a qualquer preço. Não ouvem, querem falar; não entendem, querem ensinar; não são os mais preparados porque não estudam pacientemente, mas querem aparecer. Usemos a internet e outros meios de comunicação; primeiro para colher sementes, depois para as ir plantando. Obrigado pela paciência de ouvir, isto é, ler.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A CABEÇA DE BATTISTI

A CABEÇA DE BATTISTI
Sebastião Nery
O carrão preto, motorista de libré, parava na porta da embaixada do Brasil em Roma, na Piazza Navona, em 90 e 91. Descia um senhor baixo, 80 anos, terno escuro, colete cinza, camisa branca e gravata. Um dos homens mais poderosos da Itália, conde do Papa, banqueiro de Deus, ia buscar-me para almoçar, a mim, pobre marquês, adido cultural.
Íamos aos mais discretos e charmosos restaurantes de Roma, com os melhores vinhos da Itália. Às vezes o almoço foi no palacete dele, na Vila Archimede, no alto do Gianicolo, ou, em um domingo de sol, em sua casa na serra, em Grottaferrata, a poucos quilometros de Roma. Simpático, vivido, o conde Umberto Ortolani era uma figura “ambígua, misteriosa” (como dizia o “ La Republica ”). Mal falava, só perguntava.
Dele eu sabia que era conde da Santa Sé,”gentiluomo di sua Santitá”, banqueiro do Vaticano, socio-diretor do jornal “Corriere de la Sera ”. Havia conhecido num vernissage no Masp, em São Paulo , em 84, apresentado pelo jornalista e editor José Nêumanne, do “Estado de S. Paulo”.
Ortolani
O que ele queria de mim? Queria o Brasil. Queria que eu convencesse o embaixador Carlos Alberto Leite Barbosa a convencer o Itamaraty a lhe entregar um novo passaporte, pois tinha cidadania brasileira dada pela ditadura militar a pedido dos Mesquita do “Estado de S. Paulo” e os dois que tinha, o italiano e o brasileiro, o governo italiano lhe tomara ao descer em Roma, depois de oito anos asilado no Brasil.
Impossível. Quem tomou o passaporte foi o governo italiano. O Brasil nada tinha com aquilo. Mas ele achava que, insistindo, talvez conseguisse. Queria fugir de novo. Ou não tinha companhia melhor para sua conversa admirável sobre a política italiana e seus magníficos vinhos.
Levou-me a seu escritório na Via Condotti, 9, em cima da Bulgari :
- Desta sala saíram sete primeirios ministros: Andreotti, Craxi, etc.
Um livro
O conde é uma historia exemplar do satânico poder dos banqueiros, mesmo quando, como ele, um banqueiro de Deus, vice-presidente do banco Ambrosiano, do cardeal Marcinkus, até hoje foragido nos Estados Unidos.
Os que criticam, inteiramente sem razão, o presidente Lula e o ministro Tarso Genro, por terem dado asilo político ao italiano Cesare Battisti, deviam ler um livro imperdível: “Poteri Forti” (”Fortes Poderes, o Escândalo do Banco Ambrosiano”), do jornalista italiano Ferruccio Pinotti, abrindo as entranhas do poder de corrupção do sistema financeiro, de braços dados com governos, partidos, empresários, maçonaria, mafia.
Em junho de 1982, foi encontrado estrangulado em Londres, embaixo da “Blackfriars Bridge” (”a ponte dos Irmãos Negros”), o banqueiro italiano Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano, que acabava de quebrar, e tinha como diretores o cardeal Marcinkus, o conde Ortolani e o chefe da P-2 italiana (maçonaria), Licio Gelli.
Mãos limpas
Nos dias seguintes, na Itália e na Inglaterra, apareceram assassinados varios outros ligados a Calvi. No meio da confusão estava Ortolani, um dos quatro “Cavaleiros do Apocalipse”. Quando, a partir de 90, a “Operação Mãos Limpas” chegou perto deles, o conde, olhando Roma lá de cima do Gianiccolo, me dizia :
- Isso não vai acabar bem.
Depende o que é acabar bem. O ministério Publico e a Justiça enfrentaram a aliança satânica, que vinha desde 45, no fim da guerra, entre a Democracia Cristã e a máfia italiana. Houve centenas de prisões, suicídios. Nunca antes a máfia tinha sido tão encurralada e atingida. Responderam com bombas detonando carros de procuradores e juizes. Mas os grandes partidos políticos aliados (Democrata Cristão, Socialista, Liberal) explodiram. O Partido Comunista, conivente, se desintegrou. E meu amigo conde, condenado a 19 anos, morreu em 2002, aos 90 anos.
Negri e Battisti
A “Operação Mãos Limpas” não teria havido se um punhado de bravos jovens valentes e alucinados, das Brigadas Vermelhas e dos Proletarios Armados pelo Comunismo (PAC) não tivesse enfrentado o Estado mafioso.
O governo, desmoralizado, usava a máfia para elimina-los. Eles reagiam, houve mortos de lado a lado, e prisões dos lideres intelectuais, como o filósofo De Negri (asilado na França) e o romancista Cesare Battisti (asilado na França). Estava lá, vi, escrevi, acompanhei tudo.
Foram eles, os jovens rebeldes das décadas de 70 a 80, que começaram a salvar a Italia. Se não se levantassem de armas na mão, a aliança Democracia Cristã, Partido Socialista, Liberais e máfia, estaria lá até hoje. Berlusconi é o feto podre que restou, mas logo será expelido.
Salomés
O corrupto Chirac, a pedido de Berlusconi, retirou o asílo politico de Battisti, que o Brasil agora lhe deu. Tarso Genro e Lula estão certos. O problema foi, era, continua político. O fascista Berlusconi (primeiro-ministro)é apoiado pelo desfrutavel velhinho comunista Giorgio Napolitano (presidente) que se escondeu quando o juiz Falcone (assassinado) e o procurador Pietro (hoje no Parlamento) fizeram a “Operação Mãos Limpas”
Não têm autoridade moral nenhuma. Por que não devolveram Caciolla, o batedor de carteira do Banco Central, quando o Brasil pediu?
As Salomés de lá e cá querem entregar a cabeça de Battisti à máfia.
(Sebastião Nery é jornalista.)

A FESTA DA CARTOLAGEM

Um político qualquer propõe gastar RS$ 300 milhões para um estádio de futebol que poderá abrigar no máximo três (3) partidas da copa do mundo. Se for dinheiro dele, nada a opor; o restante Deus proverá; menos o dinheiro público municipal, estadual e, talvez do PAC. Nem De Gaulle nem Giorgio Napolitano podem dizer que o Brasil não é sério, mas nós podemos e devemos; e o povo do crédito de superespreds e fraudes, do consumo de porcarias, do voto em conivência aos populistas corruptos, do degenerado Big Brother, do dízimo para entrada no paraíso desses bandidos de igreja, e da festança para enganar sua própria estupidez; esse somos nós. Pois os picaretas políticos não criaram um Ministério dos Esportes para enganar nossos burros de que ração e espetáculo estarão garantidos.
Pode mudar de roupa, pode mudar de lenço, pode mudar de cuecas, o palhaço é o mesmo: nariz vermelho para nós que temos uma nação a organizar, um país a construir. O “clown” somos nós e o dono do circo não é uma qualquer sociedade do espetáculo, é essa oligarquia ao modelo mais opressivo e afrontoso.
Transformaram a espontaneidade do Carnaval de confraternização social e ele se trasmudou num elogiado espetáculo turístico para alienígenas, com o povo a curtir pela televisão. A sua vez, o futebol não poderia resistir às negociatas oficiosas (do Du Frois ao Teixeira, com as gangues dirigindo clubes e federações), coroadas com os “espirituosos” programas em que rapazes e mocinhas transformam a atividade esportiva em gracejos na televisão, rádio e imprensa, para encobrir os delitos. E, de vez em quando, a súcia de corruptos, negocistas eladrões aliados no poder público inventa um novo golpe na praça, com ou sem crise local e mundial.
Sediar a Copa do Mundo é conveniente para as negociatas e um ônus financeiro a ser pago pela população (que nem sabe como ela própria está ou anda, nem o que lhe custa). Todos os safados se lançaram a esse “belo esporte” de negociar dinheiro público para o circo esportivo ‑ com a pretensão do benefício turístico, a possível euforia dos alienados e a realidade do prejuízo nacional. E ainda se você sair de nariz vermelho num ato de contrição estará arriscado a ser achincalhado por uma turba dos homo loquax‑homo sacer e atropelado pela torcida do Big Brother.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

DEMOCRACIAS X FARSANTES

O Ministro Tarso Genro firmou posição contra os oportunistas dentro e fora do governo brasileiro, na vida pública e na “privada”, na comunicação social e na imprensa a soldo, no Brasil e no exterior, enfatizando que, se Cesare Battisti não foi vítima política do Estado italiano em uma conspiração política da Democracia-Cristã‑PCI‑Partido Socialista para impor aos italianos o “consenso político” dos anos 70 a 80; as Bgritatte Rose e os Proletários Armados pelo Comunismo (PAC, que ele integrou como dirigente) supuseram estar reagindo adequadamente aos “corruptos da democracia cristã em suas especulações criminosas ligadas ao Banco do Vaticano, juntamente com os degenerados do Partido Comunista Italiano de Togliatti a.Enrico Berlinguer e com os socialistas de Sandro Bertini ‑ que haviam organizado o “compromisso histórico” sob interesses grupais, com seus braços no Parlamento e no governo, a fim de liberar o capital “sem marca”, subordinar-lhe as condições de trabalho e disciplinar a vida trabalhista e sindical; além do aberrante perfilhamento nacional à OTAN-CIA-WASHINGTON como “garantia” internacional à reorganização daquela sociedade “pós-fascista. Do eurocomunismo anti-stalinista de Palmiro Togliatti e Enrico Berlinguer ao “compromesso storico cristiano-comunista-socialista” contra a independência política italiana e a favor da maior corrupção histórico-política.
Todavia, “apesar da traição social-nacional do Partido Comunista Italiano acumpliciado à hegemonia “sibarita” Vaticano-democrata-cristão”, nem todos os movimentos sociais profissionais e de idéias sociopolíticas se dispuseram a acatar as diretivas totalitaristas daquele “Estado democrático de direito” versão “compromesso stórico nuovo fascismo”.
Como primeiro-ministro, Aldo Moro passou daí a ser o alvo exemplar da campanha da Brigatte Rosse como dos Proletários Armados do Comunismo, contra “a maffia cospiratrice” no poder da República ‑ por “maffia” entendamos não a mano nera, a camorra, a ormetà ou similares e sim aberrantes métodos com presença ostensiva de capos políticos comandando especuladores corruptos formados e abrigados nesse poder do Estado lapidado pela CIA.
Sequestrado e executado Aldo Moro, mais do que a punição aos grupamentos “políticos terroristas”, o poder de Estado decidiu prender, torturar e exterminar perseguidos políticos, especialmente “os cabeças” para que não fossem reveladas “as confissões de Aldo Moro” e possíveis provas dos negócios secretos e de corrupção no governo. E então entre provas forjadas pela polícia, surgiram “testemunha” e “depoimento” articulados além dos assassinatos que estavam imputados contra Cesare Battisti, sob instâncias especiais de ameaças a suspeitos, com promessas de liberdade e prêmios de delação. Esse “sistema democrático exemplar da Itália“ encomendou e sua Giustizia ubi et orbe (que arrota agora dignidade e sabedorias ao mundo) acatou denúncia (por essa ”delação premiada”) sem prova nem contradição legal. E há quarenta anos esse passado iníquo reaparece na vida pública italiana e é manipulado pela “imprensa livre e democrática da CIA e do mundo”, tendo por alvo os insubmissos políticos e seus remanescentes como Cesare Battisti.
Voltemos ao ponto: devemos manifestar nosso apoio à posição corajosa e lúcida do Ministro Tarso Genro e à firmeza do governo Lula no episódio da negativa de extradição a um preso político em processo-farsa político, regido por uma giustizia a serviço da história da corrupção de Estado na Itália. Necessário e urgente apoio contra a estúpida e agressiva pressão fascista-imperialista sob esse “honorável” pretexto de uma “democracia aberta, sabedoria vitalícia e soberania exemplar” italianas.

A ESQUERDA NÃO É MAIS “AQUELA”?

Agindo de má-fé na discussão da concessão de asilo político ao italiano Cesare Battisti, os “patifes ilustres” da imprensa (da Rede Globo à Bandeirantes e à Record, dos serventes globais a Mino Carta e Joelmir Betting) vão explicitando o que subentendem por “nossos fundamentos de civilização”, “os direitos humanos”, o “Estado democrático e social de direito”, “nossos compromissos com o direito internacional”, etc. -- desta feita, ecoando a destempo a “giurisprudenza politice consensuale” de Giulio Andreotti-Enrico Berlinguer-Aldo Moro-Francesco Cossiga (a “sinistra” democracia cristã-comunista) e como porta-vozes cosmopolitas da página negra dessa entente mafiosa que governou a Itália dos anos 70 a 80 e depois envergonhou com remorsos civis ao senador vitalício Francesco Cossiga e a Giulio Andreotti, tradicional primeiro-ministro do período. Assim, compungidos revivemos a conspiração institucional e os infames processos dos expurgos de insubordinados políticos.
“Má-fé” porque, se “é obrigação de governo proteger a livre produtividade da sociedade e a segurança dos indivíduos” (quando menos em sua privacidade), refundir e mistificar esses balizamentos constitucionais e programáticos com torsão de suas perspectivas é imposição-coerção abusiva. Porque o sistema produtivo deverá ter garantias de governo, embora ele não seja “o governo”; e a razão primeira dessas garantias -- as pessoas em comunidade, os produtores diretos e a sua cidadania rasa -- foram elas desrespeitadas pela aristocracia política e então afrontadas pela “macchia” Aldo Moro-Enrico Berlinguer. E Razão de Estado, ontem e hoje, na Itália como no Brasil; é sustentar e prover a vida nacional e o trabalho que a alimenta, privilegiando os seus agentes sociais. Não a CIA.
Ora, o Estado capitalista italiano do Pós-Guerra -- na reorganização de direitos políticos a instâncias públicas e individuais e aos agrupamentos econômico-políticos como reconstrutores absolutos da vida econômica e “social pós-fascista” -- designou a tutoria democrata-cristã‑comunista para fazer uma depuração ideológico-política peninsular a serviço da OTAN-CIA e de seu controle sociopolítico. Ao farisaísmo da corrupção política e das fraudes econômicas (inclusive com o Banco do Vaticano) da democracia-cristã somou-se o oportunismo e a corrupção econômico-política do Partido Comunista Italiano. Todo aquele governo (incluído o Partido Socialista de Bertini) foi complacente com os negócios de Estado transformados em negócios no Estado por essa “entente cordiale” “però democratica”. Estado de direito democrático sim, porém nele o “Estado social” subsumido por um jurisdicismo totalitarista ao modelo opereta-mussolinesca e autoritarismo legalista conformes com os “interessi personali che si nascondono sotto il manto della politica” e com seus monopólios associados; a que todos deveriam curvar-se. Porém nem todos aceitaram.
Agora, os Piero Fasino, Giorgio Napolitano, Wálter Maiérovitch, Mino Carta e outros ideólogos-democratas de ofício pretendem refazer a história e a política italiana do “grande acordo antinacional” e dos movimentos que resistiram à violência de Estado mafioso.
Para esses surfistas políticos e sábios de nomeação, os “procedimentos democráticos” convencionados não são modelos para ação e conduta e sim embustes como substância política da vida democrática. Não por outra razão lhes devemos pespegar a qualificação “patifes Ilustres”, com que o filósofo David Hume acusou os poderosos (e seus êmulos) de fazer das formas e aparências constitucionais, legais, contratuais o pretexto para agir conforme seus baixos interesses de classe e poder; ou de discernir e esclarecer de acordo com sua estupidez preconceituosa senão sua cúpida pecúnia. Pelas idéias idiossantas dessa mercenária comunicação social, o Estado tem e manterá o poder de estabular as classes sociais. (Muito antes do PPS, o PCI já negociava cargos, funções e dividendos em negócios de poder; bem como habitualmente já o faziam o Vaticano e a democracia cristã.)
As revoltas políticas e anti-autoritárias (1954, 1968 a 1974) na Hungria, França, Alemanha, Itália, Tchecoslováquia, Bélgica, Hungria, Polônia, Estados Unidos, México, Brasil e outras demonstraram os limites desse “poder democrático autolegitimado” e “politicamente consolidado” como democracia “atenta e aberta”; ou da sua contrafação na Europa do Leste, no Brasil, México, Argentina, Chile e alhures.
Sobre os conceitos: Um dia Norberto Bobbio saiu a campo e logrou destrinçar o tal “imbroglio” de jornalistas, políticos, cientistas políticos, sociólogos e intelectuais de juízo, a respeito de “posições políticas de esquerda e de direita” nos fatos e nos votos, no discurso e nas instituições. Historiando o conceito e sua aplicação, NB simplesmente apontou “quem sentava à esquerda em legítima representação do povo”; e “quem, tendo excesso de estima, apreços à nobre estirpe, privatizações com auto-agregação de valores, domínio político com ócios e negócios conspícuos e secretos, sentava à direita.” Nós, pobres opiniáticos, de pé...
Hoje há ainda políticos comprometidos com os produtores-diretos, com os profissionais técnicos e cientistas, com os “sem” (terra, teto, emprego, organização) e com a sua própria nacionalidade, que continuam postados à esquerda, lutando. Embora certas figuras sinistras de “pós-modernidade” e de sua “pós-responsabilidade social” se exponham à direita como “patifes ilustres” em nossa “sociedade política”.
Podemos ficar assim: os democratas, o MST e todos os sem-direitos agradecem esses arreganhos ao direito de sobrevida, à luta cruenta e ao voto-referendo na construção do País.

sábado, 31 de janeiro de 2009

TOMA-LÁ DÁ-CÁ

Até os leigos como eu sabem que a grande crise capitalista-alerta de depressão econômico-social exigia medidas político-econômicas racionais e claras dos governos: 1)sustentar o sistema produtivo, garantindo ativos, provisão de matérias-primas, giro de capital, acesso a mercados com circulação dos bens de produção, 2) manter recursos energéticos, empregos e consumo, e 3) aprofundar reformas econômicas, sociais e políticas democrático-nacionais. Todavia, usando os bens e recursos públicos, com a mediação das instituições financeiras tornadas agentes públicos, as oligarquias e seus governos “livres”, “abertos” e “democráticos” decidiram compensar os prejuízos da especulação financeira e dos riscos de capital “além mercado”, injetando bilhões de dólares na recuperação de fraudes nos negócios.
Sob o descortínio de que “somos uma economia capitalista-cartelizada” e uma “economia-política globalizada” debaixo de um poder de “coalizão democrática”, o governo da entente Lula (lá e nós aqui) pagou as especulações financeiras de todos os delinquentes sociais, “regenerou” as empresas fraudatárias e consolidou a privatização dos “agentes públicos brasileiros”: Tesouro Nacional, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, e vai completando a privatização dos serviços públicos de infra-estrutura e serviços de comunicação, transporte, energia, saúde, previdência e educação. A festa continua no andar de cima.
Diz Ricardo Antunes (sociologia do trabalho na UNICAMP): ”... o empresariado quer é fazer com que as contas nesse momento de crise sejam jogadas em cima das classes trabalhadoras. Quem deve pagar essa conta é o próprio empresariado e o seu sistema financeiro, pois eles são os agentes partícipes e os responsáveis por essa crise. [...] E a suspensão do contrato de trabalho é a iminência do desemprego completo...”. Arremata: ”Segundo a OIT cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores perderiam em 2009 salários e viveriam em condições de trabalho mais adversas...”.
Daí, as reformas sociais e políticas ficarão à espera da vez das questões “recicladas.” E para quem esperava medida governamental (talvez de redução de 48 para 42 horas-trabalho semanais com possíveis 10% de redução salarial; e para 36 horas-trabalho, com admissão de reduzir até 20% dos salários), como forma de justificar e garantir o apoio financeiro governamental e os descontos fiscais e tributários, e assim manter os empregos, vemos a canalha exultante com a distribuição de dividendos, bônus e prêmios nesta Banana’s Republic. E mais, quando pensávamos que a aristo-escória social dos funcionários públicos graduados teriam um desconto de 10% nos seus “pró-labores” para algum mútuo social, esses proxenetas do setor público estão a inventariar os recursos para novos botins do que é privado exatamente por ser público.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

MORREM AOS MILHÕES

Os sistemas econômicos com seus regimes de classe e força impõem condições dramáticas de vida e trabalho para “os dependentes” (“os de baixo”) -- isso quase todos sabem. Da fome endêmica ao abandono estrutural dos “sem propriedade e sem meios próprios de produção e subsistência” há um itinerário de tragédias pessoais e sociais que garroteiam, mas nem só, os países africanos, asiáticos, árabes, americanos; mas também os “incluídos e assistidos” pelo “capitalismo excelente” ou pelo capitalismo de Estado “emergente”. Dezenas, centenas de milhares; até milhões de “almas” em todo o mundo, aguardam exangues a “inclusão civilizacional” na “grande sociedade democrático-burguesa” ou em alguma sociedade revolucionária “socialista” com capitalismo de Estado; enquanto os fariseus se esgoelam pelos “valores de troca do capitalismo democrático” e se escandalizam com as violências insurrecionais “de uso”, que ao máximo abreviam as existências estatísticas.
Do “darwinismo social” russo, indo-banglaro-paquistanês e chinês antes da sua independência política conhecemo-lhes as autorias aristocrático-feudais em que a morte de milhões se inscrevia em rotinas estatísticas. Após pautaram-se as sucessivas hecatombes nas lutas anticoloniais revolucionárias e processos políticos de reconstrução nacional (com revoluções político-culturais soviética e chinesa a par de seus “expurgos intensos”); e na sanguinária intervenção militar multi-imperialista na União Soviética de 1918-23 seguida das “depurações políticas” stalinistas de 1926-40, elevaram-se os passivos da guerra revolucionária soviética a mais de dois milhões de inocentes pessoas.
Depois da Segunda Guerra o genocídio patrocinado pelos Estados Unidos na Indonésia com o regime Suharto exterminou cerca de um milhão de indonésios; e, na sua esteira, rivalizando com os tirânicos Pol Pot e Idi Amin, John Kennedy-Lyndon Johnson-Richard Nixon praticaram o holocausto de vietnamitas, cambodjanos e laocianos. E, mais recentemente, surgem denúncias de que Gorbashov-Yeltsin-Puttin fizeram uma ocidentalização democrática ortodoxa, extirpando milhão de almas pelo caminho.
Capeando conceitos aleatoriamente difusos: o “sistema democrático” surgiu em oposição ao plutocratismo com suas instituições mercenárias; ou ao aristocratismo (ou elitismo político), dos que têm a fortuna do bolso e do espírito. Desde então, referendos meramente formais elevam argentários e espertos oportunistas ao poder, sob as “regras universais” de consensos da “força social” ou consultas censitárias sobre “nossa servidão voluntária” com garantia de emprego mais justiça prêt-à-porter (desses três “poderes equilibristas”).
“Que em uma democracia sejam os muitos a decidir não transforma esses muitos em uma massa que possa ser considerada globalmente, porque a massa enquanto tal não decide nada” (Norberto Bobbio, “Democracia:Fundamentos”). E assim os esforços entre um “totalitarismo eleitoralista” e um “despotismo censitário” se esgarçam na boca dos idiomatas que aproveitam “os seus valores democráticos”.

sábado, 24 de janeiro de 2009

PRIVADA PÚBLICA

O Forum Social Mundial não é mais aquele? Não sabemos qual a antiforça da crise econômico-política que atacou o “pós-capitalismo” globalizado, e que exige seja esclarecido para os Pobres Diabos que somos nós neste mundo do Grande Deus que é o Wall-Davos.
Enquanto nossa atenção (“nossa”, desculpem os Stalinistas empertigados e Gramscianos recuperados para a “civilização”!) se concentra em possível descompressão política da força de trabalho ‑ paradoxalmente com nova e crescente dependência vital-política nesse breve hiato na dinâmica destrutivo-produtiva do sistema capitalista, em seus desvios da atividade produtiva real ‑ a “entente civilizatória” (desde Wall Street-Davos, passando pelo new-capitalism of State de Bush-Obama,Merkel-Sarcozy-Braun até Henrique Meirelles) não se volta para uma reavaliação econômico-social da falência sistêmica e apenas se empenha em revitalizar com dinheiro público as grandes perdas privadas (a pretexto de que o que “nosso público” pertence ao privado e sem reconhecer que o que é privativo não é público, portanto é uma falsa parceria social).
Os governantes viraram Estatistas e aos olhos desmedidos da “elite democrática” (de esquerda e direita) Estadistas, ou gente que em vez de “boas coisas em nome do Pai faz más causas em nome do Estado”, e não apenas assumiram a doutrina de Lord Keynes de que “O Estado somos nós capitalistas” e não “essa escória social sem herdade nem bens”, como jogam a pá-de-cal no túmulo da Walfare State cultivada pelo social-trabalhismo.
Olhe-se para a cara lavada da esquerda acadêmica; daí para a da esquerda sindical. Não estão atônitas, apenas deficitárias em demagogia. Logo qualquer ideodogmático cantará uma toada sobre o imperialismo, convocando adolescentes e reumosos para “o grande combate como vanguarda mundial”. E então você procure aferir as condutas não só da China, do Brasil e da Venezuela, mas especialmente de Francisco de Oliveira e Paul Singer que não posam de estatista, estadista ou imã porém navegam de bateia porém com GPS. Com certeza nem o eu desiludido como os dois vates não estamos sozinhos; mas onde algum forum social mundial? Aquele Fórum Social Mundial que se reúne agora em Belém está sendo tomado pelos “pós”, talvez essa metáfora de “ao pó retornarás”.
De qualquer modo, a multiversidade e a pluralidade cultural e eticopolíticas já não são respostas sequer enfrentamentos à unidade-davosiana-em-possiveis-fragmentações. “De repente”, aquele festejante “pós-político-apolítico” se vê diante de um desafio maior do que o seu absenteísmo de categoria social e posição produtiva. Impõe-se: unidade na diversidade e não a difringente (fenômeno também físico) “diversidade na unidade” ou silepse social.
Em resumo, meu caro Luiz Inácio: negociador no governo ou administrador de Estado capitalista não é Estadista; a não ser que este termo seja expressão doutrinária de um neoliberalismo keynesiano. O Estado para Getúlio Vargas era socialiberal e capitalista mas tentava antecipar uma Walfare State e para isso firmar-se anticolonialista e independente; e para tanto definir espaços próprios para todas as forças sociais no sistema econômico-político.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A BESTA NAZISTA DO APOCALIPSE

Tenho amigos judeus, em cujo “remanso de Abraão” (mesmo que tenham outra fé) encontro convívio e tolerância à minha estimação e assomos de “sabedoria”. Dos íntimos, compareço à casa dos Kuckzynski, esporadicamente vejo os Jugend, e tenho saudades do ativista social Jacó Blum e de minha namorada Anita Galanternik que desceram para depois galgar e permanecer na memória. Com outros tantos sempre tive boas relações de respeito mútuo e feliz coexistência. O nazi-sionismo de Israel nos desafia, insidiosamente.
Feita esta preliminar, lamento dizer que se esse respeito mútuo contempla virtudes morais e valores sociais e de cidadania -- profissionais e civis --, nem sempre se inteiram por falta de cobranças nos débitos de nossas atitudes e condutas. Sabemos, no entanto, que é necessário não estreitar o espaço das idiossincrasias e não vasculhar o viver íntimo dos amigos e conviventes. E talvez isso nos leve a diferenças de expectativas etnoculturais.
O nacionalismo sionista atraiu todas as atenções democráticas, e particularmente social-trabalhistas, para seu projeto de defesa preventiva da etnia judaica contra o holocausto etnopolítico -- este, a seu modo, resultante da realpolityk capitalista-imperialista-anexacionista germânica (lebensraun ou fome de terras) com seu ideário de expansão-exploração-opressão das classes trabalhadoras de seu próprio país, mas especialmente das regiões européias conquistadas. Isso com o fito de reorganizar toda aquela sociedade de classes sob a égide doutrinária do etnocracismo (ou governo dos eleitos, da “raça melhor”, dos mais fortes porque inspirados em sua “missão secular”). Agora, o nazi-sionismo trai aqueles que dizia defender e os expõe à condição de conquistar, como usurpadores nacional-socialistas (nazistas), terrenos e territórios ocupados por palestinos; impondo à região uma política colonialista de usurpação e anexação territorial, recolocando os judeus (todos os judeus e não só a canalha sionista dos facínoras Ben Gurion, Golda Meir, Ytzchak Rabin, Shimon Peres, Menachen Begin, Ytzchak Shamir, Benjamin Netanyahu, Ariel Sharon, Ehud Barak, Ehud Ohmer, etc.) como causa nos efeitos do preconceito anti-semita que recrudesce e se entremeia aos “fundamentalismos” etnopolíticos -- islamismo e judaísmo radicais entre eles.
A mistura explosiva dos fundamentalismos -- judaístas, hinduístas, islâmicos, ortodoxos, cristãos (nestes, particularmente do lumpensinato cultural-social: puritanos, testemunhais, renovados, evangélicos, assembleístas, batistas e carismáticos da fé, etc.) -- com o nacionalismo armado (ou o nacional-socialismo tipo alemão, italiano ou sionista) resulta numa “política realista” ou realpolityk na esteira do Apocalipse, ou em sua antecipada hecatombe: O holocausto palestino às armas da horda nazi-sionista de Israel é a infâmia humana da vez.
Recebo informações e correspondências que confirmam: dos “semitas”, os judeus em geral não são os responsáveis pelos pogroms e razias sionistas na Palestina, porém os cidadãos de Israel estão tendo que enfrentar diariamente o poder nazi-sionista, seus sócios capitalistas e a escória humana dos abutres de Javé que se imitem no poder da terra e do céu, das idéias e da política, saqueando tudo em nome de Jeová e sua “tradição”. “The Guardian” publica um rol de 40 professores e cientistas judeus da Inglaterra, exigindo medidas do governo inglês de boicote ao regime sionista de apartheid na Palestina e posicionamento oficial contra o militarismo-colonialista do Estado nazi-sionista israelense.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"CABEÇA FEITA" PELO PODER

Ao seu lado, disputando com você um torneio de inteligência e cultura (que você não sabe bem o que e por que) está um dejeto palavroso a passar suas “informações de cocheira” e a expender considerações sobre qualquer assunto em pauta. Observe-o atentamente: não é um figurante nerd alheado de compromissos sociais e responsabilidades civis, é o profissional-cinzeiro que, mesmo sem fumar, acorre a inalar as baforadas do chefe e oferecer boceta para as baganas; tudo ao preço da corte: ser convidado aos desacatos-desabafos da chefia e agir como escoteiro sênior no clube de serviço; tanto faz, pois ele é um dublê de cena no poder ou na rua. Papel carbono de um lado, papa-moscas de outro.
Essa coisa pegajosa luta angustiosamente por ser reconhecido importante: ‑ à boca-larga para que o recomendem os superiores, à boca-murcha com a acidez crítica dos indomados quando o assunto lhe faculta aparentar “independência”; e com a bocarra-estrídula na presunção esponjosa ‑.Na verdade ele não tem outro compromisso que não seja puxar saco fingindo espírito livre e crítico. Grosso ou fino, está bem ao lado.
Entrementes, os críticos da política e os juízes da ética sempre atribuíram maiores responsabilidades sociopolíticas às pessoas de melhor formação educacional e cultural, comparados aos incultos e desavisados da ciência; porquanto a ignorância e a ingenuidade são consideradas atenuantes dos erros em face da sociedade e da lei; porém não essa obsequiosa e deprimente má-fé do sabujismo-carreirismo.
O encosto do poder é a gangue dos consócios “políticos”, mas o seu principal suporte são os subservientes. Não a massa, os pobres diabos da “servidão voluntária” sujeita à subalternidade para lograr a sobrevivência, e sim o sorriso atento e obsequioso do oportunista-carreirista ‑ cuja opinião é “politicamente ajustada, mais que correta”; ora na boca-surdina das eventuais ressalvas para exibir “independência”; depois quebrado-da-boca a demonstrar medo de censura superior e a seguir com a boca-repique a expor como xérox a sua formatação estereotipada e disponibilidade “delivery”. Enfim, a sociabilidade indistinta nos cobra o preço da interlocução com estes Merds ‑ que não têm a ingênua aplicação dos Nerds nem a sua dependência tecnológico-expressiva com alienação civil e falta de caráter interativo.
Entrementes, o pragmatismo adicto à sobrevivência, o oportunismo colado ao individualismo e a racionalização dos ajustes pessoais ao poder econômico-político vêm desfigurando a luta de classes e exaltando a disputa de poder social e político. Essas antinomias se colocam como “base ético-política” dos Merds a contratar suas posições e atitudes no dispensário das relações sociais.
De assim, a história da inteligência aponta convergências entre o modelo do ativista social crítico e os profissionais técnicos e cientistas, numa curva ascendente de responsabilidade política que vai desde a base social a seus modelos; e sempre proporcional aos níveis de entendimento e consciência de classe no seu modo de existência. Os nerds e os merds “correm por fora”, os primeiros como “esquecidos da política” comum; os outros como praticantes da servidão ao poder mas com suposta “inteligência feita” (pelo mando).
Fuja de quem não tem compromissos sociais; abomine os carreiristas como despreze os dogmáticos de quaisquer doutrinas. Pergunte sempre: qual é sua posição? E qual o compromisso que tem com o problema de que fala?