terça-feira, 26 de agosto de 2008

DO(S) FUNDAMENTOS (S) DA LEI

Qualquer arbitrista pode conseguir impor-se pela força das armas, fazendo-se assim um suposto “jus-agendi”, mas suas decisões não conferirão legitimidade e direitos a seus atos. A desrazão não pode produzir lei positiva. Como uma vaca não entende de leis e uma vaca fardada desconhece o que seja um consensum constitucional, eu (não sendo uma nem outra) quero dizer que farda ou fardão não confere ao engalanado invólucro e à coisa dentro o direito de legislar e jurisprudenciar. Ouço mugidos que repercutem desde o Clube Militar e vejo que remanescem os magarefes políticos, e os coices-de-mula mantêm sua associação conspiratória para o crime.
Se um manipanço chamado Humberto de Alencar Castelo Branco foi alçado ao poder nacional em 1964 por um golpe de traição a serviço de potência interventora, ele e a sua camarilha de fardão e gibão não constituem uma corte de justiça. Partamos desse princípio, para assim argumentar com os nacionais, o povo brasileiro, os contemporâneos a respeito desse dejeto ditatorial chamado “Lei da Anistia”. Em primeiro lugar aquela canalha títere do Departamento de Estado dos EUA promoveu excrescências legalizadas, mas não outorgou a nossa Constituição, seu preâmbulo, artigos e cláusulas; embora seus herdeiros continuem mostrando considerar-se tutores da República e até da Constituição de 1988. Ainda que uma conciliação oportunista os venha querendo sancionar.
A Constituinte de 1988 reorganizou a nação brasileira estilhaçada pelo fascismo de 1964‑1986. A partir do mando nacional restaurado, o Brasil se tornou pátria de cidadania livre e independente, regida por sua própria vontade. Todos os atos e procederes que envergonharam a nação foram de aí proscritos.
Todavia os crimes infames de ofensa aos direitos humanos, entre eles o de tortura, esses não têm prescrição conforme nossa adesão à Carta das Nações Unidas. O direito internacional não confere ex vi a torcionários, escroques e assassinos o direito (ou imposição permanente) de anistiar-se, o direito a salvaguardas como “agentes encarregados de cumprir seus próprios mandamentos” de violência e crimes de toda sorte. Assim, enquanto a vontade nacional não prevalecer sobre os arreganhos fascistas e as ameaças de tutoria não teremos firmado o marco zero da nacionalidade ‑ que julgávamos estar claro na redação constitucional de 1988 e seus progressos.
Afinal, quem são esses capitães-de-mato e mercenários a martelo, essa malta que se está opondo ao País? Estão refazendo atos adicionais e leis complementares à Carta Magna? Serão templários, agentes confessionais, que se autoqualificam como “delegados” da lei e da ordem, contra o povo brasileiro?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

VAMOS ASSIM, RAPAZIADA!

Manipulei um convite de contribuição no valor de R$1.000,00 (ao dia 2 de setembro, às 19h30min, no Buffet du Batel) para participação no “Jantar dos Amigos do Beto” e compreendi como o “trabalho continua” com a Coligação Curitiba, sob entusiasmo de quem teve registrados 70% nas pesquisas de “intenção de voto”, e que procura perder pouco dessa “fofura” até as eleições. Para quem está habituado a ver uma “fezinha” de R$10,00 a R$50,00 em colaboração para algum candidato sinistróide, essa “espontaneidade” de milão dá coceiras.
Mais ainda sabendo que se trata de um plus arrecadante de um amplo grupo de amigos de prefeito, em que empreiteiros de obras e empresários notáveis “por sua contribuição à nunca suficientemente louvada democracia representativa” já definiram participações (de pars, partis, a parte) muito mais significativas na campanha ‑ e que a escória “socialista de gaveta” do PSB, do PDT e do PPS se tem alinhado pela direita e agora faz seu pule no capão mais habilitado ‑ enquanto suas lideranças já dividiram os bônus do processo eleitoral. Aqui me quedo abismado.
Entretanto, não devemos ficar discutindo fundos e apoios políticos, e sim a forma e o estilo, que são o busílis ideológico-político. Claro está que as eleições não são lugar específico para assertivas ideológicas e pregações de doutrina, já que o “anuente” se submete a regras de disputa de funções político-administrativas, para as quais, pensa-se, terá alguma contribuição objetiva além de retórica. Quando muito, poderá vincular suas propostas objetivas a uma visão político-administrativa e urbanística.
Além do discurso verde do PV e do discurso vermelho do PSOL-PSTU-PCB, que no geral só convocam atenção dos próprios simpatizantes, e de que Fábio Camargo é um livre-atirador a serviço da candidatura Beto Richa (e de seu próprio prestigiamento, é óbvio), a candidatura Gleise Hoffmann estranhamente afirma “eles estão cansados e pouco criativos”: como elogios à privatização das áreas municipais e à criação do sistema de transporte para a Volvo, para o “pool”empresas de transporte coletivo e para fabricantes de equipamentos urbanos; e também aos urbanistas e arquitetos associados na cópia de obras existentes no exterior ‑ sempre, lembremos, com aviso para os amigos do IPPUC e do prefeito de quais áreas urbanas irão valorizar ‑. Tudo como se fosse um fulgurante sistema de planejamento urbano em declínio!
A sua vez, bem articulado em sugestões democráticas e de repercussão pública, o candidato do PMDB consegue fazer propostas incisivas e razoáveis, mas que não conseguirão ultrapassar o nível de falas ocasionais. Simplesmente porque o processo eleitoral entre nós começaria logo após as eleições, com necessária formatação de críticas passo a passo e extrapolação delas como constante informação pública. Todavia, o contexto de delirantes e espaventados que o cerca diminui a credibilidade do ex-reitor da UFPR.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

SATURAÇÃO NA CAPACIDADE DE EXPANSÃO CAPITALISTA

“Amigos 25 anos” tem capeado informações e artigos instrutivos, ou meramente ilustrativos quando não ultrapassam meras constatações, às vezes sem uma perspectiva crítica; quer dizer sem tocar o cerne das contradições ou desvelar o antagonismo. Um destes é o de Limites do Crescimento (comentados por Enrique Leff). Questões como a substituição dos insumos correntes e, em conseqüência, dos seus processos produtivos; enfrentam contradita do poder econômico-político nas sociedades e no mundo (com especial destaque para o forte complexo industrial-militar que se mostrou endógeno às estruturas políticas engendradas pelo “capitalismo de vanguarda” nas sociedades imperialistas). Outra relevância é que a saturação produtiva é horizontal e vertical, em reciprocidades, dependentes de tecnologias mutantes e vórticas que não admitem a ilusão de “voltar ao pequeno” (Il Piccolo è bello), não bastasse o poder inalterável de empuxo do próprio capitalismo.
Assim, se não está no horizonte do possível um “consenso” de auto-controle capitalista-imperialista e a extinção, sponte sua, do próprio sistema capitalista de produção, o que se apresenta nesse enigma, de predação da natureza‑saturação do meio humano ambiental, como racionalidade e sua razão política?
István Mészáros em “Produção Destrutiva e Estado Capitalista”, uma parte de seu “Para Além do Capital” (não apenas “Além do Capitalismo”), coloca e debate a transformação da “Destruição Produtiva”, que formou o capitalismo com a transformação de bens naturais para o uso humano, em “Produção Destrutiva” como processo-limite nesse processo de transformação de insumos. O cientista marxista húngaro nos impõe uma análise sistêmica do capitalismo contemporâneo a partir da sua dinâmica concreta de expansão e poder na sociedade contemporânea. Não creio que possa aqui suscitar os temas do antagonismo capitalista com as forças sociais postas na produção, senão remeter os interessados para o estudo de sua magistral obra, que resgata as idéias e o espírito de Karl Marx e adverte contra as simplificações políticas que administram a sobrevida desse sistema de opressão, exploração e destruição que vai sendo mantido por um sistema mundial “jurídico-político” de forças e fomentado pela positividade da estultice “politicamente correta” de dominação das mentes.
Quanto aos caminhos da superação dialética dessa crise incontornável do sistema capitalista, além do forum social mundial de práticas e idéias políticas e da resistência a todas as formas de opressão, exploração e destruição, cada qual encontre sua comunidade organizada e se descubra no processo político com um agir comunicativo, aglutinante.

DO FASTÍGIO AO BÁRATRO

Quando o brilhante dramaturgo Nelson Rodrigues e cretino lhogolhó da crônica esportiva e (até) política (o qual se exaltava a tantos fãs como idiotas da anedota e do frasismo) falava na “pátria de chuteiras” a sua figuração procurava atingir o espírito nacionalista do néscio e a paixão “heróica” do anônimo, vítimas na sociedade capitalista do espetáculo.
O que se chamou de “escola brasileira de futebol” era aos começos principalmente o cultivo da ação individual de “mágicos da bola”, com seu estilismo e efeitismo. Essa escola acabou vingando graças a maior organização funcional, em que as estruturas também se consolidavam aos trancos. Todavia, os muitos sucessos, em condições que no geral favoreceram nossas seleções, não resistiram à globalização intensiva, e ao empresariado “criminoso” que tomou a ponta do sistema de intercâmbio e comércio de clubes, a partir das entidades de seu suporte (as máfias de associações, federações e confederações). Caímos na real: a escola circense brasileira pode ensinar só a foca e o cachorro a brincar com bola, mas o seu circo virou mambembe, com a lona furada e a mulher barbuda amasiada com o faquista na zona.
Exemplo: O Clube Atlético Paranaense aglutinou mais de uma centena de atletas (120?), para disputar jogos com seu time ‑ causa de sua existência ‑ mas principalmente para negociar jogadores (E seu mercado está no exterior). Porque a bolsa de jogadores, é a principalidade negocial como alma da atividade atlética no sistema capitalista nacional e mundial; bem como da futebolística; e, entretanto, no mercado polarizado o centro não é aqui; nós somos periferia. Isso é que faz o tal “modelo de gestão”.
Assim, não se estranhe que o idiota que vive sucessos e derrotas de seu time seja apenas uma peça num grande tabuleiro: Se não existir desempenho artístico não haverá espetáculo; e para isso é preciso uma arena de jogos ampliada num sistema de difusão televisiva de disputas e glórias, onde os heróis são o ponto alto de atração das massas. Ali estará o indivíduo atlético, forte, indômito e vitorioso, debaixo de cuja imagem todos vivemos.
É da gênese do capitalismo destruir para produzir, crescer e acumular riquezas. Dito de outro modo, colher, ceifar ou apreender para transformar em bens. E nosso capitalismo, convenhamos, tem o Dantas, o Lalau, o Ricardo Teixeira, o Eurico Miranda, o Gionédis e o Petraglia. E uma loteria esportiva pra sustentar malandro.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

MUITAS DISCREPÂNCIAS

O mesmo processo de aculturação por dependência econômica, cultural e ideológica se reflete como desculturação por perda da faculdade própria da política. A escola histórico-cultural (Herskovits, 1952) mostrava que não se trataria apenas de um “empréstimo dos modos de vida e seus fatores materiais” e sim de trocas, nem sempre perceptíveis por suas características essenciais. Todavia medidas fixamente sociométricas nunca puderam ser suficientemente usadas na mensuração do objeto de desejo ou das nuances dessas trocas, que mais nos parecem miméticas; e, ademais, elas não se dão apenas no alargamento das relações nacionais e de grupos sociais definidos, pois afetam a todos, porém especialmente às culturas subordinadas ou dominadas; havendo também maior ou menor interesse material e estético, ou para algum evidente proveito social.
Entretanto, o próprio dinamismo social provoca os indivíduos e os estimula a assimilação de práticas de imediata vantagem, que se vão acomodando como fossem aquisições aculturadas. Assim, não é de estranhar que a política seja um proveito e uma satisfação, além de ser um ideário mítico.
Esopo, Fedro e depois Iriarte como Samaniego percorreram o filão das fábulas. Os modernos, no entanto, lembram apenas La Fontaine por fazer com donaire a metagogia do agrado preceitual em suas evidências. Mas todos sabemos quão exemplares podem ser esses feitos que se entranham em nosso cotidiano de classe.
A sua vez, Jules de Levère afirmou que a fisiognomonia esforçou-se em ser uma caracteriologia, isto é, pela aparência, logo suposição, e nelas pela fábula, procurava discernir as condutas e suas motivações. Porém acabou por enredar-se na própria aparência das pessoas e dos bichos dos quais extraíam alguns traços. De qualquer modo, os preceitos morais, as parábolas, as fábulas e os oxímoros sintetizam contradições, conflitos de interesses e preâmbulos éticos, impondo-se na forma de pequenos enigmas à moralidade e à cidadania. Essas foram as conclusões de Norman Malaídes (Essays of Fortunes), que emprestamos para salvaguardar nossa inteligência sem decair nas imprecações.

AS FALTAS

(A dom Félix Maria Samaniego, inspirador de virtudes)

A zurrar coçando-se pela cernelha
uma besta pastava na pradaria,
indiferente a fartura e calmaria,
atenta ao esvoar de uma abelha.

Animais de diferente espécie
cuidam-se a proteger sua comida,
outros, frustros, invejam a messe
que à boca não lhes foi servida.

A besta tinha ainda outros débitos:
à abelha por consumir-se em mel
à cabra distraída no manar o leite.
A todos lhes invejava os créditos,
assim azedando-se no próprio fel
de não acomodar-se em seu aceite.

Não por servir ao seu destino
nem por ruminar a sua grama,
o que essa besta de si reclama
‑ o que lhe escoiceia o desatino ‑
era ver alguém viver a fama.

(Conceito:)
Ninguém se faz de repente néscio,
cada qual foi feito como cresce.

José Luiz Gaspar

A CENOURA

Contam que um mu atribuía à carroça arreada sua facilidade de alimentar-se com cenouras; esquecia do infortúnio ‑ de ter tão bela mãe seduzida por pai ignorante e ronço quando lhe punham os arreios ‑ até antevendo que o penoso sacrifício de puxar fardos era contrapartida de comer muitas cenouras. Algumas fontes afirmam que essa fábula nasceu de Apuleio, outros a apontam como da cultura semítica para figurar que a função e a razão de certos pensares parece inumana por ser irracional.
Mas bem, esse Mu acreditava numa entidade cenoura só porque o ladino que o aprestava costumava esfregar cenoura na arreata e depois na cilha; e ainda pendurava uma cenoura bem a sua frente, como alegre prenúncio de que depois da faina a comeria com outras tantas surgidas em feixes. Os antigos habituaram chamar a isso o sucesso muar, ou engodo místico de pai ronço com égua bonita, porque essa estranha construção ideológica seria a cenoura, a ideologia ou a religião da sabedoria asinina, ou dos rústicos e broncos. Assim denotavam que a ignorância e a sedução podiam gerar um híbrido capaz de ju(ra)mentar que seus anseios e pensamentos constituíam a própria realidade.
Levada tal fábula à psicanálise, Jules de Levère assim a decompôs: o ouro, o dinheiro, o empenho de agir sem princípios para obter fortuna e sucesso, a manha que assemelha astúcia e sabedoria pode ser apenas o mulo investido de seus arreios, garantindo a vida puxando os carros.
Nos tempos eleitorais, em que além de escolhas políticas alguns escolhem arreios para desfilar garbosamente, essa fábula se repõe, a mostrar a importância das cenouras no cotidiano dos mulos.

ALGUMA COISA COM SAL?

De repente, Luiz Inácio decidiu uma reversão: o petróleo já não era nosso porque a Petrobrás vinha sendo privatizada, privatizou-se; e ele então anuncia recriar uma Petrobrás Pré-Sal em nome do povo brasileiro. Esse anúncio afinal seria um prenúncio de “uma virada final” nas parcerias governo/empresas (ditas público/privadas), e no “empreendedorismo na Amazônia e expropriação de reservas naturais: vegetais e minerais? E então não mais continuaremos as privatizações de bens e serviços públicos? Ora viva então!
Podemos então acreditar que as rodovias e ferrovias retornarão à propriedade social como serviços públicos administrados pelo poder público. Aquelas concessões lesivas ao interesse público ou fraudulentas na sua alienação e formatação serão revistas apesar dos arreganhos do Demo? Ou dos ladrares e ganidos do Artur Virgílio, José Agripino Maia, Tasso Gereissati, do manipanço do Piauí e do cachorro vinagre dos pampas?
Devemos esperar que a Vale do Rio Doce, a Rede Ferroviária Federal e as rodovias e ferrovias voltem a seus donos reais, o famoso povo brasileiro? Evoé Baco!, o neoliberalismo pode estar moribundo, pelo menos neste governo! Desde é claro que seja feita a reforma agrária e a tributação das grandes fortunas e primacialmente extinto o superávit primário, que é a maior afronta à nacionalidade carente; e defenestrados o Henrique Meirelles das finanças globais e o Reynhold Stephanes da agiotagem agronegocial com ativos presentes e especulativos futuros às custas do País. E assim a política econômica seja uma economia-política quase-nacional, capitalista um tanto-globalizada porém com progressiva e certa autodeterminação dos nacionais daqui da terra.
Gritemos em uníssono: Apesar do sal da terra, o pré-sal é nosso! Bem... Será.

ALGUMACOISA COM O SAL?

De repente, Luiz Inácio decidiu uma reversão: o petróleo já não era nosso porque a Petrobrás vinha sendo privatizada, privatizou-se; e ele então anuncia recriar uma Petrobrás Pré-Sal em nome do povo brasileiro. Esse anúncio afinal seria um prenúncio de “uma virada final” nas parcerias governo/empresas (ditas público/privadas), e no “empreendedorismo na Amazônia e expropriação de reservas naturais: vegetais e minerais? E não mais continuaremos as privatizações de bens e serviços públicos? Ora viva então!
Podemos então acreditar que as rodovias e ferrovias retornarão à propriedade social como serviços públicos administrados pelo poder público. Aquelas concessões lesivas ao interesse público ou fraudulentas na sua alienação e formatação serão revistas apesar dos arreganhos do Demo? Ou dos ladrares e ganidos do Artur Virgílio, José Agripino Maia, Tasso Gereissati, do manipanço do Piauí e do cachorro vinagre dos pampas?
Devemos esperar que a Vale do Rio Doce, a Rede Ferroviária Federal e as rodovias e ferrovias voltem a seus donos reais, o famoso povo brasileiro? Evoé Baco!, o neoliberalismo pode estar moribundo, pelo menos neste governo! Desde é claro que seja extinto o superávit primário, que é a maior afronta à nacionalidade carente; e que sejam aposentados Henrique Meirelles das finanças globais e Reynhold Stephanes da agiotagem agronegocial com ativos presentes e especulativos futuros às custas do País. E assim a política econômica seja uma economia-política quase-nacional, capitalista um tanto-globalizada porém com progressiva e certa autodeterminação dos nacionais daqui da terra.
Gritemos em uníssono: Apesar do sal da terra, o pré-sal é nosso! Bem... Será.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

GUERRA INTRIGANTE RELEMBRA GUERRA FRIA

Qualquer Pedro Bial, Diogo Mainard ou Bóris Casoy também são seres humanos. Por isso reajo contra as tentativas naturais de denunciar sua ideologia, a que têm inegável direito. Apenas seus pensamentos e ideologizações devem ser vistos e avaliados como doentias expressões da sua sujeição e mísera sabujice recebidas por clisteres em pacotes de “pensamentos politicamente corretos”, administrados pelos interesse dos patrões donos de veículos de comunicação.
E como é preciso pensar grande: esse “pensamento politicamente correto” é produzido, engarrafado e distribuído pelas agências de notícias de Washington‑Wall Street, Londres, Berlin‑Frankfurt e Paris que fazem a mixagem da intelligentsia imperialista com as informações ao dia, clivadas depois pela imprensa multinacional. Os Biais, Mainards e Casoys são meras antenas parabólicas do sistema global.
Eles lá e nós aqui; eles cortejando a intelligentsia a serviço do poder econômico; nós consumidores culturais da sociedade do espetáculo em que eles manipulam fatos, e da informação que eles subvertem e malversam. Ai dos ególatras e déspotas da informação; os deuses se haverão de vingar dessas infâmias (Praza aos infernos!).
Não caberia sangrar-se em saúde com tais pelegos da imprensa (ou de qualquer atividade profissional em que a corrida ao ouro numa concorrência abaixo da ética social faz modelos) porque material de estrebaria é menos importante do que cavaleiro ou cavalo; mas eles não são placebos pois podem disseminar viroses; já que atacam pelo ar.
Sua última virulência se fixa nas Olimpíadas de Pequim: temos de ouvir qualquer dessas bestas expender considerações políticas e sociológicas sobre a “democracia de Bush” e a “contra-democracia de Jintao”. E até mesmo fazem crítica da dublagem de cantores e “denunciam” a fantasia pirotécnica que para a estética deles tinha que ser original de Hollywood. É bem verdade que conhecemos esses escribas e fariseus, o que escrevem e a que servem, mas eles não se estão aí “no topo desta democracia”

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O BRASIL DANTESCO

De vez em quando se fica inteligente; e então nos sacudimos num Deus acuda! O Brasil era um projeto-elite e naturalmente corrupto na medula patrimonialista. Cresceu e se tornou mais... oligarquicamente corrupto; fascistizou-se com a escória burocrático-militar e se tornou monopolisticamente corrupto; democratizou-se capitalisticamente e se manteve estamentariamente corrupto em todas as suas instituições; neoliberalizou-se e social-democratizou-se grandiosamente podre; petetizou-se e se tornou horizontalmente corrupto com a participação de uma nova classe aderindo luminosamente.
Não preciso dizer como estamos; todos sabem, porém costumam justificar suas preferências. E, ao enfatizarem sua ideologia como falsa representação da sociedade em que vivemos, preciso contradizê-los assumindo-me “reacionário” porque averso às habitudes de sujeição política. Para nossa fortuna, a sociedade do espetáculo vez por outra põe a nu a sociedade anônima que manobra a sociedade política.
Nunca se prestara atenção devida em Eugênio Gudin, Otávio Bulhões, Roberto Campos, Delfim Neto, Mário-Henrique Simonsen, Pérsio Arida, Paulo Malan, até que Antônio Palocci, Guido Mântega ofereceram seus préstimos à reorganização burocrática e moral dos negócios de caixa pública... Onde mais do que na chave do Erário está a idéia de cofre, isto é, de que política econômico-financeira estaremos cá a trataire?
Fortuna deles no poder de classe, fortuna nossa no entendimento dos fatos e das coisas que se passam: Paulo Malluf-Pitta, Teresa Grossi-Salvatore Cacciolla, Fernandão-Malan-Dantas-Barros-Lalau, José Dirceu-Marcos Valério, Renan Calheiros e... por aí vai nas “crises” e “episódios políticos”, porém em cada um deles há uma instituição pública, duas ou mais entrelaçadas. O rebote dos escâncaros se dá no sistema político de governo e nos titulares que os encarnam. Por isso, desde a canalha fascista-militarizada à redemocratização, desde José Sarney, Fernando Collor-Itamar Franco e Fernando-Henrique até os padrões Luiz Inácio‑Palocci‑Mirelles‑Dirceu, as políticas e seus abusos nos vêm assustando; agora em ressalte porque “o PT fora nossa salvaguarda da República”.
Se alguém propõe homenagem a Darly porque se acabou a mitologia Chico Mendes; ao coronel Pantoja porque disciplinou os posseiros; ao fazendeiro Rayfran das Neves Sales porque extinguiu as denúncias exóticas de Doroty Stang; a Fernandinho Beira-Mar porque revelou o escabriado Sérgio Cabral; ao Ministério Público (RS) da Yeda Crucius porque expurgando o MST acaba com a reforma agrária, se estariamos “tão-só” a cuidar-se de pormenores. Afinal Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Tasso Gereissati-Agripino Maia-Azeredo-e Luiz Inácio‑Genro-Jobim estão agora na berlinda. A República não são só “instituições”; são todos esses representativos de ultrafinanças, com as oportunidades do Banco Opportunity e com o Superávit Primário.
O sociólogo Francisco de Oliveira caracterizou magistralmente esse lance na área do jogo: a corrupção brasileira é entrosada, institucional porque estrutural; à direita e à esquerda. Saudações petistas.

sábado, 9 de agosto de 2008

ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE A CURITIBA POLÍTICA 1956 / 1966

Em vez de 1945, quando aqui não estava, falo de 1956, em que cá vim e fiquei. Porém, ao me referir ao período 1945/1955 estarei usando algumas referências de terceiros (especialmente de jornalistas).
1) Ney Amint(h?)as de Barros Braga talvez já tivesse endossado a democracia-cristã de Alcide de Gásperi e... Aldo Moro (do processo político antifascista pós guerra e de convivência pacífica com o Partido Comunista Italiano) e assim passara (?) na Prefeitura de Curitiba a ser visto por alguns setores sociais como não-conservador e até “progressista” pelo alardeamento de sua vinculação com o cientista católico Telhard de Chardin (?) . E então a disputa desse discípulo do PR (das reacionárias famílias Afonso Camargo‑Munhoz da Rocha) com o nascente trabalhismo marcadamente sindicalista e populista não chegou de modo claro a toda a sociedade curitibana e paranaense. Notadamente porque a doutrina social do Padre Lebret ajustada à herança do planejamento urbano do Plano Hagache colocavam em cena perspectivas inusitadas de urbanismo e desenvolvimento social.
De alguma forma Ney Braga tentou livrar-se do ranço de Bento Munhoz da Rocha Neto e do PR, apresentando-se também como alternativa ao que veio a ser apresentado como corrupção político-administrativa do Lupionismo (Moysés Lupion de Troya, do PSD).
2) Adiante, na disputa eleitoral, esse “centrismo à sinistra” teve peso e seu governo veio a “consagrar-se” como modernizador do capitalismo: com a COPEL (reativação), CODESUL (depois BADEP), o BRDE(S) (em parceria dos três Estados do Sul), BANESTADO (moralização?), aperfeiçoamento da Receita Estadual, asfaltamento das rodovias Curitiba‑Londrina e São Luiz do Purunã ‑ Palmeira‑ Irati (para continuação futura a Guarapuava e Foz do Iguaçu); além de outras obras de comunicação e conexão estadual.
3) A eleição do major Iberê de Matos (ex-dirigente da Companhia Siderúrgica Nacional em Tubarão e da RVPSC em Curitiba) inclinou à esquerda o Partido Trabalhista Brasileiro do Paraná (que estava sendo levado pelo sindicalismo e previdencialismo chefiados pelo líder Abilon de Souza Naves, com o acolitismo de Leo de Almeida Neves (advogado e jornalista, secretário do PTB do Paraná, nomeado para a CREAI‑Sul do Banco do Brasil) e de Carlos Alberto Moro, sofisticado membro do PTB mas de “mãos-limpas” (sem pôr a mão na massa?), todos com acesso ao Ministério do Trabalho. Porém, “o esquema prefeitural de Iberê” estava dedicado mais à satisfação política do seu trabalho; faltando, ademais, ao PTB uma estratégia de poder mais ambiciosa, de que veio a lastimar-se com a morte do então senador petebista.
4) Na sucessão de Iberê de Matos uma parcela intelectual de esquerda (do PSB) rejeitava Carlos Alberto Moro por ser “um PTB emplumado” e via seu inscrito militante Ivo Arzua Pereira como um engenheiro “progressista e socialista”, porém quando Ney Braga se apropriou de sua candidatura ela já era fato inarredável. E ele depois confirmou carreirismo como ministro da ditadura militar e comissionado assessor de empresas públicas.
5) Haroldo Leon Peres, Paulo Poli e Rubens Requião era o “trio de força”, ou simplesmente o núcleo da caniçalha reacionária e golpista de 1964; ao lado de Anibal Cury (então 1° secretário da AL), Antônio Ferreira Rüppel (2° Secretário, depois presidente) e Paulo Camargo (então presidindo a AL). E logo que a estrela de Haroldo Leon Peres começou a lampejar como representante da ditadura no Paraná, Jaime Lerner conseguiu apoio pessoal e da colônia judaica para um cerco ao “negocista do café do IBC” e “moralista político”; e logo pediram apoio diplomático do médico Aron Galperin e de sua mulher, a professora Fanny Brof(s?)man, residentes em Maringá, distrito e sede de Leon Peres.
Entretanto, não bastavam indicações de pretendentes ao Paço Municipal e o comandante da 5ª Região Militar, General Samuel Alves Correia, teria designado o coronel Washington(?).Bermudes (servindo no Colégio Militar de Curitiba depois que os gaúchos o denunciaram como torturador e assassino do sargento Manoel Raimundo Soares (afogado no Rio Jacuí, Porto Alegre, no dia 22 (?) de agosto de 1.966 e seus mandatários ainda continuaram dando-lhe tarefas da 2ª Seção: Investigações e repressão política), para sabatinar Lerner e verificar seu ajustamento ‑ desde os começos no IPPUC a seus demais projetos políticos ‑ aos “ideais da ditadura e do sistema imperialista norte-americano. Lerner chegou, viu, provou e venceu.
NB. Espero que você investigue e complemente as dúvidas.

JURIS PRUDÊNCIA

Agora em vez de Dantas
sobe Protógenes a julgamento;
já não se sabe a quantas
está o nosso discernimento.

Desde 1988, o País avança:
o Ministério Público e a PF
tiraram o Judiciário à dança,
caçando quadrilheiro e chefe;
mas por ignorarem os caciques
enfureceram os ilustres patifes.

Pobre que sempre esteve algemado
vai ser ser amarrado pelo pé,
mas rentista só será processado
pelo Supremo em auto-de-fé.

Muito malvisto é um cético
que não cuida primado de lei;
se esse sistema não é ético
não admite ofensa a sua grei.

E para terminar esse desabafo,
faça o que digo, não faça o que faço.
(Ehud Emen)

MARGINALIDADES E VERTICALIDADES

Evoé! Mais 20 milhões de pessoas (completando 86 milhões de brasileiros em êxtase, ou 46% de pessoas vívidas) subiram de classe e já estaríamos ameaçando avalanchar (aluir) as classes de cima. O socialismo bate às portas do mercado nacional, corroendo a acumulação capitalista-especulativa e desenfreada dos 10% mais ricos (oligarcas, aristocratas, plutocratas, com a sua “elite” sebácea apensa nos estamentos administrativos e burocráticos do Estado). E quem está provocando esse terremoto? A doutrina social-nacional do nosso Partido dos Trabalhadores guiada pelos timoneiros Luiz Inácio Lula da Silva-Henrique Meirelles-Guido Mântega, que tiveram três eurekas: a continuação das políticas neoliberais de Fernando-Henrique, o superávit primário e as reformas sociais lentas em homenagem ao Betinho.
Anunciam-me, com atestado estatístico do IBGE, que as classe D e E estão desaparecendo e que eu também ingressei numa elite social de renda (embora nem econômica nem política, logo sem florescência social) através da caracterização que nos fazem as agências de propaganda como cidadãos-clientes de mercado, ou consumidores de eletrodomésticos móveis e imóveis. Imaginam que até eu possa comprar um Mercedes Benz em fixos de 60 meses, se der uma entrada de R$50 mil!
Fiquei exultante de patriotismo e de satisfação-Brasil, pois que agora vamos enfrentando os inimigos nacionais que sempre estiveram a serviço do imperialismo* (como esses Dantas, Lalaus e Mendes exportadores de juros, royalties e lucros e com retornos em forma de capital, sem ônus fiscal), as oligarquias dos grilos e latifúndios, os manipuladores de agronegócios, os especuladores rentistas das bolsas do presente e dos futuros; enfim os vis detratores dessa grande frente social-trabalhista-nacional, porque alcançamos democraticamente o poder político-administrativo e ameaçamos assumir o poder real das instituições em sua práxis política.
Vou exultante de um lado e meio ressabiado de outro, pois me preocupa que os 10% mais ricos também estão rindo muito. Um deles me provou, debochadamente, que nunca ganharam tanto para cima e para os lados (vertical e horizontalmente) como nos últimos anos; e chegou a dizer-me: “Adoro essa carta náutica do PT. Temos plena confiança no comandante-piloto e em seus imediatos. Assim, nada como um dia depois do outro; motor à vante, como se diz: velas soltas, vamos vencendo procelas e rebojos, sucessivamente”.
(* No “Brasil de Fato”: A Associação dos Engenheiros da Petrobrás denuncia a presença de agente da Halliburton (EUA) nos quadros da Agência Nacional do Petróleo, administrando seu banco de dados e produção).

DEALBAR

Mandei minha cambona
adispondo-le as águas tantas
em demorado brasido,
que é como se esferve mateado.
Porungo mais curtido de conversa
sem terminação que de erva
na folha tosta com gramíneos,
já cancheada al saber do pó;
nos recuantes na madrugada...
E o paladar então travado
vai recortando solito à calma
pensar a solidão do mundo,
na surta coité da memória.
Temperança fragária sorvendo
o verde esconso da minha vida.
J.L.Gaspar

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

ACHEGAS AO DEBATE POLÍTICO

Emergem no debate político conceitos de “valores públicos” que procuram conciliar e harmonizar a sociedade hierarquizada, oprimida e injusta. A catadupa de lugares-comuns usada pela intelligentsia vira instrumento de desvio de problemas reais e faz sua mistificação política. Segurança pública, educação e direitos sociais são as manipulações mais freqüentes.
A luta de classes e o debate ideológico que lhe é inerente põem a nu os interesses das classes em conflito e em disputa de poder político. Porém, enquanto quem alcançou vantagens e privilégios procura dissimular seu “usucapião do poder”, dos usos de bens e abusos de direitos sociais, recorrendo a um fraseado acentuadamente ideológico, o subalterno espoliado vem sendo iludido de sua situação econômico-social e posição político-jurídica, tanto mediante coerção da hierarquia socioprodutiva como da linguagem de poder expressa no debate público.
Não é demais esclarecer que o maior problema político em qualquer sociedade é o da segurança social ‑ que decorre da segurança comunitária de existência, com suas reciprocidades na conquista de provisões, proteções e assistências mútuas e que vem a formar a organização produtiva e distributiva e cimentar as estruturas e instituições jurídico-políticas dos direits em lei (como uma práxis para a Justiça). Mas o que vige entre nós é a insegurança social, e um dos seus aspectos é o privilégio jurídico de classe nos códigos de processos e nas próprias leis e sua hermenêutica; o outro, sua contraface, são as ações impositivas contra direitos sociais e ademais com mandamento policial. O debate oportunista procura transferir a questão segurança social para os procedimentos policiais.
De que educação carecemos? Antes de mais nada da educação política ou civilidade que emerge da confiança mútua em sociedade; porém ela resulta de uma consciência da igualdade real de direitos (políticos, econômicos, sociais) nas práticas produtiva e social e nas relações de todo dia. O termo latino educatio se refere à alimentação (nutrição), criação, em família e grupo social, e à cultura como práxis e vivência; antes de ser o educatus (o paciente da educatio). E, enfim, educo, que se refere à ação para aqueles fins.
A informação-instrução-orientação-educação formalizada é a institucionalização do processo orientacional-instrutivo para o paciente se transformar em agente social, no seu interesse e no de toda a sociedade. Entretanto a educação formal, a informação de saberes e da prática de fazeres, é perspectiva e orientação que necessita de igualdade de acesso e segurança sociais entre classes distintas ‑ aquelas que já têm seu lugar marcado no sistema econômico-social vigente, para-vivência na administração e controle das relações de classe; e os alienados subalternos iludidos a que “tem bastado” sumária informação cultural e científica.
Somente uma educação específica e concentrada poderá “compensar” essas diferenças de classe na educação formal. Então, paremos com essa patranha de dizer que a educação (formal) é o nosso déficit e falta como “civilização” tropical. Quanto aos direitos sociais, eles constituem basicamente o reverso ideológico desses tais “grandes problemas” sociais e nacionais.

sábado, 2 de agosto de 2008

JORNALISMO "DURO"

Assisti contristado ao primeiro debate dos candidatos a prefeito de Curitiba, na iniciativa da TV-Bandeirantes. Fiquei estupefato ante essa “esperteza” dos dirigentes da emissora e decepcionado com a complacência dos participantes a esse despiste às grandes questões; compreendi então que “os criativos” autores da proposta de “calçada-passeio público” desnaturado só poderiam estar industriados por interessados ou, simplesmente, pelas autoridades objeto de análise e julgamento. “Metafórica” é a fraude política.
Os temas que as pesquisas nos mostram priorizados pela “opinião pública”, como segurança, saúde, transporte, educação e emprego, não mereceram o foco inicial por iniciativa da TV. Incompetência, distração ou má-fé?
Convido as pessoas conscientes e ativas a enviarem seu protesto à TV-Band, para que saiba que não pode nos passar o atestado de trouxas e omissos