segunda-feira, 29 de junho de 2009

CONFRARIA DOS TRUÕES

Fui intimado por um grupo de estudantes a oferecer respostas à crescente desagregação cultural-política em confronto às informações técnico-científicas que se transformam em vulgatas (“pragmática”?) educacional-culturais. Difícil entender cientificamente, para explicar coerentemente, que sei eu, senão que a pressão de massas e a sua comunicação social estão caminhando em sentido divergente; exatamente porque meios privados de comunicação social não correspondem ao que necessita a sociedade para informar-se.
Preferi fazer uma autocrítica por me terem incluído no rol dos sabidos. E a partir daí usar o senso comum: além da apropriação privada da informação e da hierarquização de sua importância “para venda”, nos interstícios dos grupos, estamentos e classes transparece a hegemonia de poder de classe e suas atividades intelectual e técnica que passam a orientar os interesses gerais, impondo chefias e lideranças alienadas.
Todavia, isso não é tudo: a feroz disputa de domínio político-cultural entre segmentos sociais faz das idéias sociopolíticas e do estilo pessoal das lideranças um especial cenário cultural-político a limitar as atividades de grupo. Chega a ser mais grave ‑ para contra-reptar a alienação social e política ‑ a ação dos grupelhos performáticos “donos do discurso ideológico” com que substituem a realidade social por seus desejos enfeitados de utopias: eles ocupam o cenário e os debates.
Em resumo: não sou a pessoa indicada para responder e não sei realmente o sentido político e ideológico dessas perguntas. Se alguém puder esclarecer como estão funcionando esses pequenos clubes ideológicos de irados alienados, ou tiver a chave do cofrinho do saber, por favor abra-o para nós.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

QUEM LHE VIU A CARA ATURDIDA MAS JÁ NÃO CONSPÍCUA

Assumiu convicção e não mais passar de tolo ao se envolver em julgamentos de caráter mais do que de atitudes e disposições de classe que conformam a política. Aquele varão era afinal José Sarney, decantado institucionalizador do processo de “redemocratização” que vem aos tropeços desde 1988 embaindo as classes subalternas brasileiras.
Aquela cara moldada ao singular é do mais antigo feitor de sesmarias, senhor de terras e poderes mal-havidos desde os primórdios da República dos Terratenientes, em que o estalão militar para garantir-se influência e poder se associou à decadência patrimonialista da aristocracia de segunda classe que dividiu e dilapidou o Brasil pós-colonial.
O biltre, o pilantra, o “patife ilustre” com que o distinguiu a política brasileira de 1936 a 1964 e daquele ano até 1986 tem sido uma “garantia democrática” de que seremos a “herança da terra” e da violência social de classe sob as guardas do liberalismo- conservador; agora em aliança com o “populismo de esquerda” vestido de capitalismo social para todas as as garantias da estabilidade econômico-política.
A cara aturtdida era porque alguém se atrevera a denunciar-lhe a corrupção deslavada no condomínio do Senado da República.: Foi, era, é, responsável pela corrupção institucional das nomeações e concursos irregulares no Senado da República, Como em todas os importantes aliciamentos de corrupção e votos nas cortes superiores do País, do Superior Tribunal de Justiça ao Tribunal Superior Eleitoral e destes ao cerne do poder institucional, o Supremo Tribunal Institucional. Entre eles, a defesa “mercenária” das imputações feitas a Roberto Requião de Mello e Silca, que se deve, ao mínimo, o bejja-mão publico.
Nada acontecerá a José Sarney, Gilmar Mendes, Fernando-Henrique Collor de Melllo, Pedro Mallan e consócios. Afinal, essa é a República em busca do destino dos incluídos e dos trabalhadores organizados sob o novo peleguismo políticos.

POEMÁTICA

Ao inventor do quadrado de quatro pontas
José Luiz Gaspar

Xamãs tupiniquins alvoroçados
‑ cada qual com seu fado ‑
vão denotando como que se faz
‑ um pouco na frente, outro atrás ‑
espetar pelo ramos as rosas
‑ galhofando-as nas glosas ‑
de raspar seu lápis na lousa
‑ para extrair enfim outra coisa.

Apenas um som não faz sentido
seu sentido é que procura o som.
como criança brinca de bandido
enquanto o ególatra tasca seu tom.

Todas palavras gozam à ideofrenia
arritimando-se pelos batecuns,
sempre desiguais como um +um.
O coração despulsa nessa sangria
ensandecido numa feroz dislalia
em que coaxaria refaz sua cultura.
Aí, a bilurribina exsuda acumputura;
a pele triscada, um calor à mente
e no verbo um som intermitente:
Batecum! Batecum, mais um.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SACRIPANTAS E ANÔNIMOS

Quem é o responsável pelas mortes nas estradas brasileiras, que, além de delegar o bem público rodovia ao empresário privado, se omite no controle jurídico-policial dessas vias assassinas? Nem rodovias nem veículos nem passageiros estão sob responsabilidade do Estado? O Poder Executivo se omite e alega que somente as parcerias público-privadas poderão privatizar as graças e desgraças públicas.
Quem ou o que indicou, facilitou e protegeu (a confraria do poder?) servidores do Senado nas operações fraudulentas, que vêm sendo executadas com inteira liberdade. Quem protege latifundiários e grileiros responsáveis por trabalho escravo, por roubo de bens naturais, por irregularidades de localização e funcionamento -- os quais, flagrados em ilícitos e condenados à perda de propriedade, são mantidos pela desídia do governo Lula e seus comissionados --, enquanto jornais, procuradores e políticos desencadeiam campanhas de infâmias contra os postulantes da reforma agrária?
“Patifes ilustres” não são apenas os condôminos da família José Sarney, donos da Sesmaria Maranhão; nem o capo Ronaldo Caiado, médico consócio em grilos (ilegítimos de origem, confirmados na posse e legitimados pelo mando político) e protetor de terras legalizadas pela incúria oficial e pelo compadrio eleitoral. Nem Gilmar Mendes, essa mais abusiva e afrontosa figura institucional brasileira, que deve ser apontado como líder dos malfeitos, um exótico juiz-delinquente a pisotear o que restou de nossas virtudes cívicas.
O que chamamos “democratização” é um processo de aculturação desses privilégios e escândalos -- que vão da apropriação de bens públicos, à posse e autoatribuição de serviços e funções públicas, ao nepotismo deslavado, à concussão associada à corrupção funcional --, e o processo político-eleitoral é a consolidação desses usos e costumes.
Agora mesmo, o Instituto Médico-Legal do Paraná diz que não lhe sobrou uma gota de sangue do deputado Carli para ver se álcool e cocaína o levaram a matar dois jovens com seu automóvel a 190 km/h. O “procedimento legal” foi fazer exame de dosagem nos rapazes mortos ao receberam o impacto. A justificativa estúpida é de que o exame de sangue de um deles (em coma), o deputado, não pode legalmente ser feito para instruir o processo, porém o dos rapazes, pobres e anônimos, a rotina e a lei mandam. O tempora, o mores.
Por último, “a solidariedade oficial ao causador”, por sua condição de deputado, é a demonstração da complacência com crimes e desrespeito aos mortos”.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ESTARRECIMENTOS

Dois Estados teocráticos: Israel e Irã ‑ o primeiro, capitalista-desenvolvido, mas dependente na condição de Estado-enclave norte-americano; o segundo, pré-capitalista no geral, mas com áreas progressistas e avançadas já coordenadas pelo capitalismo de Estado.
A autodeterminação popular-democrática em sua expressão mais nítida não existe em ambos, embora a formalidade eleitoral. Nos dois, as pessoas independentes e/ou laicas (pelo menos como ativistas da liberdade pessoal) constituem minorias subordinadas à realpolityk de seus governos teocráticos, que se apresentam ameaçados por um inimigo “mais ideológico” (com base no ódio étnico-racial, colonialista-anexacionista e com suporte de forças militares supraterritoriais) do que “político” no sentido de clareza quanto a ações, forças e definição com domínio de fronteiras.
As condições de existência são diferentes: o Estado teocrático em Israel, aceito por todos os judeus como fundamento do colonialismo e expansionismo sionista, é base militar-imperialista dos Estados Unidos para o controle político do Oriente Médio e para apropriação das reservas minerais estratégicas da região. O Estado teocrático do Irã foi reinstaurado ideológica e politicamente para alcançar a independência nacional e liquidar o regime aristocrático-colonialista de Rehza Pahlevi imposto pelos Estados Unidos e Inglaterra para a “sua colônia petrolífera”; daí o apoio nacional com que conta.
Nova diferença: a “Grande Israel” apoiada por Washington e por seus asseclas da OTAN é um projeto estatal colonialista-racista que já ocupou territórios além do que lhe fora concedido pela ONU em 1947-48 e transformou os remanescentes histórico-proprietários árabes em mão-de-obra oprimida e semiescrava (como “deveriam ser os árabes” para o “Ocidente”?); ademais, tudo assim se vai apresentando como consolidação de uma política e sua cultura ocidental-cristã no Levante. O Estado teocrático do Irã sustenta persuasão ideológica muçulmana para atingir a exemplar conduta civil, não confia em não-religiosos para as funções de Estado, porém não confisca terras de não-crentes ou de alheios ao impressionismo maometano, que gozam de toda liberdade civil.
Os Estados Unidos e seus comandados na ONU conseguiram há 10 anos anular a caracterização político-ideológica do sionismo como doutrina colonialista-militarista e racial para a formação de um Estado no Levante. E conseguiram porque lhes “é vital” um Estado-enclave, contra as evidências fascistas do governo judaico sobre os povos e nações do Oriente Médio.
Estamos assim, quando aqui no Brasil centenas de judeus sionistas se movimentam, com apoio comprado na imprensa servil aos Estados Unidos, contra os discursos claros e objetivos do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad a respeito do sionismo, de Israel e da política colonialista norte-americana. As mistificações ideológico-políticas do sionismo vão chegando em forma de pressão ao governo Lula. Esperemos: ou mais uma rendição do petismo eleitoral ou a reafirmação de princípios filosófico-políticos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A CORTE E OS NOBRES

Quantos assistiram à troca de doestos entre os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes se sentiram árbitros do insólito. Um episódio “insólito” como raridade e não como rústico e aberrante ‑ infelizmenre ainda inusitado sempre que houver mais em jogo do que opinião e discurso. Sobressaindo-se, a contrapelo do fato, surge alguma acusação subjacente à troca de insultos, a de haver “rusticidade” por falta de “polidez” e “prudência”; a esconder, porém, em cada acusador o cortesão que se confirma um meritocrata de origem, conformação notável e ademais vezeiro no uso de ademanes nas ritualísticas institucionalizadas.
Em verdade, verrinas partiram de Joaquim Barbosa enquanto Gilmar Mendes tentava desviar-se da enodoada imagem pública que lhe está sendo imputada nesta sociedade à procura de modelo democrático jurídico-político.
A conduta civil pública dos ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa de imediato foi distendida: ao presidente do STF por intervenções políticas e jurídicas indevidas ‑ como no “affaire” Daniel Dantas, a Operação Satiagraha, as acusações sem provas da existência de escutas telefônicas. e a formação de entidade e grupo jurídico-dependente de sua tutela privada ‑ enquanto ao ministro (do “baixo clero”?) Joaquim Barbosa pelo destempero com que costuma retrucar desconsiderações no colegiado e pela retórica contundente contra os desafetos; fatos pouco comuns no “aerópago de Minerva”.
Não seja porque a investidura na Suprema Corte deva brunir noviços em cortesãos polidos e afetados e sim porque sua prática corporativa deva aplainar contradições e conflitos ideológicos, de formação e caráter; para que a função precipua de analisar-e-julgar deva ser ponto de equilíbrio de um poder que ao extravasar julgamentos não extravase idiossincrasias e vantagens.
Todavia, além de vontades e personalidades contidas nos ritos e procedimentos tradicionais a ideologia de classe e a ética de compromisso, mais do que de “responsabilidade”, acabará identificando cada membro do colegiado do STF. E então sua representatividade ético-social vai suplantando o brilho da retórica e suas tecnicalidades de valor e proveito.
Têm sido constrangedores os débitos morais e a exótica vassalagem com que os ministros Celso Mello, Vitor Peluso, Menezes Direito et têm encabeçado “a corte ofendida” pela irritabilidade contundente do ministro Joaquim Barbosa. Isso em nome de um “colegiado de iguais”, essas atitudes de vassalagem ao eventual “chefe de poder” ocultam mais do que ressaltam.

ESTRANHOS E PERIGOSOS

Cultura essencialmente ágrafa ou insinuantemente letrada para os efeitos de exibir-se em público ‑ na verdade, só por ter ouvido falar de questões profundas e participado de aulas e comícios, e de fraternizar num clube ideológico-político de auto-apreciação-e-estima ‑ ele é o controverso perfeito idiota que não perdoa o Lula por ser inteligente demais sem diploma e lamenta que Fernando-Henrique Color Cardoso seja cultura das ciências sociais com verniz internacional de falar cinco idiomas. porém não passando de um gangasterzinho barato nas lides capitalistas. Onde você esteja, qualquer que seja o tema, a besta não se avexa de lhe ocupar a paciência com o que leu no noticiário de O Estado de S. Paulo, na Folha de S. Paulo, em “O Globo” e nas revistas Veja e Isto É, ou ouviu algum jornalista comentando questão em entrevista momentosa. O imbecil “prêt-a-porter” da política, à direita ou à esquerda, quer ser notado e nomeado, porque se julga “um seu igual” em preocupação, compromisso e estudo.
1 - Ele é um produtor primário que filosofa: “não cresce uma planta ou um ‘pé-de-pau’ sem que Deus queira” (ou alguém que mande mais); “não se muda metal sem competência e ambiência”, e com apoio na sorte vamos buscando resultados”. O que pensa sempre lhe serviu aos usos e assim leva seu farnel de fatuidadesl. 2 - Ele tem uma profissão conceituada; é “técnico” e reputado sapiente no fazer produtivo para seu circuito de relações sociais interativas; e assim por que o ele ajuíza sobre sociedade e política pode ser tão constrangedor, exceto nele? 3 - Ele tem alguma herança na prática transformadora, da matéria prima em úteis ao mercado; mas desde nunca se sujeitou a aprendiz-técnico nem se entregou à manufatura; para poder manter livre a criatividade, a idéia de produtividade em seu sentido artesanal. Suas opiniões culturais e políticas constituem uma estultice independente e alegre com que se incha de preceitos. 4 - Ele tem uma atividade liberal sacramentada no convencionado “círculo superior” da sociedade civil e na política, porém um universo de interesses inextricados atou-lhe uma presilha ao umbigo com o qual dialoga sua estupidez e vitupera seus dissentimentos. À vista de todos que o invejam de sua prosódia fluente. 5 - Ele é da organização experimentada desse sistema e da produção capitalistas. E não são importantes os fatos que vão sendo vistos e julgados e sim como ele desempenha sua interveniência magistral: como pensa e procede na avaliação do que ocorre para convencer interlocutores, produtores e alvores e propor-lhes práticas produtivas, economicidades alterativas e políticas públicas subsidiárias. Sua palavra impositiva é a articulação dos lugares-comuns com as novas tecnologias virtuais. 6 - Ele é um processador intelectual, um demiúrgo dos acontecimentos que só poderão ir aparecendo necessariamente ressaltados pela significação que lhes empresta sua inteligência. Entrementes, ele reflete sobre a singularidade de sua função social, com o privilégio do seu entendimento e na esplendência de sua iluminação sobre o que lhe toca (sua radiante weltanschaaung!) Sua compreensão é inexcedível e sua valorização soberba.
Qualquer desses filhos das classes em conflito pode ser o cretino que lhe cospe ideologia da “classe privilegiada”, que tem um pensamento “científico-filosófico” peculiar porque “politicamente adequado senão “correto”, na justificação de todos os crimes e iniqüidades. E ele será um dos merdas com que tropeçamos todos os dias nas ruas, casas e repartições; e que lhe dirá algumas “palavras definitivas” sobre qualquer assunto do momento.