sexta-feira, 17 de julho de 2009

BEM FEITO!

Recebi a segunda intimação para prestar contas como “empreendedor” da peça “Os Idos de Março e os Ódios de Abril”, encenada sob a direção de Paulo Maia e com elenco conhecido. Assim, minhas tentativas de prestar contas através de contador contratado e com experiência setorial resultaram frustas, à falta, talvez, do ajuste pessoal a que aquela Fundação Cultural está por tanto sujeita.
Jamais pretendi, além de teatro sério, coletar recibos fraudulentos, borderôs”inchados” e salários adulterados; não fiz parte dos grupos de interesses que selecionavam peças e atentavam sanidade “empresarial” às “famílias de empreendedores” (grupos que faziam o rodízio familiar dos postulantes aos financiamentos públicos), E, ao contrário, foi-me oferecida a inauguração da Casa Vermelha e retirada a oferta 12 dias antes do espetáculo como um sobejo.
De qualquer modo “contestada” a prestação de contas que fiz, fui intimado a “represtar” documentos assecuratórios das minhas despesas com dois elencos em que a peça se transformou, sendo que os “Idos de Março” sob minha direção e os “Ódios de abril” sob a direção de Paulo Maia. Às vésperas da representação da minha parte concelei-a depois de alguns incidentes com o ator Edson D’Ávila e com sua mulher-dirigente do sindicato dos profissionais de Teatro onde intrigava a corporação.
E assim, incorporei os “Ódios de Abril” como a parte efetiva de um processo geral com o conteúdo essencial da peça que Paulo Maia e um bom elenco transformou num grande espetáculo.
Volta a burocracia intelectual da Fundação Cultural de Curitiba à sua fixação com a seriedade cultural que não alcançou com o “seu empreendedorismo de fachada. E, escolhendo ao alvitre dos honestos e virtuosos dirigentes, procuram justificar a sua ação seletora nas aventuras artísticas.
De uma coisa estou convencido: se eu sabia que aquilo não podia ser sério, por que me fui socorrer de seus recursos para tentar fazer teatro? Não me deixaram e se fiz alguma coisa importante dela não fizeram registro público. Paguei a todos o melhor salário; fiquei mais pobre e devedor numa prestação de contas que a burocracia política exulta em cobrar.
NB. Eles afirmam que eu devo; eu afirmo que me devem seriedade. E quem quiser saber, falem com diretor, técnicos e atores que já se empenharam.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CONFISSÕES LULISTAS

Alienações políticas de lado, esperanças desarrazoadas à parte, sempre tive de reconhecer no companheiro Luiz Inácio Lula da Silva a liderança social formada no duro combate da existência subalterna. Experiência no trato humano + intuição e coragem fizeram dele o ícone político proletário esperado pelos movimentos de massa organizada ‑ vinha preencher o vazio que o agitpropôs do Partido Comunista Brasileiro, na sua retórica revolucionária sem comando revolucionário e sem quadros políticos, espargiu pelas cabeças tontas da intelectualidade e do oportunismo sindical.
A formação do Partido dos Trabalhadores não tornou claro, entretanto, se a malícia da “Igreja de esquerda” por uma “terceira via” política frente ao apoio social conservador da classe média à ditadura militar havia feito suficiente advertência de que “no Ocidente” não haveria lugar para democracias “cristãs” regidas pela força do povo, Exceto tentativas em armas, então já superadas. Os rendidos pelo golpe e desiludidos de “organizações revolucionárias” se renderam: às comunhões pastorais salvacionistas e à agregação de centro-esquerda ora “revolucionária de massas” ora acenando com a “ascensão dos “trabalhadores” pela argúcia da fé,
Compreendemos:Lula não emburreceu; despiu-se da “coroinha”. A luta ideológico-política avançou e os liberais-conservadores aceleraram a corroer as instituições que sempre dominaram com alguma pudicície até o golpe; e agora às escâncaras com a cumplicidade do PT e sua nova classe de executivos. O PT e Lula, sendo sócios ideológicos da “primeira” e da “terceira” vias político-ideológicas tinham que cumprir sua missão: o “capitalismo social”, pequenas reformas capitalistas e o descaramento econômico-político público-privado. O poder político inteligentente sublimado.
Ao final, apascentar o gibão de Gilmar Mendes, ser defensor da corrupção de José Sarney e exaltar Nelson Jobim é demonstrar que vai chegando ao fim aquela ilusão trabalhista de 1980, como coroamento de alguma reorganização política do que restou do trabalhismo e do “revolucionarismo”. Agora vemos, Lula quer salvar a crise não as classes trabalhadoras da crise.
O besteirol que tomou a língua de Lula é a pá de cal da “terceira via proletária”.

O DISCERNIMENTO DAS BESTAS

O que será que Gilmar Mendes acha que seja ideologia? A mente do apedeuta, incapaz de acolher ciência, positividade técnica e objetividade ou os conteúdos de mente conformada pela formação de classe social, seus interesses e fins? Ou, ainda, o conjunto de idéias, demandas e justificações que nos individualizam os desejos e os direitos? O pretensioso aventureiro político, o enxundioso pelego da atividade jurídica, o exibicionista das cavalariças reais berra ao mundo sua constante confusão entre terrorismo e ideologia. Inadvertidamente, é claro, pois sua ideologia jurídico-política, seu convencimento de aproveitar-se do poder e da sabedoria político-jurídica é que, mais do que a capacidade do STF, está sendo julgado pelo Brasil. Ao arremate do coice, o rábula político que se fez advogado, o oportunista que se faz representar na luta pelo Estado de Direito Democrático, Nelson Jobin; o falsificador da redação constituinte de 1988, esse “patife ilustre” que os desvios de Lula levaram a substituir o íntegro Waldyr Pires ‑ para agradar a quadrilha dos mercenários das forças militares ‑; pois essa besta chama de “revanchismo” a reinstauração cabal do Estado de Direito no País, ainda sob a apologia do golpe de Estado de 1964/86. Que essa figura despreziva, sem princípios efetivos, venha a desfigurar a idéia de Estado Social e Democrático de Direito não nos espanta; o que é abusivo é seu infamante discurso, de que não somos capazes de encontrar o futuro que merecemos.
Como reflexo da grande crise sociopolítica, as “altas cortes” da burocracia institucional vem expondo suas origens e conquistas na formação e domínio do Estado-Brasil. Os tribunais superiores mostram a eiva de uma “elite civilizadora” que se sobrepõe ao espírito e às intenções da Constituição de 1988; a “representação político-institucional” das câmaras legislativas se dedicam ao botim de classe, com a idéia de que democracia política é queda de braço entre agentes das propriedades e profissões na afirmação de quem tem contra quem não tem força representativa; e o poder executivo se confirma poder de classe proprietária mas com “renovações democráticas” de novos agentes sociais como “classe emergente” ao poder político: “Os trabalhadores, ao poder”!
De qualquer modo, devemos reconhecer que as duas bestas do apocalipse nos ajudam a reconhecer a enorme crise social, política e institucional à frente. E não nos deixarmos iludir com esse “estágio” das nossas “instituições civilizadoras”, seu capitalismo social e o discurso presidencial da cesta básica e do pré-sal. Denunciemos os “patifes ilustres” e os pelegos políticos e sindicais que lhes dão poder.