quarta-feira, 12 de novembro de 2008

PROJETO BRASIL

Vejo na TV Educativa Lessa, Darc, Ouriques, Gilberto analisando a crise Brasil dentro da crise mundial do capitalismo. Esclarecem: a embuçada ideologia (“pragmática”) Henrique Meirelles é quem imprime as diretivas ao “mercado transnacional-nacional” debaixo da retórica esponjosa de Lula. O país não tem projeto nacional e o Partido dos Trabalhadores não tem projeto político‑projeto social‑projeto nação, assim como Luiz Inácio Lula da Silva tem ignorado o que seja isso. Os aliados do PT no governo agem com o “seu projeto partidário”, de que, afinal, um “projeto Brasil” seria mera dependência.

Um retrato nacional: Tantos de nós falando, tanta imprensa vem interpretando, tanto intelectual vai comentando; como se fosse matéria escandalosa para o dia-a-dia do cliente de mercado, consumidor adimplente, dialogista impenitente. Enquanto aqueles entrevistados vão ao fundo das desídias brasileiras, dos interesses escusos no governo, os intelectuais orgânicos com destaque partidário fazendo seu serviço a interesses e comissões, os militantes políticos destacando o proselitismo e seu carreirismo, os adictos à burocracia de Estado fazendo ou cumprindo programas pontuais ao ponto. A burrice larvar suportando desde baixo esse cretinismo político, social e cultural.

Uma coisa vamos aprendendo: além da existência de classes e estamentos sociais sincronizadas ao poder político-institucional (a direção capitular dos três poderes é o retrato desse Brasil mais-ou-menos; mais pra menos!), além dos movimentos e partidos representativos desse “crisol democrático” com suas lideranças oligárquicas, além da violência jurídico-política com que o poder “inclui” e “democratiza” a subalternidade social, temos a esplendente retórica governista ‑ debaixo da qual todos os estultos se avassalam no voto “esperança”.

Eu, intelectual impotente, assisto àquele programa sério, profundo e motivador mas reconheço minhas incapacidades (não apenas “desistências”). O governador Roberto Requião faz “o ponto”, retorizando os pronunciamentos políticos dos mesários; assim cumprindo um papel complementar à coordenação de Beto Almeida. Nesse discurso, os presentes não têm dissonâncias, e até Requião abrilhanta-se na oratória. Então, cada um de nós em seu papel, sua função política, e eu ali me reconheço assistente inútil: meu discurso político além de não ser suficientemente fluente e estruturado vem rebatendo numa esquerda ideologicamente corrupta e comissionadamente viciada pela pecúnia.

Alguns programas de debates ‑ entre eles esse da TV-Educativa ‑ despertam a inteligência política e o compromisso social-nacional. E aqueles debatedores fazem sua missão social com clareza e descortínio, embora a continuidade política venha a se fragmentar no aristocratismo do governo Requião, como a se chocar com a “nova classe no poder político-administrativo” do governo lulista do PT-PC do B-PSB e outros “brasileiros”.

Estamos sem força para adiantar essas lições.

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