quinta-feira, 9 de julho de 2009

O DISCERNIMENTO DAS BESTAS

O que será que Gilmar Mendes acha que seja ideologia? A mente do apedeuta, incapaz de acolher ciência, positividade técnica e objetividade ou os conteúdos de mente conformada pela formação de classe social, seus interesses e fins? Ou, ainda, o conjunto de idéias, demandas e justificações que nos individualizam os desejos e os direitos? O pretensioso aventureiro político, o enxundioso pelego da atividade jurídica, o exibicionista das cavalariças reais berra ao mundo sua constante confusão entre terrorismo e ideologia. Inadvertidamente, é claro, pois sua ideologia jurídico-política, seu convencimento de aproveitar-se do poder e da sabedoria político-jurídica é que, mais do que a capacidade do STF, está sendo julgado pelo Brasil. Ao arremate do coice, o rábula político que se fez advogado, o oportunista que se faz representar na luta pelo Estado de Direito Democrático, Nelson Jobin; o falsificador da redação constituinte de 1988, esse “patife ilustre” que os desvios de Lula levaram a substituir o íntegro Waldyr Pires ‑ para agradar a quadrilha dos mercenários das forças militares ‑; pois essa besta chama de “revanchismo” a reinstauração cabal do Estado de Direito no País, ainda sob a apologia do golpe de Estado de 1964/86. Que essa figura despreziva, sem princípios efetivos, venha a desfigurar a idéia de Estado Social e Democrático de Direito não nos espanta; o que é abusivo é seu infamante discurso, de que não somos capazes de encontrar o futuro que merecemos.
Como reflexo da grande crise sociopolítica, as “altas cortes” da burocracia institucional vem expondo suas origens e conquistas na formação e domínio do Estado-Brasil. Os tribunais superiores mostram a eiva de uma “elite civilizadora” que se sobrepõe ao espírito e às intenções da Constituição de 1988; a “representação político-institucional” das câmaras legislativas se dedicam ao botim de classe, com a idéia de que democracia política é queda de braço entre agentes das propriedades e profissões na afirmação de quem tem contra quem não tem força representativa; e o poder executivo se confirma poder de classe proprietária mas com “renovações democráticas” de novos agentes sociais como “classe emergente” ao poder político: “Os trabalhadores, ao poder”!
De qualquer modo, devemos reconhecer que as duas bestas do apocalipse nos ajudam a reconhecer a enorme crise social, política e institucional à frente. E não nos deixarmos iludir com esse “estágio” das nossas “instituições civilizadoras”, seu capitalismo social e o discurso presidencial da cesta básica e do pré-sal. Denunciemos os “patifes ilustres” e os pelegos políticos e sindicais que lhes dão poder.

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