segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

MASSAS, LÍDERES E QUADROS

Um grupo de militantes sociais avoca o debate político a respeito da relação das massas desejantes e as lideranças políticas sob a égide do socialismo. Debate permanente em qualquer organização econômico-política, desde que nossa individuação no contexto do sistema produtivo capitalista colocou a liberdade pessoal de direitos ao centro da institucionalização política. E assim o desejo de liberdade e autonomia se esgota numa “liberdade pessoal metafísica” (ou num individualismo econômico-político que é identificado como democracia do 1+1+1 até o conjunto, mas sem transcendência coletiva).
{Sem interpor com doutrina ou psicologia social, onde a expressão massa adquiriu conceitos muito especiais, existe um ideário que nos sugere que a “mais valia já entregue inconscientemente pelo costume” e as “fragmentárias funções produtivas” criaram um anonimato de produtores que se transmuda para um anonimato civil ‑ e antes de se compreenderem vítimas dessa “extração do corpo e do espírito” os grandes grupos de trabalhadores sem consciência de classe são apenas massas desejantes‑ à espera de esclarecimentos).
(Por sua vez os agentes politico-sociais caracterizados como “socialistas” são uma diversidade de sujeitos, alguns líderes profissionais e/ou de massa e outros, intelectualistas “libertos” de obrigações e razões, racionalizam sua visão de mundo (Weltanchaaung) e se reservam sua metodologia privada de ação e comportamento. Apenas um sofisma sob esse conceito os irmana, ilusoriamente.}
Chefias conscientes X massas inscientes constituíram um equívoco na experiência social, e entre os movimentos revolucionários um elitismo desnaturante e perverso. A complexidade da vida atual em todos os aspectos gerou situações profissionais e posições econômico-políticas novas ‑ ainda que persistam classes, estamentos e até mesmo castas sociais. Essas situações decorrentes da divisão social do trabalho e acorrentes na posição concreta dos trabalhadores industriais (e sob características diferentes no crescente setor de serviços, e bem ainda nas atividades rurais) foram mais submetidas a disciplinamento jurídico-político, agora ante a dispersão da atividade e com vida fragmentária, porém sob o guante do totalitarismo de instrução, doutrina e coerção social do dito “sistema perfeito”, ao “termo histórico” das nossas liberdades individuais e coletivas: esse sistema político-democrático-representativo, inspirado no dinamismo social do capitalismo. Ao qual é preciso oferecer análise rigorosamente crítica.
A inteligibilidade da dinâmica na atual antinomia fastígio-declínio do sistema capitalista coloca enigmas e exigências para aqueles que desejam destruí-lo: em primeiro lugar o entendimento de que “a alma” do sistema capitalista não pode “e não deve” ser salva (é indomável nas suas exigências de expansão e destruição!) e daí todos os “pesquisadores”, “cientistas” e “faiscadores” que costumam identificar as liberdades e os direitos humanos e sociais com o “espírito da revolução burguesa” se colocam como obnóxios no campo da contra-revolução socialista, ou simplesmente oportunistas.
Mais do que discutir “lideranças carismáticas” e “quadros” revolucionários (ou o que seja isso) importa deslindar o contexto político das relações sociais de classes institucionalizadas frente às demandas das classes trabalhadoras nos seus diferentes estados de consciência social e política. Sem espontaneísmos alienados, sim com a iluminação de teorias político-sociais orientadoras.

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