sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CONFICTIO IDEOLOGICUS

Embora apertados pelos desafios a nossa práxis, cujos direcionamentos e soluções positivas são esperados, devemos lembrar os arcanos da dialética materialista: “a aparência é uma forma do ser que nos falta descobrir.” Assim, ao que aparece, também um espíritu inquinatus deve precaver-se de intempestividades: ao se confirmar que a luta de classes é a instância racional do processo político e das eleições censitárias, ainda que os oportunistas queiram justificar-se ardilosos “em lidar com a massa conformada pela ideologia corrente”.
Não é de estranhar que as classes deprimidas (confusas, oprimidas, exploradas, porém alegres convivas na sociedade do espetáculo) submetam-se a quem dá demonstrações de influência social e poder; daí a luta das classes sociais ser atravessada pelo “poder” (porque o “oráculo da esquerda”, o “retórico socialista”, o “intimorato lutador social” está tendo “esse poder” de liderar, organizar, educar e conduzir demonstrando um “poder real” dos trabalhadores? Em que sentido e com que resultados?) e esse poder “social” teria algum eixo nitidamente focado, com meios de ação coletivos e lideranças confiáveis pelo processo organizativo social e pelos caminhos políticos?
Nós, extratos alienados da classe burguesa e periféricos políticos às classes mais oprimidas e exploradas, estamos tentando fazer o quê? A quem servimos quando nos investimos no papel tutelar aos necessitados? À conquista do “poder de representação política das massas” (censo-eleitoral), em alguma promoção social das próprias lideranças sociais pré-existentes dentre a massa; ou a alguma “revolução político-social” na dinâmica de uma sociedade capitalista ‑ cujo centro econômico-político é a inelutável expansão do lucro, diretamente ou através de “ajustes progressistas” na produção e situação das classes sociais dependentes?
Nascido parte e umbilacalmente ligado às classes trabalhadoras, o PT foi cambiando ao sabor de sua “elite trabalhista” (artesanal, sindical, jurisprudencial-trabalhista, magisterial e “ativista do meio social”) até confirmar-se um estamento político “pequeno e médio-burguês” a serviço, em primeiro lugar do quê? Do “movimento sindical” e sua advocacia trabalhista, das ações sociais públicas, das ongs-“sic’, das empresas prestadoras à administração pública, dos fundos da previdência? Assessores do camarada Carlos Slin, das empresas de transporte coletivo, do pró-lixo, da educação, da saúde, da gestão do meio ambiente(?), para o Cecílio-Carvalhinho-Anibal-Alexandre-Derosso Cury, para os grupos de educação, saúde, segurança, ou para o Daniel Dantas?
Todavia, não adianta agora fulanizar culpados de desídias nem os que enricaram como rufião de luxo dos trabalhadores e do “pessoal da esquerda” se não tivermos consciência de que atitudes e posições de classe (que criaram essas variantes sob o nome de andrismo, anholismo, estiquismo ou...) de qualquer “afiliamento” dito ideológico de grupos que misturam sua ascensão social com os interesses da luta de massas. E, ademais, por que e como acusar quem fez ou faz algum trabalho de arregimentação mesmo ao seu modo (desde com direção clara social) quando também tem que “salvaguardar o seu grupo” (que “não deveria ser uma facção!”) dessa degenerescência que se vem revelando “poderosa” nas disputas de chefia partidária?

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