sexta-feira, 10 de outubro de 2008

TÃO GRAVE

Confrangido pelas verdades, atormentado pelas incúrias, acometido de culpas, faço um pedido de anistia temporária: não mais perturbarei aqui o discernimento político dos “vigilantes socialistas” e de seu contrapeso, o redivivo “Clube da Lanterna” (“O preço da liberdade é a eterna vigilância!”‑ UDN). Porém antes de ir para um merecido ostracismo, vou re-expor algumas debilidades ‑ pouco entendo de política, sou malformado em filosofia e em ciências sociais; disponho de poucas informações histórico-políticas; sofro de inadimplência sensualista, estética e erótica, às vésperas dos 80 anos. Claro, também, que não estou de cabeça baixa ante os inquisidores.
Enquanto o tribunal revolucionário marxiano avalia este pedido, solicito que todos os comunistas, socialistas, democrata-populares e afins se mobilizem, reúnam e discutam a crise econômico-político brasileira dentro da crise sistêmica do capitalismo globalizado, da qual se foi conhecendo sucessivamente uma penhora imobiliária, um déficit financeiro, um vazio de investimentos produtivos, uma algaravia das bolsas especulativas de valores, uma “quebradeira” de especuladores e credores fraudulentos, mas com a extensão dos danos a toda a população mundial. Para cujo placebo sanitário, a sociedade emergente nos oferece o suicídio (das classes trabalhadoras e dos ingênuos “investidores”), sem a devida correção das relações entre a estrutura produtiva e as condições de vida dos produtores frente ao manipanço “Mercado” e seus gângsteres neoliberais; muitos acoplados ao complexo industrial-militar (EUA) onde se acumulam déficits gigantescos (a serem pagos pelos povos invadidos pela “democratização” militar).
Acredito que o Lula da Silva (não seja o da Selva) não faça do seu “Novo-Proer” e das ensanchas aos exportadores, a par de seu PAC com privatizações, o centro das respostas brasileiras à crise mundial. Ignorante da ciência econômica mas premido pelas responsabilidades sociais, atrevo-me a dizer que, na contracorrente da crise, devemos assegurar produção, sistema de trabalho com maior produção e distribuição de riquezas e consumo social. Se as reformas sociais ‑ como a agrária, urbana, educacional, sanitária, de previdência social, segurança pública e tecnológica, juntamente com a reforma política ‑ não receberem maior cuidado político e dedicação do que o “sistema financeiro e agrário-exportador” merecemos ir aos infernos: naufragar sob as investidas financeiras, as “salvaguardas nos preços” de gêneros e dos serviços sociais e com as transferências de custos e abusos para as classes trabalhadoras. E teremos então “vencido as procelas” com os comandantes no castelo de proa (ou Proer?) e a tripulação miserável comendo biscoitos bolorentos e grãos fermentados.
De assim, pleiteio que os republicanos não se submetam aos publicanos, que os democratas-populares rejeitem demagogos e populistas, que os socialistas recusem a liberal-democracia e que os comunistas lavem os pés com água quente e sal. Contudo mandem um recado ao Luiz Inácio Lula da Silva: Não é hora de discurso; é hora enfim de reformas.

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