terça-feira, 21 de outubro de 2008

ME EXPLIQUEM!

Antes da atual depressão capitalista eu já não entendia dos mistérios do Estado dominado e dirigido pelo capitalismo. Depois, com a turvação das diretrizes neoliberais do Brasil, juntamente com outros “nacionalismos” com “democratizações” na América Latina, acreditamos que haveria mudanças significativas no aparelho de Estado, que então passaria a agir pelo menos em busca de um equilíbrio entre as classes sociais produtoras: os produtores diretos seriam ressarcidos da “produtividade extraordinária da mais valia” e dos confiscos públicos que tributam as avenças do trabalho mais do que ao capital.
Vimos a crise e a exposição de fraudes especulativas nas finanças reais e virtuais. E, desde aí, o falecido Lord Keynes foi chamado para ostensivamente salvar o capitalismo especulativo com os recursos públicos de Estado (afinal, especular é sua condição essencial de crescimento!), a pretexto de que estariam salvando a nação e seu sistema produtivo e a própria vida das pessoas; e não só os míseros acionistas classe-média do sistema especulativo das bolsas e de outras instituições financeiras.
Que os 7, 8 ou 20 países capitalistas “desenvolvidos” às custas da espoliação do trabalho e da apropriação do Estado “de bem ou mal-estar social” queiram remir seus déficits, “quebras”, perdas e prejuízos tidos na aventura do roubo e do lucro não é motivo de surpresa. Mas que os governos social-democratas ou democrata-sociais subdesenvolvidos entreguem as classes sociais subalternas para que os Guido Mântega‑Henrique Meirelles e seus tecnocratas desfaçam os últimos laços econômico-políticos do resgate sociopolítico do povo brasileiro é muito mais que um abuso e uma afronta.
Além da retórica bravateira de governo no próprio ato de “salvaguardar” os meios e interesses financeiros e especulativos das casas de crédito e de afiançar aos exportadores e às empresas de obras públicas que o espetáculo vai continuar, o que ficou acordado com as classes trabalhadoras e o sistema da produção de alimentos para a mesa nacional? (As garantias sociais do trabalho e da produção?)
Assusta-me que a “causa nacional do governo Lula” tenha um Brasil do capital e não do trabalho e a “causa democrática do petismo lulista” preconize que as instituições servem ao capital, como o “capital serviria a todos nós”. E foi para isso que nos vem convocando a representação democrática dos interesses nacionais?.

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