sábado, 28 de março de 2009

CADERNO III

“Nos começos foi por efetivos impulso e determinação essa aventura de fazer e construir, mas depois sempre a resistência à opressão política e à exploração econômica mais que seu mando consolidaram os laços entre as gentes e edificaram valores civilizacionais. Agora, entretanto, as classes em pânico apelam a deuses indiferentes ou logo a armas desesperançadas, porque as idéias também ficaram improducentes”. Peres Marquis: “O Espírito Inquieto”.

DE GRAMSCI A ALLEG E FUCIK
“Lá onde Maquiavel exprime a verdade política autoritária, La Boétie formula a possibilidade de sua vertente libertária.” Michel Onfray: “A Política do Rebelde”
Henri Alleg se transformou em memória revolucionária e, pela obra de Jean-Paul Sartre, num símbolo da Resistência Argelina contra o colonialismo francês; Julius Fucik, ativista político, militante revolucionário e um resistente à invasão colonialista-nazista (Tchecoslováquia), se fez mártir da violência capitalista-imperialista e herói paradigmático com seu Testamento sob a Forca; Antônio Gramsci ‑ sendo digno intelectual orgânico do proletariado, ainda que oriundo, “ou por isso mesmo”, de um “à sinistra” liberalismo progressista (Benedetto Croce e Giovanni Gentile) às vésperas da consolidação da sociedade fascista (porta de acesso à “contemporaneidade” por um capitalismo inebriadamente destrutivo) - militante marxista inteiramente dedicado a seu projeto social, paradigma e mártir do ativismo político, do projeto crítico e prática intelectual; deixou um legado que enriquece nossa humanidade, ou apenas esse criticismo político acadêmico?.
Do paradigma para os seres desta planície de pessoas politicamente ativas, podemos destacar os modelos de conduta que nos engrandecem ou envilecem e são fanais para os integrados nas causas sociais, esclarecendo necessárias ações políticas com exemplos. Os demais figurantes os apontam sinceramente como modelos a serem imitados ou contestados; ou, como o faz blandiciosa e maldosamente o fariseu oportunista, lançam acusações aleatórias exemplificando-as com suas “próprias referências ético-políticas” ‑ para então oferecer-se socialmente e obter dignidades e vantagens nos discursos políticos com exaltações éticas: radicalismo de palavras cevado com oportunismo e impostura cínica.
Todavia esses modeladores políticos foram e são casos concretos, em que o perde-e-ganha da política e dos seus projetos sociais se apresentam como situações a serem resolvidas e a serem também eles julgados como “heróis modelares”, nédios militantes ou vilões pelos participantes-coadjuvantes envolvidos na sua causa; embora também, estranha e farisaicamente, por estranhos à vivência desses processos. Todos somos “heróis desistentes”.
O restante correrá à conta da mera curiosidade, perversão política e até mistificação ética quando “passageiros de agonia” ou espectadores até então anônimos se engrandecerem a assumir papel luminar de críticos ideológicos e juízes das autorias nas ações da história.

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