domingo, 29 de março de 2009

CONSCIÊNCIA E REALIDADE POSITIVA

Devo acentuar que o judiciário brasileiro é o valhacouto de todas as corrupções e deformações da vida pública brasileira, através de sua ponte com o interesse privado? Só porque dele se esperam as soluções pelo que assoma em violência social desconforme à convivência em sociedade, ou por ser um poder inamovível e irremediável? Como explicar?
Em corrupção legislativa somos exatamente iguais ao nosso modelo ‑ os Estados Unidos da América ‑, com a diferença de que o grande império incrustou os lobbies empresariais como assessoria parlamentar e o nosso congresso nacional, pudiciosamente, aceita propinas antes das eleições, durante o mandato e depois de deixá-lo; sempre negando que está comprometido “apenas com a atividade econômica”, e também sem alcançar a transparência cínica dos ruralistas e seu pensamento bovino.
Alguém e alguma teoria traduz o encadeamento dos fatos e seu sentido; isso tanto na mística, como na ciência? Até na necessária interpretação política, em que sua hermenêutica é tarefa que vem sendo delegada ao poder econômico-social.
Um texto de Gilles Delleuze me enevoa a cabeça, no sentido da percepção da nossa realidade política: “... Para nós o intelectual teórico deixou de ser um sujeito, uma consciência representante ou representativa. Aqueles que agem e que lutam deixaram de ser representados, mesmo por um partido, um sindicato, que se arrogariam, por sua vez, o direito de serem a sua consciência. Quem fala e quem age? É sempre uma multiplicidade, mesmo na pessoa que fala ou que age. Somos todos grupúsculos. Já não há representação, há apenas ação, ação de teoria, ação de prática em relações de transição ou de rede”.
No que isso ilustra? Sem que eu lhe atribua mais do que um descortínio psicossocial, nós os remanescentes da pretensa “vanguarda do proletariado” não nos conformamos com o deslocamento dessa hipotética representação política. Somos hoje grupelhos e grupúsculos “bem intencionados ou meramente oportunistas”, porfiando demandas sociais, mas na verdade querendo liderar trabalhadores e massas numa sociedade de classes em difração significativa e com vistas a alguma utopia revolucionária sem objeto real.
Essa dissolução entre nós (os agentes sociais) e as classes, que julgamos representar, não seria parte de um malogro intelectual sob uma multipolaridade de conhecimentos e de situações de vida, que não compreendemos porque neles não estamos efetivamente integrados, por baixo? Ou a “pós-modernidade” da cultura burguesa nos aposentou o presente e seu futuro?

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