sexta-feira, 19 de junho de 2009

SACRIPANTAS E ANÔNIMOS

Quem é o responsável pelas mortes nas estradas brasileiras, que, além de delegar o bem público rodovia ao empresário privado, se omite no controle jurídico-policial dessas vias assassinas? Nem rodovias nem veículos nem passageiros estão sob responsabilidade do Estado? O Poder Executivo se omite e alega que somente as parcerias público-privadas poderão privatizar as graças e desgraças públicas.
Quem ou o que indicou, facilitou e protegeu (a confraria do poder?) servidores do Senado nas operações fraudulentas, que vêm sendo executadas com inteira liberdade. Quem protege latifundiários e grileiros responsáveis por trabalho escravo, por roubo de bens naturais, por irregularidades de localização e funcionamento -- os quais, flagrados em ilícitos e condenados à perda de propriedade, são mantidos pela desídia do governo Lula e seus comissionados --, enquanto jornais, procuradores e políticos desencadeiam campanhas de infâmias contra os postulantes da reforma agrária?
“Patifes ilustres” não são apenas os condôminos da família José Sarney, donos da Sesmaria Maranhão; nem o capo Ronaldo Caiado, médico consócio em grilos (ilegítimos de origem, confirmados na posse e legitimados pelo mando político) e protetor de terras legalizadas pela incúria oficial e pelo compadrio eleitoral. Nem Gilmar Mendes, essa mais abusiva e afrontosa figura institucional brasileira, que deve ser apontado como líder dos malfeitos, um exótico juiz-delinquente a pisotear o que restou de nossas virtudes cívicas.
O que chamamos “democratização” é um processo de aculturação desses privilégios e escândalos -- que vão da apropriação de bens públicos, à posse e autoatribuição de serviços e funções públicas, ao nepotismo deslavado, à concussão associada à corrupção funcional --, e o processo político-eleitoral é a consolidação desses usos e costumes.
Agora mesmo, o Instituto Médico-Legal do Paraná diz que não lhe sobrou uma gota de sangue do deputado Carli para ver se álcool e cocaína o levaram a matar dois jovens com seu automóvel a 190 km/h. O “procedimento legal” foi fazer exame de dosagem nos rapazes mortos ao receberam o impacto. A justificativa estúpida é de que o exame de sangue de um deles (em coma), o deputado, não pode legalmente ser feito para instruir o processo, porém o dos rapazes, pobres e anônimos, a rotina e a lei mandam. O tempora, o mores.
Por último, “a solidariedade oficial ao causador”, por sua condição de deputado, é a demonstração da complacência com crimes e desrespeito aos mortos”.

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