quinta-feira, 18 de junho de 2009

ESTARRECIMENTOS

Dois Estados teocráticos: Israel e Irã ‑ o primeiro, capitalista-desenvolvido, mas dependente na condição de Estado-enclave norte-americano; o segundo, pré-capitalista no geral, mas com áreas progressistas e avançadas já coordenadas pelo capitalismo de Estado.
A autodeterminação popular-democrática em sua expressão mais nítida não existe em ambos, embora a formalidade eleitoral. Nos dois, as pessoas independentes e/ou laicas (pelo menos como ativistas da liberdade pessoal) constituem minorias subordinadas à realpolityk de seus governos teocráticos, que se apresentam ameaçados por um inimigo “mais ideológico” (com base no ódio étnico-racial, colonialista-anexacionista e com suporte de forças militares supraterritoriais) do que “político” no sentido de clareza quanto a ações, forças e definição com domínio de fronteiras.
As condições de existência são diferentes: o Estado teocrático em Israel, aceito por todos os judeus como fundamento do colonialismo e expansionismo sionista, é base militar-imperialista dos Estados Unidos para o controle político do Oriente Médio e para apropriação das reservas minerais estratégicas da região. O Estado teocrático do Irã foi reinstaurado ideológica e politicamente para alcançar a independência nacional e liquidar o regime aristocrático-colonialista de Rehza Pahlevi imposto pelos Estados Unidos e Inglaterra para a “sua colônia petrolífera”; daí o apoio nacional com que conta.
Nova diferença: a “Grande Israel” apoiada por Washington e por seus asseclas da OTAN é um projeto estatal colonialista-racista que já ocupou territórios além do que lhe fora concedido pela ONU em 1947-48 e transformou os remanescentes histórico-proprietários árabes em mão-de-obra oprimida e semiescrava (como “deveriam ser os árabes” para o “Ocidente”?); ademais, tudo assim se vai apresentando como consolidação de uma política e sua cultura ocidental-cristã no Levante. O Estado teocrático do Irã sustenta persuasão ideológica muçulmana para atingir a exemplar conduta civil, não confia em não-religiosos para as funções de Estado, porém não confisca terras de não-crentes ou de alheios ao impressionismo maometano, que gozam de toda liberdade civil.
Os Estados Unidos e seus comandados na ONU conseguiram há 10 anos anular a caracterização político-ideológica do sionismo como doutrina colonialista-militarista e racial para a formação de um Estado no Levante. E conseguiram porque lhes “é vital” um Estado-enclave, contra as evidências fascistas do governo judaico sobre os povos e nações do Oriente Médio.
Estamos assim, quando aqui no Brasil centenas de judeus sionistas se movimentam, com apoio comprado na imprensa servil aos Estados Unidos, contra os discursos claros e objetivos do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad a respeito do sionismo, de Israel e da política colonialista norte-americana. As mistificações ideológico-políticas do sionismo vão chegando em forma de pressão ao governo Lula. Esperemos: ou mais uma rendição do petismo eleitoral ou a reafirmação de princípios filosófico-políticos.

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