quarta-feira, 23 de julho de 2008

IMPÉRIO DA "LEI" COMO HEGEMONIA POLÍTICA

Assisti na Globo News (programa Painel, de 20/7/2008) a uma conferência do filósofo José Arthur Gianotti com os cientistas sociais Bolivar Lamounier e Luciano Dias sobre Brasil: Estado Democrático de Direito, conjuntura político-estruturante (consolidante?) e perspectivas institucionais face a ausente “projeto-função estadista” de que carecemos. Bem... Melhor dizendo, era uma apreciação do atual Estado brasileiro, uma avaliação de atitudes e condutas dos agentes públicos institucionais, em particular do atual chefe de Estado, num projeto econômico-social (e político, principalmente?) que eles vislumbram e a que esperam estejamos vinculados por força, digamos, do progresso cultural-político global. Note-se minha dificuldade em tratar o assunto, pois não sei se transcrevo fielmente o resumo, para agora adiantar a quem importe.
Fiquei impressionado não com os enormes conhecimentos teóricos expostos, principalmente ante sua práxis teórico-política de uma práxis econômico-social e em face do ainda precário contingente cultural-político que somos nós debaixo dos mais altos e decisórios agentes sociais na praça (ou nas bolsas). E particularmente quando sabemos que a economia está formada e é dirigida por interesses privados e não públicos. Entendimento para eles fácil; pra mim esforçoso.
A convergência intelectual naquele debate de alto nível tinha pressupostos da filosofia do direito e da análise genérica das sociedades contemporâneas (capitalistas, globalizadas e sumamente “ideais”) de que os três compartilham, e então eu, abismado pela grandiosidade especulativa, desejei muito entender-lhes as considerações e assertivas categóricas. Porém não me restava senão intuir que eles não tinham meus mesmos débitos com o sistema econômico-social e com esse regime político antes de avalizar e consagrar nossa sociedade nacional que mais me parece um “consenso de Brasília” ‑ em que um estadista burilado pelo mercado e com visão de Estado nacional globalizado venha a reconhecer o papel dominante das classes dominantes. E daí ouça com aguda atenção o que dizem Célio Borja, Fernando-Henrique Cardoso e, naturalmente, os três pensadores a respeito de futuro-Estado democrático de direito na esteira de algum projeto-de-Estado, que deveria ter um verdadeiro estadista na função de guia dos valores sociais, políticos, culturais e, naturalmente, econômicos.
Sei que não estou sendo precisamente fiel ao importante debate sobre o ser-nacional, suas elites e a necessidade do futuro antevisto; e assim temo ter desfigurado o que não compreendi ‑ com o risco de maldizer ou vituperar o que minha vã ciência não alcança. Talvez porque eu também não tenha claro qual seria o projeto nacional-desenvolvimentista do plano nacional do PT e do seu governo Lula, e como eles vêem a política democrático-social em curso nas relações institucionais que compartilham nessa alterosa sociedade capitalista-dependente-cosmorâmica. Ufa!
Na verdade, quem afeito assistiu à conferência-convergência dos três intelectuais e tenha horizonte cultural e social certamente além do meu há de ser tolerante com meu esforço de tentar uma síntese do ocorrido não com pretensão de invalidá-la, mas com a ânsia de encontrar ali nossos interesses de classe subalterna e nosso ansiado horizonte político. Aos cosmopolitas nada? Tudo!

Nenhum comentário: