quinta-feira, 24 de julho de 2008

SEMELHANÇA DA SEMENTE

O cotidiano político é a própria política no dia-a-dia porém que nos esconde a totalidade dos acontecimentos. E essa visão do cotidiano não consegue ultrapassar o oportunismo e seu anedotário social nesta sociedade do espetáculo; embora também seja essa vivência, simplificadora e alienante, sob interesse e proveito para algumas pessoas e suas classes sociais. Mesmo não pode ser suficiente uma leitura tática do que acontece, nos passos que se revelam; somente uma visão estratégica da política poderá evidenciar os fatos e seus desdobramentos à luz dialética de um racional discernimento político.
Como o movimento é o modo de existência da matéria, a própria vida orgânica é por ele determinada; e como a vida biológica e as ações sociais nos seus movimentos, também as políticas como as práticas são processos de ações e sentido contraditórios. Sua efetividade se expressa dialeticamente por aspectos positivos e sua negação ‑ sendo necessários ou causais, fundantes para... ou alienantes de..., oportunos, úteis ou anódinos ‑. Importam-nos considerá-los se justos, oportunos e beneficiosos, porém sob as leis do movimento dialético qual será o seu devir a partir de suas premissas. Que ‑ se não podemos antevê-las nos pormenores ‑ saberemos de seu fio condutor no processo da luta de classes pela afirmação primacial de transformações revolucionárias (e não “evolucionárias” no sentido de conservação e consolidação das estruturas de dominação capitalista-imperialista; logo de aumento na opressão e exploração das classes trabalhadoras) e se dirige-se à evolução das classes trabalhadoras, em especial, do seu cerne operário-técnico-científico.
Não aprendemos ainda a distinguir a política Vargas, fundante do liberalismo social e da nacionalidade; da política Juscelino, consolidante da democracia liberal e da abertura de fronteiras à importação imperialista. Como não discernimos a função do BNDES de hoje como instrumento de extravasão econômica brasileira na Bolívia, Equador, Uruguai e Venezuela daquela das relações com Colômbia, Chile, Peru e México (paises assumidamente “alinhados” a Washington). Porque não se trata apenas de apoiar e estimular a expansão capitalista da Camargo Correia, Odebrecht, Vale do Rio Doce e similares (a lógica do capitalismo é a expansão e acumulação, etc...) e sim do contexto econômico polarizado e das relações políticas bilaterais e seu reflexo em nossa própria economia política; pagamos, sim, um preço político-social a essa expansão monopolista.
In dies singulus (um a um, um depois do outro...) o movimento se dá, dialeticamente. E, como ressalta Paul Foulquié na “Dialética”: “Não é a predominância dos motivos econômicos na explicação da história que distingue de uma maneira decisiva o marxismo da ciência burguesa, é o ponto de vista da totalidade. A categoria da totalidade, a predominância universal do todo sobre as partes, constitui a própria essência do método que Marx retomou de Hegel, que ele transformou de maneira a fazer dele o fundamento original de uma ciência inteiramente nova...” E acrescenta Georg Lukacs: A predomimância da categoria da totalidade é o suporte do princípio revolucionário na ciência.” As conclusões serão nossas.

Nenhum comentário: