sábado, 31 de janeiro de 2009

TOMA-LÁ DÁ-CÁ

Até os leigos como eu sabem que a grande crise capitalista-alerta de depressão econômico-social exigia medidas político-econômicas racionais e claras dos governos: 1)sustentar o sistema produtivo, garantindo ativos, provisão de matérias-primas, giro de capital, acesso a mercados com circulação dos bens de produção, 2) manter recursos energéticos, empregos e consumo, e 3) aprofundar reformas econômicas, sociais e políticas democrático-nacionais. Todavia, usando os bens e recursos públicos, com a mediação das instituições financeiras tornadas agentes públicos, as oligarquias e seus governos “livres”, “abertos” e “democráticos” decidiram compensar os prejuízos da especulação financeira e dos riscos de capital “além mercado”, injetando bilhões de dólares na recuperação de fraudes nos negócios.
Sob o descortínio de que “somos uma economia capitalista-cartelizada” e uma “economia-política globalizada” debaixo de um poder de “coalizão democrática”, o governo da entente Lula (lá e nós aqui) pagou as especulações financeiras de todos os delinquentes sociais, “regenerou” as empresas fraudatárias e consolidou a privatização dos “agentes públicos brasileiros”: Tesouro Nacional, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, e vai completando a privatização dos serviços públicos de infra-estrutura e serviços de comunicação, transporte, energia, saúde, previdência e educação. A festa continua no andar de cima.
Diz Ricardo Antunes (sociologia do trabalho na UNICAMP): ”... o empresariado quer é fazer com que as contas nesse momento de crise sejam jogadas em cima das classes trabalhadoras. Quem deve pagar essa conta é o próprio empresariado e o seu sistema financeiro, pois eles são os agentes partícipes e os responsáveis por essa crise. [...] E a suspensão do contrato de trabalho é a iminência do desemprego completo...”. Arremata: ”Segundo a OIT cerca de 1,5 bilhão de trabalhadores perderiam em 2009 salários e viveriam em condições de trabalho mais adversas...”.
Daí, as reformas sociais e políticas ficarão à espera da vez das questões “recicladas.” E para quem esperava medida governamental (talvez de redução de 48 para 42 horas-trabalho semanais com possíveis 10% de redução salarial; e para 36 horas-trabalho, com admissão de reduzir até 20% dos salários), como forma de justificar e garantir o apoio financeiro governamental e os descontos fiscais e tributários, e assim manter os empregos, vemos a canalha exultante com a distribuição de dividendos, bônus e prêmios nesta Banana’s Republic. E mais, quando pensávamos que a aristo-escória social dos funcionários públicos graduados teriam um desconto de 10% nos seus “pró-labores” para algum mútuo social, esses proxenetas do setor público estão a inventariar os recursos para novos botins do que é privado exatamente por ser público.

Nenhum comentário: