quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O BRASIL DANTESCO

De vez em quando se fica inteligente; e então nos sacudimos num Deus acuda! O Brasil era um projeto-elite e naturalmente corrupto na medula patrimonialista. Cresceu e se tornou mais... oligarquicamente corrupto; fascistizou-se com a escória burocrático-militar e se tornou monopolisticamente corrupto; democratizou-se capitalisticamente e se manteve estamentariamente corrupto em todas as suas instituições; neoliberalizou-se e social-democratizou-se grandiosamente podre; petetizou-se e se tornou horizontalmente corrupto com a participação de uma nova classe aderindo luminosamente.
Não preciso dizer como estamos; todos sabem, porém costumam justificar suas preferências. E, ao enfatizarem sua ideologia como falsa representação da sociedade em que vivemos, preciso contradizê-los assumindo-me “reacionário” porque averso às habitudes de sujeição política. Para nossa fortuna, a sociedade do espetáculo vez por outra põe a nu a sociedade anônima que manobra a sociedade política.
Nunca se prestara atenção devida em Eugênio Gudin, Otávio Bulhões, Roberto Campos, Delfim Neto, Mário-Henrique Simonsen, Pérsio Arida, Paulo Malan, até que Antônio Palocci, Guido Mântega ofereceram seus préstimos à reorganização burocrática e moral dos negócios de caixa pública... Onde mais do que na chave do Erário está a idéia de cofre, isto é, de que política econômico-financeira estaremos cá a trataire?
Fortuna deles no poder de classe, fortuna nossa no entendimento dos fatos e das coisas que se passam: Paulo Malluf-Pitta, Teresa Grossi-Salvatore Cacciolla, Fernandão-Malan-Dantas-Barros-Lalau, José Dirceu-Marcos Valério, Renan Calheiros e... por aí vai nas “crises” e “episódios políticos”, porém em cada um deles há uma instituição pública, duas ou mais entrelaçadas. O rebote dos escâncaros se dá no sistema político de governo e nos titulares que os encarnam. Por isso, desde a canalha fascista-militarizada à redemocratização, desde José Sarney, Fernando Collor-Itamar Franco e Fernando-Henrique até os padrões Luiz Inácio‑Palocci‑Mirelles‑Dirceu, as políticas e seus abusos nos vêm assustando; agora em ressalte porque “o PT fora nossa salvaguarda da República”.
Se alguém propõe homenagem a Darly porque se acabou a mitologia Chico Mendes; ao coronel Pantoja porque disciplinou os posseiros; ao fazendeiro Rayfran das Neves Sales porque extinguiu as denúncias exóticas de Doroty Stang; a Fernandinho Beira-Mar porque revelou o escabriado Sérgio Cabral; ao Ministério Público (RS) da Yeda Crucius porque expurgando o MST acaba com a reforma agrária, se estariamos “tão-só” a cuidar-se de pormenores. Afinal Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Tasso Gereissati-Agripino Maia-Azeredo-e Luiz Inácio‑Genro-Jobim estão agora na berlinda. A República não são só “instituições”; são todos esses representativos de ultrafinanças, com as oportunidades do Banco Opportunity e com o Superávit Primário.
O sociólogo Francisco de Oliveira caracterizou magistralmente esse lance na área do jogo: a corrupção brasileira é entrosada, institucional porque estrutural; à direita e à esquerda. Saudações petistas.

Nenhum comentário: