sábado, 9 de agosto de 2008

ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE A CURITIBA POLÍTICA 1956 / 1966

Em vez de 1945, quando aqui não estava, falo de 1956, em que cá vim e fiquei. Porém, ao me referir ao período 1945/1955 estarei usando algumas referências de terceiros (especialmente de jornalistas).
1) Ney Amint(h?)as de Barros Braga talvez já tivesse endossado a democracia-cristã de Alcide de Gásperi e... Aldo Moro (do processo político antifascista pós guerra e de convivência pacífica com o Partido Comunista Italiano) e assim passara (?) na Prefeitura de Curitiba a ser visto por alguns setores sociais como não-conservador e até “progressista” pelo alardeamento de sua vinculação com o cientista católico Telhard de Chardin (?) . E então a disputa desse discípulo do PR (das reacionárias famílias Afonso Camargo‑Munhoz da Rocha) com o nascente trabalhismo marcadamente sindicalista e populista não chegou de modo claro a toda a sociedade curitibana e paranaense. Notadamente porque a doutrina social do Padre Lebret ajustada à herança do planejamento urbano do Plano Hagache colocavam em cena perspectivas inusitadas de urbanismo e desenvolvimento social.
De alguma forma Ney Braga tentou livrar-se do ranço de Bento Munhoz da Rocha Neto e do PR, apresentando-se também como alternativa ao que veio a ser apresentado como corrupção político-administrativa do Lupionismo (Moysés Lupion de Troya, do PSD).
2) Adiante, na disputa eleitoral, esse “centrismo à sinistra” teve peso e seu governo veio a “consagrar-se” como modernizador do capitalismo: com a COPEL (reativação), CODESUL (depois BADEP), o BRDE(S) (em parceria dos três Estados do Sul), BANESTADO (moralização?), aperfeiçoamento da Receita Estadual, asfaltamento das rodovias Curitiba‑Londrina e São Luiz do Purunã ‑ Palmeira‑ Irati (para continuação futura a Guarapuava e Foz do Iguaçu); além de outras obras de comunicação e conexão estadual.
3) A eleição do major Iberê de Matos (ex-dirigente da Companhia Siderúrgica Nacional em Tubarão e da RVPSC em Curitiba) inclinou à esquerda o Partido Trabalhista Brasileiro do Paraná (que estava sendo levado pelo sindicalismo e previdencialismo chefiados pelo líder Abilon de Souza Naves, com o acolitismo de Leo de Almeida Neves (advogado e jornalista, secretário do PTB do Paraná, nomeado para a CREAI‑Sul do Banco do Brasil) e de Carlos Alberto Moro, sofisticado membro do PTB mas de “mãos-limpas” (sem pôr a mão na massa?), todos com acesso ao Ministério do Trabalho. Porém, “o esquema prefeitural de Iberê” estava dedicado mais à satisfação política do seu trabalho; faltando, ademais, ao PTB uma estratégia de poder mais ambiciosa, de que veio a lastimar-se com a morte do então senador petebista.
4) Na sucessão de Iberê de Matos uma parcela intelectual de esquerda (do PSB) rejeitava Carlos Alberto Moro por ser “um PTB emplumado” e via seu inscrito militante Ivo Arzua Pereira como um engenheiro “progressista e socialista”, porém quando Ney Braga se apropriou de sua candidatura ela já era fato inarredável. E ele depois confirmou carreirismo como ministro da ditadura militar e comissionado assessor de empresas públicas.
5) Haroldo Leon Peres, Paulo Poli e Rubens Requião era o “trio de força”, ou simplesmente o núcleo da caniçalha reacionária e golpista de 1964; ao lado de Anibal Cury (então 1° secretário da AL), Antônio Ferreira Rüppel (2° Secretário, depois presidente) e Paulo Camargo (então presidindo a AL). E logo que a estrela de Haroldo Leon Peres começou a lampejar como representante da ditadura no Paraná, Jaime Lerner conseguiu apoio pessoal e da colônia judaica para um cerco ao “negocista do café do IBC” e “moralista político”; e logo pediram apoio diplomático do médico Aron Galperin e de sua mulher, a professora Fanny Brof(s?)man, residentes em Maringá, distrito e sede de Leon Peres.
Entretanto, não bastavam indicações de pretendentes ao Paço Municipal e o comandante da 5ª Região Militar, General Samuel Alves Correia, teria designado o coronel Washington(?).Bermudes (servindo no Colégio Militar de Curitiba depois que os gaúchos o denunciaram como torturador e assassino do sargento Manoel Raimundo Soares (afogado no Rio Jacuí, Porto Alegre, no dia 22 (?) de agosto de 1.966 e seus mandatários ainda continuaram dando-lhe tarefas da 2ª Seção: Investigações e repressão política), para sabatinar Lerner e verificar seu ajustamento ‑ desde os começos no IPPUC a seus demais projetos políticos ‑ aos “ideais da ditadura e do sistema imperialista norte-americano. Lerner chegou, viu, provou e venceu.
NB. Espero que você investigue e complemente as dúvidas.

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