(A dom Félix Maria Samaniego, inspirador de virtudes)
A zurrar coçando-se pela cernelha
uma besta pastava na pradaria,
indiferente a fartura e calmaria,
atenta ao esvoar de uma abelha.
Animais de diferente espécie
cuidam-se a proteger sua comida,
outros, frustros, invejam a messe
que à boca não lhes foi servida.
A besta tinha ainda outros débitos:
à abelha por consumir-se em mel
à cabra distraída no manar o leite.
A todos lhes invejava os créditos,
assim azedando-se no próprio fel
de não acomodar-se em seu aceite.
Não por servir ao seu destino
nem por ruminar a sua grama,
o que essa besta de si reclama
‑ o que lhe escoiceia o desatino ‑
era ver alguém viver a fama.
(Conceito:)
Ninguém se faz de repente néscio,
cada qual foi feito como cresce.
José Luiz Gaspar
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
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