sábado, 6 de setembro de 2008

ELEIÇÕES: CURITIBA 2008

Nada mais emblemático das políticas públicas municipais desses anos de antimoneto (1970/1998) no Paraná, e no Brasil, do que o tumulto urbano de Curitiba ‑ onde como num ônibus-expresso” e em amor de mãe sempre cabe mais um. A canalha militar expulsou os camponeses das áreas rurais e os acantonou nas cidades à espera de futuro “milagre industrial”; a seguir fez uma “reforma agrária” de mentirinha; e desde Ivo Arzua a Omar Sabbag os tecnocratas do urbanismo exercitaram sua “criatividade” oportunista, inventando novos eixos viários com paralelas edificações “sincronizadas”, Curitiba virou uma festa de negócios especulativos e de criatividade autoritária.
(Já, Maurício Fruet tentou, com mandato tampão de dois anos, implantar um troleibus, mas José Richa só raciocinava espremido, e, para materializar algum desses projetos estratégicos, precisava de muita pressão política (enquanto isso, a “esquerda” só queria disoutar cargo em comissão e usufruir o poder!).
Com a era tecnopolítica dos sucessores de Omar Sabbag, tendo como oportunista-coordenador do IPPUC Jaime Lerner, os megaprojetos urbanísticos só nasciam de e para negócios imobiliários. Jaime Canet e seu grupo compraram terrenos no que seria a Cidade Industrial; e o IPPUC de Jaime Lerne projetou a preços escandalosos (com a cumplicidade da ditadura) a localização e os incentivos industriais para a “grande revolução modernizadora” da Capital. Entretanto, entre os grandes negócios lerneristas, o creme de creme, a pedra fillosofal foi o acerto dos transportes coletivos (fora troleibus, xô metrô!) entre a nova estrutura-eixoviária (com toda a especulação imobiliária), as estações-tubo e (aleluia!) a Volvo. Ora viva o “progresso inevitável” e essa esquerda boquiaberta!
Apesar disso, a capital do Paraná virou “pop star” porque as políticas fundiárias nas grandes cidades brasileiras nunca foram sujeitas a grampo no planejamento urbano e a cadeia para as quadrilhas de “urbanistas” como Jaime Lerner & Cia. E, de toda forma, certos negócios na administração pública favorecem grupos de amigos, incentivam o bem-estar de parentes ou encantam pela “invenção e criatividade”. Os estultos e os sabujos festejam o foguetório. E nas campanhas eleitorais o PT dos picaretas também pega dinheiro do pedágio e embarca nas aventuras e negociatas imobiliárias. Ora viva, então!
O simbolismo do que tem sido o “planejamento urbano” de Curitiba pode ser encontrado nos cartórios. Basta relacionar as mudanças de zoneamento, as obras mais destacadas e seu entorno e vizinhança com os “pré-compradores” e “pré-construtores” de edifícios requintados e shoppings; e as residências no Barigüi, na Conectora 5 e toda sua extensão Campo Comprido. Em cada “momento das decisões” do IPPUC o grupo de sócios e malandros se antecipava aos anúncios do “progresso” e reservava áreas, comprava terrenos, registrava plantas; fazia negócios muito maravilhosos. Uma foto da Rua 24 Horas, abandonada aos seus custos fabulosos, pode sintetizar esse impagável projeto Jaime Lerner.

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