sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ORTODOXOS X OPORTUNISTAS

Ter princípios é fundamento do ser social, porque já é princípio esta ortodoxia (não heterodoxia!) da responsabilidade coletiva de classe; dela decorrendo uma práxis (não duas ou três). Não há heterodoxia de princípios revolucionários concretos, como não há de filosofia, posição e atitude políticas revolucionárias de classe. O que pode haver são análises e avaliações variadas a respeito dos fatos sociais, ações e comportamentos, à espera de uma confirmação prática (o critério da verdade política ainda é a prática social).
Pode haver discordâncias e até heterodoxias ‑ entendamos: justificadas, às claras ‑ apontando objetivos, linhas e (táticas) políticas; subordinadas aos interesses de classe e não a conveniências pessoais e de grupos. Dai por que “contradições” de forma e método podem dissentir “em quase tudo”, menos em nítida identificação de classe social e em sua estratégia política (proletária, que não comporta inversões oportunistas). Para quem queira assumir e manter essa posição filosófica e política.
A nomeação de “Partido dos Trabalhadores” é conceitualmente revolucionária, das classes trabalhadoras tendo por eixo o Trabalho em sua oposição ao Capital. É uma certificação política revolucionária, e algumas “digressões petistas” sobre “socialismo”, “revolução” e “eleitorado”, “brasileiros” não passam de fraude político-filosófica. Aqui não se trata de primeira, segunda ou terceira via socialistas, à Blair, Brandt ou Dirceu, ou dos frades cristão-marxistas e dos socialistas de casaca. Porém não se incomodem: não fui eu quem inventou isso, nem os paradoxos filosóficos e políticos.
Agora, se a dita democracia representativa nesta sociedade de classes instiga a desnaturar qualquer representação de classe trabalhadora para transformar-se em um “coletivo extraclasse” de cunho sufragista, esse desafio é para quem pode e sabe assumir. E mesmo fosse um convite a uma “política de frente” (se fosse o caso de aceitá-lo) haveria que resguardar a estratégia do trabalho (ou proletária, se preferir-se) e não entregar-se às mãos de uma pequena burguesia “revolucionária” (que insiste na disfarçada divisão social entre o pensamento e o trabalho produtivo, o conhecimento e a prática social, entre o saber e a ação coletiva, a operação intelectual e a físico-mental). Como se fosse apenas uma questão “pragmática” ou conjuntural, de que o negociante sem norte e o empresário sem energia pudessem dar conta. Ah! os oportunistas...
Entrementes, a adesão política a uma corrente social concreta, seja à direita dirigida por Fernando-Henrique ou Serra e Artur Virgílio, seja “à esquerda” dirigida por Luiz Inácio, José Dirceu ou Mangabeira Unger, é assunto de cada um, cobrando ou não compromissos objetivos com uma “revolução do trabalho” ou alguma “causa progressista”. E até compreender isso viveremos a conveniência e oportunidade do praticismo sem princípios e adesismo a qualquer preço. Com direito a acenos e apupos.

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